Já foi divulgado o programa completo do Festival MED
O programa completo da 19.ª edição do Festival MED, que acontece de 29 de junho a 2 de julho, foi apresentado na sexta-feira, 2 de junho, no Cineteatro Louletano.
“Consolidação” é a palavra que vai marcar o evento em 2023, tanto a nível de espaços como das valências ou da qualidade artística. Serão alterações pontuais, como o regresso do Calcinha e da Igreja Matriz como palcos, ou a relocalização do Cinema MED para uma nova sala, mas, no geral, a autarquia quer apresentar um evento “maduro”, lançando o que será a grande celebração: a passagem dos 20 anos, que se assinala em 2024.
“Temos um MED que está sólido e pujante, não só na música que é sempre aquele vetor que é muito comunicado, mediatizado, tanto os nomes portugueses como estrangeiros, mas em cada uma das valências, com uma programação bastante heterogénea e com curadoria de muitas pessoas que dão uma qualidade acrescida à programação”, disse aos jornalistas Carlos Carmo, vereador do município e diretor do evento.
A abrir a noite, o presidente da autarquia, Vítor Aleixo, falou do prestígio que, em quase duas décadas, o evento alcançou. “É também graças ao MED que Loulé é conhecido no país”, disse.
“A cidade está feliz por organizar mais esta edição do Festival. Vamos ter a possibilidade de ouvir artistas que vêm de muitos lugares do mundo, com a sua música, a sua cultura, a sua diversidade, tudo aquilo que torna a vida bonita… Esse é o ambiente que se pretende todos os anos criar naquele casco histórico da cidade de Loulé e até aqui temos conseguido”, realçou. Em relação aos 20 anos do MED, uma “data redonda”, assegurou: “iremos pôr todo o nosso empenho para nos reinventarmos, para fazermos ainda melhor do que é hábito fazer”.
Pela voz do diretor, Carlos Carmo, foi desvendado o que irá acontecer nos 12 palcos que compõem o MED, “nem todos eles estruturas físicas, mas zonas de atuação”. Serão 5 palcos principais e 7 secundários, estes últimos com uma dimensão mais reduzida “mas com a qualidade igualmente elevada”.
Se a música é a principal área e a que tem mais destaque, o Festival MED é acima de tudo “uma experiência multicultural com muita diversidade na sua oferta” onde cabem também cinema, literatura, artes de rua, gastronomia ou artesanato.
Como já tinha sido anunciado há uma semana, o emblemático Café Calcinha volta a fazer parte do MED, após a sua reabertura. Afonso Dias terá a responsabilidade ao longo de três dias, em dois momentos diários de cerca de 40 minutos, apresentar uma musicalidade diferente, de Zeca Afonso a Jacques Brel, de Carlos do Carmo à canção de protesto, por exemplo.
São muitas as parcerias neste Festival MED e na valência da literatura há uma importante com a Casa da Cultura de Loulé. É na sua sede, o edifício do Atlético localizado na Rua das Lojas, que João Pedro Caliço “Tápê convida amigos portugueses e de outras nacionalidades para partilharem livros e poemas nas suas línguas maternas.
O MED Jazz, reeditado no Claustro do Convento do Espírito Santo, é mais uma parceria, neste caso com a Mákina de Cena, e que nesta edição apresenta três concertos: Miguel Martins “Kaleidoscópio”, Fushi e Leon Baldesberger’s Meersalz.
Na Casa do Meio, a 1 de julho, pelas 18h00, vai estar em debate “A importância dos festivais de música para a promoção cultural”, uma conferência que contará com artistas, responsáveis a nível nacional na área da cultura e programadores, com o envolvimento da APORFEST – Associação Portuguesa de Festivais.
Os incubados do Loulé Design Lab voltam a ter uma participação ativa na decoração dos espaços do recinto, através da “reutilização e valorização de resíduos que são recursos, para dar beleza ao espaço”. Aconteceu assim o ano passado no Palco Hammam e no Cinema MED, e este ano serão outras as áreas que serão brindadas com a criatividade destes designers.
Rui Tendinha, crítico de cinema bem conhecido, volta a ser o curador do Cinema MED. “Desde que ele assumiu a programação, esta valência tem tido uma pujança e uma dinâmica muito diferente. Temos vindo a trazer muitos nomes do cinema mas também da música, há aqui um casamento quase perfeito”.
Este ano, a novidade é o novo espaço, localizado junto à Galeria de Arte, com a recriação de uma verdadeira sala de cinema onde serão projetados os filmes e onde acontecem os concertos. Mas o destaque vai para a apresentação da película de Roger Mor e João Pedro Moreira, ‘A Viagem do Rei’, com Rui Reininho, no dia 2 de julho, pelas 17h00, no Cineteatro Louletano, seguindo-se um showcase com o músico.
O MED Classic volta este ano à sua casa. As obras de recuperação da Igreja Matriz de Loulé levaram à passagem dos concertos para a Igreja de S. Francisco. Este 2023 a Matriz voltará a ecoar a música clássica para gáudio dos muitos visitantes que fazem questão de assistir a estes espetáculos e apreciar ea beleza deste património que é Monumento Nacional. A programação está a cargo de Sérgio Leite, diretor do Conservatório de Música de Loulé, e dela fazem parte três agrupamentos: Duo Guirimbadu, Caminus Duo e Quintetango.
Em relação ao artesanato, mais de 100 bancas estarão espalhadas pelo recinto, numa aposta em “diversificar e atingir cada vez mais países e culturas que estejam presentes”. O mesmo acontece com a gastronomia e Carlos Carmo deixou antever que, em 2024, existirão novidades nesta matéria.
As artes plásticas voltam a estar em destaque com a Galeria de Arte do Convento do Espírito Santo a apresentar a exposição ‘Corpos Celestes’, de Adriana João, Bruno Silva, Joana da Conceição e José Jesus, com curadoria de David Revés.
Nas artes de rua, as parcerias reforçam-se com a Satori, os Al-Fanfarre e também com a Câmara Municipal de Almodôvar para apresentar o Cante Alentejano, Património Cultural Imaterial da Humanidade.
Mas o folclore internacional estará em força no MED, no âmbito de “um trabalho muito próximo que tem vindo a ser feito com a Casa da América Latina”, e nesta edição irão atuar pelas ruas e ruelas do Centro Histórico, grupos vindos do México, Colômbia e Paraguai. Para a 20ª edição há a promessa de “inputs nesta matéria”.
Os serviços educativos da Biblioteca Municipal voltam a ter a seu cargo a dinamização do MED Kids, espaço dedicado aos mais novos que recebe diariamente crianças dos 6 aos 12 anos, para atividades ligadas a este espírito das culturas do mundo.
No Open Day, domingo, 2 de julho, a organização quer “permitir a todas as pessoas que não puderam estar presentes nos 3 dias, perceberem um pouco o que é a dinâmica e o ambiente do MED”. Sem os grandes concertos, está prevista alguma programação, como a atuação do Coro Conservatório, na Igreja Matriz, o Cinema MED no Cineteatro e alguns show-cookings de dieta mediterrânica.
Também neste dia de entrada livre, será apresentada a programação do Loulé Jazz, o festival organizado pela Casa da Cultura há largos anos, “aproveitando toda a estrutura que ainda está montada”.
O Cineteatro Louletano volta a receber o concerto de abertura do Festival MED, na véspera do recinto abrir as portas, a 28 de junho, pelas 21h00, com a estreia em Portugal da artista do Haiti/Estados Unidos, Melanie Charles. Os portadores do Bilhete Festival têm entrada gratuita.
No Palco das Bicas Velhas, a curadoria é da Bóia – Associação Cultural, com um programa interdisciplinar “fora da caixa”. Aqui irão atuar Rastafogo (29 de junho), Meta- (30 de junho) e um live act com os brasileiros Venga Venga (1 de julho), banda que vai estar também num dos palcos principais para um DJ set.
Figura sempre presente neste festival, o ‘Vagabundo’ Nanook toma conta do Palco Arco nos três dias, enquanto que os Amar Guitarra, outra presença quase desde a génese do Festival, regressam para animar o Palco Mercado.
Os bilhetes encontram-se em pré-venda, com preços reduzidos, até ao dia 25 de junho. Todas as informações podem ser consultadas no novo website do Festival MED, aqui.
Sons de África juntam Eneida Marta e Huca em palco
É a primeira confirmação para a celebração dos 20 anos do Festival MED, em 2024, e como tal teve a honra de dar um concerto no dia 2 de junho. Da Guiné-Bissau para o mundo e para Loulé, Eneida Marta contou com uma plateia muito especial: 50 guineenses que fazem parte da comunidade do concelho e que foram convidados a juntar-se a este momento.
“A Guiné-Bissau é um país que tem uma relação muito especial com Loulé, fruto da geminação com a cidade de Bissorã, mas também pela numerosa comunidade imigrante que, com o seu trabalho, contribui para enriquecer o concelho. Queremos cultivar estes laços com o país”, considerou Vitor Aleixo.
Um concerto dirigido sobretudo aos seus conterrâneos mas também aos amantes da música africana. Músicas intercaladas por palavras sobre o contexto socioeconómico do país e as eleições do próximo domingo. “Prometem e não cumprem. No meu país ainda estamos a viver desse mal”, disse a artistas que, tal como muitos dos jovens guineenses, “ainda mantém a esperança de ver uma Guiné-Bissau próspera”.
As estórias de pessoas e de uma nação onde, pelas ruas, a pobreza ainda prevalece, retratadas pela voz de uma das artistas africanas mais genuínas e vibrantes do panorama das músicas do mundo.
A multipremiada Eneida Marta, a qual é também uma mulher de causas, embaixadora da UNICEF para a Guiné-Bissau, contou neste concerto com a participação especial do cantor de Moçambique, Huca.