“Só via água por todo o lado em Albufeira, estragos na via pública, árvores caídas e já na EN 125 filas de trânsito com mais de cinco quilómetros”

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José Fontainhas saiu de casa à tarde para ir às compras a um hipermercado no centro de Albufeira, mas já não conseguiu lá chegar devido às inundações. No regresso à sua habitação, ainda teve de evitar que a garagem ficasse alagada. “Apanhei um susto muito grande provocado pela natureza”, contou à Algarve Vivo. Um turista irlandês estava mais calmo, habituado ao mau tempo no seu país. Dez pessoas foram resgatadas de casas e bares por bombeiros e GNR.

Texto: José Manuel Oliveira

Foto: Alexandra Monteiro

“Nunca vi tanta chuva na minha vida no Algarve, foi um pandemónio e apanhei um susto muito grande provocado pela natureza. Saí de casa por volta das 16.30 horas para ir às compras a um hipermercado no centro de Albufeira, mas já não consegui lá chegar e tive de voltar para trás. Só via muita água por todo o lado, estragos diversos na via pública e árvores caídas. Pouco depois, à saída de Albufeira, já na Estrada Nacional 125 deparei com filas de trânsito com alguns cinco quilómetros de extensão em direção à zona da Guia, cujo acesso estava cortado pela GNR à circulação de viaturas. Foi uma confusão nunca vista”.

Foi desta forma que José Fontainhas, gestor hoteleiro no concelho de Albufeira, descreveu ao site da revista Algarve Vivo os efeitos do mau tempo que se abateu nesta zona do Sul do país “sensivelmente desde as 07h00 até perto das 14h00”.

Ao regressar a casa, na zona de Montechoro, José Fontainhas ainda se confrontou com o problema de “falta de luz durante cinco minutos”. “A água da chuva já estava a entrar na minha garagem, mas ainda consegui evitar uma inundação neste espaço”, contou. Mais calmo estava um seu amigo irlandês, turista em Albufeira, que lhe disse: “Na Irlanda, é normal assistir a chuva intensa e inundações”.

Prejuízos de “milhares de euros” na baixa de Albufeira, estima o empresário Liberto Mealha, culpando as obras do Polis pelo sucedido

Numa altura em que muitos ainda tentam salvar o que é possível e ainda não começaram a ser feitas as contas dos estragos causados pelo temporal, Liberto Mealha, empresário de bares, discotecas e restaurantes, admitiu, em declarações ao site da revista Algarve Vivo, que “os prejuízos nos estabelecimentos situados no centro de Albufeira deverão ascender a milhares de euros”. “Tenho vários estabelecimentos alugados nessa zona da baixa, nomeadamente um restaurante chinês, um bar e uma hamburgueria, e calculo que os inquilinos tenham sofrido prejuízos bastante avultados, mas ainda ninguém me contactou. Por muito que tenham tentado evitar danos nos estabelecimentos, a água subiu com certeza até um metro e meio de altura ou mais”, referiu o empresário Liberto Mealha.

E acrescentou: “já ouvi dizer que a Câmara Municipal de Albufeira vai, na segunda-feira, abrir um inquérito devido aos prejuízos provocados pelo mau tempo. Mas segundo me contaram, as obras do Pólis realizadas há cinco anos é que estarão na origem desta situação. Ao que parece, interromperam o caudal natural da água da ribeira de Paderne e depois acontecem estes problemas quando chove com mais intensidade”.

“Pessoas encurraladas nas suas casas e água até ao teto”, além de vários desalojados

Ainda na baixa de Albufeira, de acordo com informações prestadas a Algarve Vivo por populares, pouco antes das 22h00 deste domingo ainda estavam “pessoas encurraladas nas suas casas, sem que pudessem ser socorridas”. “A água chegou até ao teto em várias casas e estabelecimentos. São cerca de dois metros de altura. Há vidros de janelas partidos devido à pressão da água, há mobiliário e arcas frigoríficas estragados ou até já desaparecidos, há tampas de esgotos e calçadas levantadas, há buracos com mais de um metro e meio de profundidade onde já se veem esgotos, há carros presos em buracos”, relatou à Algarve Vivo uma senhora, no centro da cidade de Albufeira. Ao longo da tarde, bombeiros e militares da Guarda Nacional Republica conseguiram resgatar mais de uma dezena de pessoas do interior de habitações e bares, existindo indicações sobre vários desalojados. O centro de Albufeira está às escuras e na zona do jardim e do antigo coreto foi colocada uma fita pela GNR a interditar a passagem a pessoas. Um agente daquela força de segurança encontra-se no local.

Já em Quarteira, no concelho de Loulé, ao início da noite José Coelho Mendes ainda retirava água da chuva do interior do estabelecimento de ferragens de que é proprietário. “À entrada há um degrau com cerca de quinze centímetros de altura e a água nunca tinha entrado aqui. Agora entrou. E é muita, pois começou a chover com intensidade a partir das 08h00 e prolongou-se durante o dia. Ainda há muita água para tirar desta loja”, disse à Algarve Vivo o empresário, ex-presidente da Junta de Freguesia de Quarteira, que, no entanto, pensa não ter sofrido prejuízos. Noutras zonas do centro da cidade de Quarteira, sobretudo caves de habitações e de estabelecimentos, além de áreas de estacionamentos, foram também atingidas pelas chuvadas. Na zona de Boliqueime, naquele concelho do sotavento algarvio, existem informações de que foi encontrado um carro submerso, sem ocupantes, desconhecendo-se até perto da meia-noite o paradeiro de quem lá se encontrava.

 

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