Opinião: A primeira competência para a vida
Joana Martins Jacó | Organizadora Profissional Certificada
CEO da Mondom (serviços e consultoria em organização)
www.mondom.pt
Há temáticas discutidas recorrentemente pela opinião pública e uma delas é, sem dúvida, a falta de interesse dos jovens em assumir compromissos e responsabilidades.
Magda Gomes Dias, no perfil ‘@theboss_mumstheboss’ na rede social Instagram, colocava há dias a questão aos seus seguidores: “Porque estarão os jovens a evitar lidar com as emoções e consequentemente com as responsabilidades no seu início de vida adulta?”
Acompanhei a sua publicação e posso agora concluir aquilo que, como formadora, constatei nos últimos anos. Estamos a criar jovens adultos que supervalorizam as emoções. Evoluímos como sociedade e aprendemos, ao longo da última década, a ouvi-las. Mas será que devemos dar-lhes ouvidos a toda a hora? Será que as emoções têm o espaço necessário nas nossas vidas ou passámos do oito para o oitenta?
As emoções povoam o nosso bem-estar interior e, se deixarmos, paralisam o nosso comportamento físico e social. Estamos a lidar com jovens adultos que preferem ficar parados, a viver os seus sofrimentos e angústias próprios da idade em vez de avançarem no quotidiano desafiante e competitivo, em vez de viverem. Colocam a vida em pausa.
A geração que abraça agora o mercado de trabalho necessita mais do que nunca de conforto emocional para (ousar) prosseguir. Precisa de sentir realização pessoal. Anseia por reconhecimento pelos pares. Reclama por aceitação social. Estão corretos, em parte, mas falta-lhes o resto. Viver. Fazer ‘play’ no seu quotidiano. E, se lhes dissermos com todas letras que precisam de planear, arriscar, errar e voltar a tentar, lembrando que compromisso e consistência valem tanto quanto planeamento e intenção, desaparecem, não atendem, não respondem, anulam-se perante os desafios. Acabam por mandar uma mensagem escrita a dizer: “Desculpe, mas não estava bem. Não consegui.” Quando questiono: “Então e os teus sonhos, as tuas ambições?” respondem – “Professora, falei com os meus pais e decidi parar durante um tempo, não estou bem”. Estaremos a aceitar a desculpabilização de jovens emocionalmente desqualificados? Aqueles que pedem constantemente o regresso à sua ‘casa de partida’? Daremos as competências necessárias para que saibam tomar conta das suas vidas?”
Observadora de rotinas familiares, insisto na importância de ensinar aos mais novos o primeiro hábito que os preparará para a vida adulta, fazer a sua cama.
No livro ‘Faz a tua Cama’, da editora Nascente, William H. McRaven, almirante das Operações Especiais da Marinha norte-americana, relata aos finalistas da Universidade do Texas como este hábito nos dá uma sensação de dever cumprido. Sairmos de casa com a cama feita, coloca-nos um passo à frente nas nossas ambições e compromissos diários, já saímos com uma tarefa concluída. A vida é feita de pequenas tarefas e cada pequeno hábito fará a diferença. O percurso profissional deles começa agora e o que será melhor do que capacitá-los de responsabilidade e foco para que atinjam a maturidade nas suas vidas?