Sucesso da Superliga Alvorense é merecedor de um novo relvado
Texto: Hélio Nascimento | Foto: Portimão Jornal
Todos os domingos, de março até ao início deste mês, o ‘velhinho’ Campo da Restinga foi palco da grande festa do futebol no seu estado mais puro, com a realização da Superliga Alvorense Fut24. Organizado pelo Grupo Desportivo e Recreativo Alvorense, destinou-se aos mais pequenos, que assim tiveram o primeiro contacto com a competição, mas em moldes muito especiais.
“Foi a primeira edição de um torneio que movimentou cerca de 300 miúdos e durou três meses e tal”, conta Hugo Batista, o coordenador do futebol do Alvorense e grande impulsionador desta iniciativa.
“Resolvemos fazer esta Superliga devido à grande afluência de crianças nascidas entre 2019 e 2015. São mesmo muitos, o que é sinal de um trabalho bem feito pelo clube. A nosso ver justificava-se avançar com a prova, um género de competição que constituiu a primeira experiência para muitos e proporcionou jogar contra outras equipas”, adianta Hugo Batista, 33 anos, que tem estado sempre ligado ao futebol. Curiosamente, começou e acabou a carreira de jogador no Alvorense, e, pelo meio, representou Silves, Esperança de Lagos, Lagoa, Portimonense e Armacenenses, entre outros emblemas algarvios.
Os organizadores convidaram oito equipas e todas aceitaram, é o caso dos ‘Pongas’, Alzejurense, Messinense, Esperança de Lagos, Sporting Núcleo Algarve, EF João Moutinho, Portimonense e, claro, o Alvorense. “Os jogos realizaram-se aos domingos, começando de manhã e prolongando-se tarde fora. Somos um clube modesto, mas fornecíamos sempre um lanche”, destaca o coordenador.
Em ação estiveram os escalões de petizes, traquinas B e A e ainda bâmbis, os mais pequeninos, de quatro e cinco anos, que apenas ‘brincavam’ ao futebol. Todos os clubes apresentaram as suas equipas em cada um dos escalões.
Relvado sintético é o maior desejo
“Foi bastante gratificante ver como os clubes e os miúdos passaram aqui bons momentos. Saíamos todos satisfeitos, apesar da grande lacuna, que diz respeito ao nosso relvado, o que se vislumbrou neste evento e em todos os jogos e treinos de competição da AF Algarve em que entramos”, salienta Hugo Batista, com alguma mágoa.
De facto, o Campo da Restinga está saturado. “Jogam todas as equipas, inclusive os seniores, pelo que o relvado não tem descanso e está como se vê”. A solução passa por “um relvado sintético contíguo, que já está projetado”, e que o clube, obviamente, deseja ver confirmado “o mais cedo possível”. O assunto parece estar à espera de uma resolução, que, enquanto não chega, trava o crescimento de tanta miudagem.
“Bastava-nos um sintético. Já era excelente, para abranger mais equipas e melhorar a qualidade de treino, tanto aos miúdos como para os seniores. O que falta? É a Câmara Municipal dar a mão, porque do nosso bolso não temos capacidade para levar a obra por diante”, confessa Hugo Batista. “Penso que o projeto está na Câmara, e até aprovado, mas ainda não arrancou”, de acordo com o ponto de situação transmitido por Cristina Pestana, presidente do clube.
Para o ano “gostávamos imenso de dar continuidade ao projeto e fazer uma segunda edição”, prossegue Hugo Batista. “Vamos tentar que sim. Somos 11 ou 12 treinadores e colaboradores da formação a ajudar, todos a título gratuito, como é lógico, e o lanche, convém dizer, é uma oferta do Supermercado Marcelino, aqui de Alvor, que nos dá fruta e mais outras coisas”. Mas o maior desejo, a curto prazo, passa por dispor de mais um campo, “para dar qualidade de prática aos miúdos, cujo talento e entusiasmo não pode ser desperdiçado”.
A equipa que acompanhou Hugo Batista em todos estes domingos de pura alegria é vasta e diversificada. Cajó é o braço direito do coordenador e há muitos treinadores envolvidos, como Luís Mamede, Luís Branco, Rafa Mateus, Rui Claro, Ricardo Andrade, Tiago Mamede e David Venâncio, que também tira fotografias. O estagiário Alexandre Costa e Diogo Mamede, jogador dos benjamins, também ajudaram, bem como os colaboradores Caracol e Roberta, a presidente Cristina Pestana e o vice Francisco Santana.
A marcar golos é que a miudagem se entende
A alegria dos miúdos é contagiante e os três que conversaram com o Portimão Jornal deram mostras disso mesmo, a começar pela pequenina Noa Batista, de 4 anos, que começou agora a jogar futebol. “Gosto muito e não preferia fazer outra atividade, até é melhor do que estar na escola”, atira, com um sorriso quase do seu tamanho. “Também marco golos e o meu pai tem jeito para isto”, diz, referindo-se a Hugo Batista, o coordenador do evento. Por sua vez, André Costa, de 5 anos, dá conta da mesma satisfação e do “jeito para marcar golos”, numa “festa sempre bonita em que jogamos e brincamos uns com os outros”. Mais compenetrado, o Gabriel, de 4 anos, garante, com voz de reguila, que está bem “a avançado, porque marco cinco golos por jogo”. A última nota vai para os vencedores dos diferentes escalões: em petizes triunfou o Messinense, seguido pelo Aljezurense e Sporting; nos traquinas B a vitória sorriu ao Sporting, com a EF João Moutinho e o Portimonense nos lugares imediatos; e em traquinas A triunfou o Alvorense B, com Esperança de Lagos e Portimonense também no pódio.