Opinião | Ao sul … O Jogo

Carlos Gordinho | Professor


O jogo é um processo que nos envolve e que nos faz crescer numa etapa fundamental da nossa vida e que ganha uma dimensão enorme na infância, mas não só. O jogo acompanha-nos ao longo do percurso evolutivo de cada um de nós.

É na infância que o jogo ganha maior importância e atenção por parte de todos nós, mas este fenómeno arrasta-se e utilizamo-lo durante muitos mais anos da nossa existência.

Do jogo infantil, ao jogo das relações, passando pelo jogo do amor, entrar no jogo do negócio, sair do vício do jogo, ir a jogo com diferentes forças e condições, participar no jogo desportivo, a vida é toda ela um jogo.

Tive o prazer de conseguir estar em três dimensões do jogo, a experimentação, o estudo e o ensino.
Lembro-me de ter vivido muito o jogo na minha infância, transportando comigo muitas memórias. Desde as diversificadas dimensões da fantasia, ludicidade, prazer, a oposição e as conquistas, até mais tarde, por opção, ter tido a oportunidade de estar no jogo na sua dimensão de estudo: o que é o jogo, porque se joga, o que podemos extrair do mesmo e o que nos pode dar de positivo ou menos positivo. Consequentemente entrei na terceira dimensão do instrumento jogo, que é a aplicação, desenvolvimento e utilização do mesmo, enquanto fator de desenvolvimento do ser humano e da sociedade. O ensino do Jogo.

Nas memórias, na experimentação, nos registos, considero estarmos perante um ‘instrumento’ de grande potencial para que se consiga melhorar a sociedade, através dos transferes que nos permite fazer, sejam eles na ordem das atitudes, valores, princípios ou outros.

O que é o jogo?
Porque se joga?
Quando se joga?

O jogo é uma atividade que não existe apenas no reino dos humanos. A natureza e o mundo dos animais também contemplam este fenómeno e isto leva-nos a crer que, uma vez mais, o jogo não foi uma invenção nossa (humana), mas acima de tudo uma necessidade natural ao processo evolutivo.

O jogo é um momento, uma atividade que pressupõe a presença do ‘jogador’ e é balizado por definição de regras, limites criados por cada um ou por um grupo aquando partilhado por dois ou mais jogadores.

‘JOCUS’, termo originário do latim, cujo significado é brincadeira, divertimento. Porque o alteramos depois noutro sentido, será por necessidade, será por imposição ou será por sobrevivência e luta social?

Hoje deturpa-se muito o jogo, não somos fiéis aos seus princípios, fugimos às regras, provavelmente não estamos preparados para jogar. Sou defensor do jogo para a aprendizagem, para o ensino e para a aquisição de algo, por se tornar mais motivante, apelativo e naturalmente mais marcante. Contudo, também no jogo corremos o risco de perder e se estivermos preparados para jogar, certamente saberemos perder.

A perder também se aprende bastante.

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