Rui Oliveira: “Lagoa oferece tranquilidade e dinamismo económico”

Na sua perspetiva, quais são as principais qualidades do concelho? 
As suas magníficas praias de arriba alta. Já visitei várias partes do mundo e não encontro igual. Aqui são diferentes, bonitas e temos de as preservar. Somos um concelho do ‘mar’ e virado para o ‘mar’. Há segurança e a gastronomia é muito rica, nomeadamente o peixe da nossa costa, e tudo isto faz com que sejamos um dos concelhos mais apetecíveis para viver em Portugal.

Como avalia a evolução de Lagoa nos últimos anos a nível empresarial?
Os lagoenses sempre foram empresários multifacetados ao longo dos anos. Mesmo nos tempos difíceis souberam reinventar-se. Hoje em dia não fugimos à regra. Cada vez mais aparecem empreendedores nos mais diversos ramos (hotelaria, restauração, turismo, vinhos, construção, etc.), portanto continuamos a evoluir e a inovar, melhorando o nosso concelho, apesar de ser muito difícil ser empreendedor em Portugal, não só em Lagoa.

Porque escolheu Lagoa para viver?
Sempre vivi no concelho, tirando o ano que estive em Lisboa, na tropa. 55 anos foram passados neste concelho sem igual. Comecei por Lagoa (cidade), passei por Porches, Carvoeiro, Ferragudo, Estômbar e agora voltei. Reabilitei uma antiga ruína no centro e aqui estou eu de novo.

E foi aqui que montou o seu negócio?
Sempre estive ligado ao mercado financeiro (Banco Crédito Predial Português e Santander Totta, em Lagoa e Carvoeiro). A oportunidade de abrir a Decisões e Soluções apareceu do nada. Era um produto inovador, não existia nada igual, ou seja, poderíamos ganhar dinheiro ajudando as pessoas. Melhoramos substancialmente a vida de milhares de pessoas ao longo destes 16 anos (2009 – 2025) e assim queremos continuar. Somos diferentes e ao longo destes 16 anos sempre estivemos no topo desta empresa, fruto de muito trabalho. Lagoa tem grande potencial no setor imobiliário e oferece uma tranquilidade e dinamismo económico. É uma zona com um potencial de crescimento incrível.

Como empresário, o que sente que ainda falta ao concelho?
Sinceramente, tem melhorado a olhos vistos, não sou daqueles que só critica achando que faria melhor. Hoje em dia a burocracia é imensa, não só neste concelho. Há piores, pois trabalho em todo o Algarve e de facto a nível burocrático existe bem pior. Penso que os ‘políticos’ ficam reféns das propostas que fazem na campanha eleitoral. É sempre um mar de rosas, depois para concluir o prometido é que fica mais difícil! Acredito que todos os partidos queiram melhorar o concelho, as condições das pessoas, mas olhando por exemplo para as listas das últimas autárquicas, e peço desculpa pela minha sinceridade, reconheço capacidade a 15% das pessoas que lá estavam. Os ‘outros’ tentam aproveitar-se da política, querem ir na onda, e que esta sirva de trampolim para o futuro. Acho que faltam incentivos à fixação de empresas, melhor infraestrutura digital e simplificação de processos que em si são muito burocráticos.

Quais são os problemas que mais sente no âmbito da sua atividade empresarial?
Burocracia, a morosidade dos processos, não só a nível concelhio, mas também nacional, a imensidão de papel (por exemplo tenho de ter quatro livros de reclamações, responder a quatro entidades), regras e mais regras em todos os setores por onde desenvolvemos a nossa atividade, penalizações enormes por uma linha estar mal redigida. Somos escrupulosamente verificados. Concordo que deve haver legislação, mas não para dificultar quem opta pelo empreendedorismo. E faltam apoios à atividade. Por exemplo, no covid-19, a minha empresa não teve direito a qualquer apoio, por ter tido lucro. Fomos o único país a penalizar quem continuou a trabalhar, lutar e não atirar a toalha ao chão, mas apoios foram…zero, não foi correto. Se a isto acrescentarmos ainda a falta de mão de obra qualificada (muita gente que não quer trabalhar ou prefere só fazer 5 a 6 meses de Verão na hotelaria e depois ir para o desemprego e receber subsídios) e o aumento dos custos de operação, vemos que temos ainda muito a melhorar.

Qual a principal crítica que aponta à classe política do concelho?
A classe política é um ‘mal’ geral. Tenta agradar a todos e isso nunca se consegue. Por exemplo, se investe nas obras públicas para melhorar as condições de vida da população, vêm outros dizer que os buracos não param. Digo isto a todas as cores políticas, será sempre difícil agradar a todos, mas temos de ter em mente que para melhorar, temos de estar unidos e puxar para o mesmo lado, de outra forma não vamos lá. A nível concelhio, os políticos têm de dar mais a cara, estarem presentes, não só para as coisas boas, mas principalmente para ouvirem as pessoas. Existem muitas opiniões válidas fora da política, mas há falta de vontade em falar com estas pessoas, talvez por terem opiniões diferentes dos rumos que por vezes se tomam. A política é difícil, as pessoas são ‘enxovalhadas’ diariamente. Apesar de já ter estado em dois mandatos na Junta de Freguesia de Lagoa, no tempo do Sr. Hélder Romão, saí a meio do segundo por não concordar com a ‘imposição’ de regras partidárias. Sou independente e nunca fui militante de nenhum partido.

Se fosse questionado, que sugestões apresentaria à classe política a nível económico?
Talvez gerir melhor os nossos recursos (naturais e financeiros). Por vezes, fazem-se investimentos sem lógica, só porque sim. Lembro que as autarquias não vivem do património que têm. Adquirir património e depois não o desenvolver é errado. Em vez de comprar muito e reabilitar pouco, porque não reabilitar assim que forem comprando. De nada servem imóveis devolutos. Para quê ter 50 imóveis e só meia dúzia estarem reabilitados? Por último, criar incentivos fiscais locais e acelerar os processos de licenciamento.

Que vantagens encontra em viver em Lagoa?
A qualidade de vida. É inegável que temos as melhores condições no nosso concelho, aliás isso é reconhecido em todo o país, não me vejo a sair e deixar este pequeno paraíso.

Qual o seu local preferido no concelho? Porquê?
Carvoeiro, toda a sua costa até farol de Alfanzina é simplesmente magnífica.  

Trocaria Lagoa por outro concelho? Porquê?
Não. Lagoa tem tudo o que procuro a nível pessoal e profissional. Acredito no potencial do concelho e quero continuar a contribuir para o seu desenvolvimento.