A paixão dos dérbis está de volta ao Algarve

Texto: Hélio Nascimento

Deve apontar já no seu calendário: dia 3 de janeiro há dérbi algarvio! A jornada 12 da I Liga coloca frente a frente Portimonense e Farense, 32 anos depois de as duas equipas se terem defrontado na então denominada I Divisão. O que à partida parece de reduzida importância, ganha aspeto de maior relevo se acrescentarmos que em mais de 80 anos – 88 para ser mais preciso – de futebol português apenas por 11 vezes dois clubes do Algarve mediram forças no principal escalão. E neste século, note-se, é a segunda ocasião em que coabitam, depois de Olhanense e Portimonense o terem feito em 2010/11. 

A história destes dérbis remonta ao longínquo ano de 1947, então com o Lusitano de Vila Real de Santo António, hoje no Distrital, a fazer papel de intruso, numa altura em que o Olhanense era o “rei dos Algarves” (ver quadros). Memórias à parte, o currículo dos principais emblemas da região regista aparições esporádicas e outras que, embora mais prolongadas, acabaram por se esbater no tempo. Daí que a presença de Farense e Portimonense no campeonato que há pouco começou tenha um sabor deveras especial. Mais do que a rivalidade, que é sadia, saúde-se o assinalar das duas cidades no grande mapa do futebol nacional. 

O Portimonense vai na quarta época consecutiva entre os grandes, muito embora tenha beneficiado, esta temporada, da desclassificação do Vitória de Setúbal. Numa era em que o desporto-rei não se limita a ser jogado dentro das quatro linhas e nem se compadece, tão-pouco, com irregularidades e incumprimentos, importa relevar o trabalho da SAD, visível nas diversas infraestruturas recentemente criadas e de que é bom exemplo o facto de o relvado do Portimão Estádio ter sido considerado, pelo terceiro ano consecutivo, o melhor da I Liga. 

A ideia de Theodoro Fonseca e Rodiney Sampaio, dono e presidente da SAD, respetivamente, assenta em consolidar o clube, para que, daqui a mais umas três épocas, o objetivo possa ser maior, quiçá piscando o olho a uma presença nas competições europeias. Com um orçamento a rondar os três milhões e meio de euros, os alvinegros apontam, para já, em rubricar uma campanha tranquila e longe, muito longe dos sobressaltos da época transata. A continuidade do treinador Paulo Sérgio e da maioria dos jogadores do plantel jogam a favor da tal estabilidade, a que se juntam alguns nomes interessantes em termos de reforços – o mercado continua ainda aberto –, casos de Fabrício, Maurício e Welinton Júnior. 

Para o Farense, como dizem os indefetíveis adeptos que fazem do São Luís um inferno para os adversários, “o gigante está de volta”. Foram, de facto, anos de muita aflição, ora a subir e a dar mostras de euforia, ora a descer e a lutar para não ser queimado pelas labaredas.

O reinado de João Rodrigues, presidente da SAD e principal responsável pelo sucesso recente, tem primado pelo rigor e pela ambição. A subida à I Liga foi o corolário desse trajeto, assente, também, na vocação de Sérgio Vieira, o treinador dos passos seguros que ajudou a dar asas ao sonho. 

Duas mãos cheias de novas contratações explicam que os leões de Faro estão para durar, dispondo de um orçamento perto dos três milhões de euros. Só o desenrolar do campeonato, naturalmente, poderá confirmar a vontade, mas o esforço é transversal ao profissionalismo e às condições que vão melhorando, inclusive com o início da construção de uma academia, na zona de São Brás de Alportel, que vai albergar vários campos e que a equipa vai estrear dentro em breve. 

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