Captação junto das escolas é a grande aposta do andebol do Portimonense

Texto: Hélio Nascimento | Foto: Eduardo Jacinto, in Portimão Jornal nº 46


O Portimonense reativou a prática do andebol em 2018, dando sequência ao projeto da altura, que decorria no Pavilhão da Escola Júdice Fialho, numa iniciativa da Associação de Andebol do Algarve.

Quando surgiu a hipótese de formar equipas para representar um clube, os alvinegros ‘chegaram-se à frente’, como conta Luís Carrilho, o coordenador da modalidade, que recebe o Portimão Jornal na companhia de Luís Paiva, diretor e elo de ligação com a direção, e Ricardo Campos, o treinador.

O projeto arrancou com a criação da equipa de infantis masculinos e, a partir daí, “surgiram mais atletas, que proporcionaram o aparecimento de novos escalões”. Ao todo, são quatro equipas a competir nas provas regionais, sob a égide da Associação: sub-18, sub-16, sub-14 e sub-17 femininos, com a curiosidade de nos mais pequenos os coletivos serem mistos. Além de Ricardo Campos, os outros treinadores são Nelson Martiniano, com as raparigas, e Rui Marques, com os sub-14.

Convém dizer que o Portimonense já teve andebol, “há 30 anos se calhar”, como recorda Luís Paiva, mas agora tudo se conjuga para que a modalidade venha a ter maior aceitação e condições para singrar, com a grande aposta a residir, para já, na captação junto das escolas do concelho. De resto, frisa Luís Carrilho, “a pandemia atrasou consideravelmente os nossos planos e alguns atletas até deixaram de aparecer, mas agora sentimos que a juventude está a aderir mais e vamos intensificar os convites às escolas”.
Atividade intensificada na Páscoa

Prosseguindo o raciocínio conjunto, Ricardo Campos adianta que “a covid chegou quando estávamos a estabilizar, mas agora demos mais um passo em frente”. O treinador garante que, de momento, “os resultados não são o mais importante”, preferindo enfatizar a formação de “atletas que aprendam a jogar andebol”, algo que os mais velhos “já começam a entender”. Na próxima época, aponta, “vamos começar a cobrar”, para aumentar as vitórias que, entretanto, vão surgindo.

A secção conta com cerca de 70 atletas, divididos pelas tais quatro equipas, sendo que a feminina foi “construída aos poucos”, fruto do surgimento de algumas “curiosas” e da ideia que ganhou força no ano passado. Além do grupo das sub-17, há, igualmente, miúdas infantis que competem ao lado dos rapazes nos sub-14. “Damos sempre primazia aos mais novos e muitos deles começaram a jogar esta época”, qual vitamina necessária para catapultar os alvinegros para outros patamares.

Fotos: D.R.

A captação nas escolas, aliás, vai recomeçar e ser intensificada. Vêm aí as ‘festas do andebol’, com a presença dos pais, na altura da Páscoa, aos sábados, das 10 às 12 horas. “Vão decorrer aqui, no Pavilhão da Boavista (onde decorre a reportagem), e esperamos forte adesão”. A informação às escolas do concelho começa a ser difundida, de modo que se esperam umas manhãs de sábado bem animadas e concorridas.

“No final da época queremos fazer também um torneio interescolas. A nossa base tem de ser esta. É nas escolas que podemos ir captar atletas e até futuros valores”. Para o treinador Ricardo, a juventude está “bastante identificada com o futebol e o futsal, mas gosta de andebol, inclusive porque é fácil jogar com as mãos e marca-se muitos golos”.  

“Crescer para depois exigir”
Em termos de andebol, interessa destacar que, Portimão está situado entre dois ‘nichos’ onde a modalidade marca muitos pontos, casos de Lagos, com o Gil Eanes, e de Lagoa, com o LAC.

No entender dos responsáveis portimonenses, “não tem a ver diretamente com esses dois clubes nossos vizinhos”, mas com o facto de o clube estar “mais ligado ao futebol, basquetebol e agora ao futsal”.

Na circunstância, “são três modalidades fortes e estruturadas”, mas há sempre uma curiosidade: dois atletas que jogavam basquetebol optaram agora pelo andebol. “Aos poucos, vamos tendo cada vez mais”, promete Luís Carrilho.

“Temos de crescer, para depois exigir, entre aspas, mais espaço

à Câmara e ao clube. A verdade é que a cidade tem muitos

clubes e muitas modalidades, já faltam pavilhões”

Os treinos decorrem no Pavilhão da Boavista, no Pavilhão da Escola Básica Júdice Fialho e os mais novos também se deslocam ao recinto da Escola Básica D. Martinho Castelo Branco.

“Andamos com o saco às costas e este é outro processo em que temos de crescer, para depois exigir, entre aspas, mais espaço à Câmara e ao clube. A verdade é que a cidade tem muitos clubes e muitas modalidades, já faltam pavilhões”, constata o treinador Ricardo.

Na secção desde a primeira hora, o coordenador Carrilho jogou andebol no Lagoa Académico Clube (LAC) e depois começou a acompanhar o filho, nos já citados treinos promovidos pela Associação do Algarve, “fazendo a ponte com os pais dos atletas”, papel que continua a desempenhar no Portimonense. Para lá desta ‘ocupação’, é o responsável pela manutenção dos campos de golfe dos Salgados.

Por sua vez, Ricardo Campos, que também ajudou a (re)criar a modalidade no clube e acompanhou Carrilho neste projeto, é natural de Braga, onde foi jogador, antes de se mudar para Portimão, em 2007, como professor de Educação Física.

“Debatemos tudo em conjunto”, sustenta, aludindo à relação de proximidade com os outros dois treinadores, antes de deixar no ar a ideia de que “para o ano queremos ter mais equipas”.

Competir a nível sénior está nos planos
O mais antigo no clube é Luís Paiva, que começou como diretor do campo de futebol, em 2006, antes da criação da SAD. “Depois estive na área financeira e agora surjo no andebol, com o firme propósito de fazer todo o possível para que a modalidade siga em frente”. Neste contexto, confirma a necessidade de “mais espaços físicos” e acredita que o futuro é risonho e “havemos de lá chegar”.

O principal objetivo do andebol portimonense, já se sabe, “é começar de baixo, pelas camadas jovens, captando cada vez mais miúdos para progredir”. Mas, a médio prazo, está nos planos “competir a nível de seniores”, não obstante ser preciso “tempo e espaço”. E há uma certeza: o Portimonense está “disponível para apoiar, como faz com as outras modalidades, e a Câmara também não virará as costas”.

Enquanto os rapazes prosseguem o treino e a equipa feminina se prepara para entrar em cena, os nossos anfitriões dão mostras de otimismo, mas com os pés bem assentes no chão.

“Queremos voar mais alto e vamos lá chegar. Não podemos fazer grandes promessas, é trabalhar época a época, com a certeza de que os miúdos que vêm experimentar o andebol acabam por ficar. É nessa perspetiva que lutamos”.

Veteranos também vão a jogo 

A prova evidente de que o andebol do Portimonense quer dar nas vistas e mostrar-se aos adeptos passa também pela recente criação de uma equipa de veteranos. Luís Carrilho atira uma gargalhada, quando nos dá conta da iniciativa e revela que até ele vai dar uma ‘mãozinha’. Os treinos já começaram e estão a decorrer no Pavilhão da Mexilhoeira. “Tudo começou tipo brincadeira. Fomos convidados pelo Hand M50 de Lisboa (uma equipa só de veteranos) para entrar num torneio internacional e metemos mãos à obra. Somos todos antigos jogadores, alguns de Portimão e outros de Lagos e de Lagoa, e vamos ver o que isto dá”, revela o coordenador, acrescentando que, “se a coisa pegar, podemos vir a participar no Nacional”. O torneio decorre no dia 23 de abril, no Pavilhão da Boavista, numa organização conjunta dos alvinegros e do M50.

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