Vamos investir para levar clientes até à porta das lojas fechadas
É Natal, tempo de paz, amor, alegria, harmonia e… das câmaras gastarem rios de dinheiro com a animação e a iluminação típicas da época.
Normalmente, as autarquias justificam este tipo de despesa como sendo uma forma de ajudar o comércio local, pois algumas das pessoas que saem de casa para ir ver os enfeites de Natal acabam por comprar qualquer coisinha nas lojas.
Só que há uma falha qualquer nesta lógica. É que as luzes são ligadas à noite, certo? E a essa hora, como todos sabemos, já mais de 99,9999% dos lojistas foi para casa ver a novela ou desabafar no facebook sobre a desgraça que este país é.
Portanto, as luzes até podem levar milhões de pessoas para as zonas comerciais que mesmo que queiram fazer compras, não conseguem. Quanto muito ainda esbarram nas portas fechadas das lojas e acabam por aleijar-se.
Mais um algarvio a caminho do Governo?
Apesar de ainda estar no início do seu segundo mandato como presidente da Câmara de Lagoa, Francisco Martins parece já andar a pensar no seu futuro político.
Num evento realizado recentemente pôs-se a falar da ligação existente entre a população local e a Adega Cooperativa de Lagoa, entretanto rebaptizada de Única.
No meio do discurso lembrou-se que, em pequeno, ele próprio, embora achasse tal trabalho demasiado duro, ainda participou numa vindima, ao longo de uma manhã.
Fez uma pausa e confidenciou que não seria má ideia colocar aquela atividade no seu currículo. É que, tendo em conta o tipo de experiência que se pede aos governantes, essa fugaz passagem pela vindima até é capaz de o qualificar como potencial secretário de Estado da Agricultura.
Tomou-lhe o gosto…
Há uns meses atrás, João Fernandes era um ilustre desconhecido. Quanto muito havia para aí meia dúzia de pessoas que sabiam da existência de um muito discreto vice-presidente da Região de Turismo do Algarve com esse nome. De repente, saiu da sombra e roubou o lugar ao até então seu chefe, Desidério Silva.
Pelos vistos, parece ter tomado o gosto a ser tratado por presidente e agora avançou com uma outra candidatura, esta para presidente da Associação de Turismo do Algarve, a entidade que gere os milhões da promoção externa da região.
João Fernandes conseguiu mesmo o feito de, nesta candidatura, tê-lo a apoiar gente que esteve contra si nas eleições para a RTA.
A avaliar pela habilidade, apetite pelo poder e ‘killer instinct’ que vem revelando, não deverá ficar por aqui e é provável que já esteja a pensar a que cargo vai candidatar-se daqui a umas semanas. Ponham-se a pau com ele, que é homem para ir longe na política.
Taxa turística sim, taxa turística não
A AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve pôs-se a fazer contas e descobriu que os municípios podiam sacar 25 milhões de euros aos visitantes se aplicassem a taxa turística. E vai daí aprovou um documento que fixa as condições e valores a aplicar. A ideia seria criar regras uniformes para todos para que não se corra o risco de num concelho um turista pagar de taxa 1,5 e no outro ao lado 4 ou 5 euros.
Acontece que é bem provável que esta decisão da AMAL acabe por revelar-se um tiro no pé. É que a unidade em torno da medida ficou, de imediato, ferida de morte quando a presidente da Câmara de Silves disse que não a aplicaria.
Entretanto, parece que também em Albufeira e Lagoa os autarcas estão a pensar não aplicar a medida e, se o setor turístico sofrer um rombo por causa do Brexit, é bem provável que outros municípios façam marcha-atrás. E lá se vai a unidade pretendida.
O sucessor
Diz-se que o atual vice-presidente da Câmara de Lagos tem vindo a posicionar-se para ocupar a principal cadeira do poder no concelho quando a sua chefe, Joaquina Matos, se for embora.
Mas no PS há quem torça o nariz a esta pretensão, dizendo que Hugo Pereira tem um perfil demasiado técnico para dar um bom candidato. Receiam que não revele as principais capacidades que um político deve ter em época eleitoral. Ou seja, dar beijinhos e abraços a quem encontrar pelo caminho, ser simpático e falar a língua do zé povinho.
Provavelmente por isso lhe ter chegado aos ouvidos, Hugo Pereira mostrou-se particularmente simpático e com um inesperado sentido de humor numa recente sessão pública.
A certa altura, e lendo corretamente o que ia na alma de quem assistia ao evento, deu apenas 20 minutos a uma técnica para apresentar um documento de centenas de páginas. A brincar disse que se ela não cumprisse dava ‘autorização’ para que a assistência se levantasse e fosse embora.
É claro que a técnica consumiu o dobro do tempo e que a esmagadora maioria do pessoal manteve-se na sala, provavelmente a pensar que se calhar o homem não é tão sisudo e tecnocrata como o pintam…
Os campeões do despesismo
António Costa, usando o fato de secretário- geral do PS – ou de 1º ministro, não deu bem para perceber – foi a Portimão participar nas Jornadas Parlamentares do seu partido.
Naturalmente que aproveitou a oportunidade para elogiar a sua obra e para malhar na oposição de direita. Em especial no CDS, partido ao qual atribuiu a medalha de “campeão do despesismo” por, na discussão do orçamento, ter feito propostas que se fossem aplicadas fariam com que o défice aumentasse.
Mal ouviram a crítica de Costa, dirigentes locais do CDS foram para as redes sociais dar-lhe troco, dizendo que realmente tinha escolhido a dedo Portimão como palco para falar de despesismo. “Então ele já se esqueceu que foi o PS que há uns anos quase levou aquela Câmara à falência e nós é que somos os despesistas?”, perguntavam.