Adriano Guerra: “Esta câmara CDS-PP e PSD conseguiu colocar Faro no mapa”
Em entrevista ao ‘site’ da revista Algarve Vivo, o novo presidente da Comissão Política de Faro do CDS-PP para o biénio 2016/2018, Adriano Guerra, de 43 anos e licenciado em Gestão de Empresas, numa crítica aos seus antecessores considera que “em anteriores mandatos não fomos suficientemente eficazes na ligação com os militantes”, enaltece a gestão camarária na capital algarvia liderada pelo social-democrata Rogério Bacalhau e onde o seu partido tem assento em coligação com o PSD.
José Manuel Oliveira
A candidatura de duas listas indica a existência de duas correntes no partido?
A existência de mais do que uma lista é um sinal de vitalidade democrática e de interesse dos militantes na vida politica e partidária. É a falta desta participação que alimenta fenómenos como a abstenção e o consequente afastamento entre eleitores e eleitos. Faro e a concelhia do CDS não fogem à regra. Não reconheço “duas correntes”, quando muito há diferentes personalidades e distintas interpretações do papel que uma concelhia deve desempenhar na comunidade. Somos todos CDS-PP. A existência de duas listas clarifica os projetos políticos apesar de a tradição reportar a um passado em que se negociava uma lista única que abarcava diferentes modos de intervenção. Só me resta responder a esta forte votação, mais de 70 %, com empenho e trabalho para implementar o projeto a que a minha equipa se propôs. O resultado espelha inequivocamente que a equipa que lidero tem o apoio da grande maioria dos militantes. Cabe-me então ficar honrado com a confiança depositada por estes e dar o meu melhor no cumprimento do mandato que nos foi confiado nesta votação, em que realço a forte participação.
Que avaliação faz ao mandato do presidente Nuno Marques, que agora cessa funções?
Como disse, somos todos CDS-PP, mas a política é assim, apresentámos as nossas ideias e os eleitores manifestam-se na urna. Todas as estruturas que estão a terminar os mandatos (de dois anos) confrontaram-se durante grande parte desse período com o desgaste político que a governação em contexto de resgate externo infligiu nos partidos que eram governo. A concelhia cessante enfrentou exatamente esse período e tentou à sua maneira responder. De realçar que o Dr. Nuno Marques demonstrou grande elevação democrática quando foram conhecidos os resultados.
Qual a sua prioridade para o biénio 2016/2018? É possível aumentar o número de militantes?
Produzimos um único documento na campanha que será a linha orientadora do meu mandato. Em anteriores mandatos não fomos suficientemente eficazes na ligação com os militantes e simpatizantes de modo a refletir na atividade partidária local a expressão eleitoral que o CDS tem obtido. Só com esta aproximação e alterando a dinâmica se conseguirá consolidar e crescer. O aumento do número de militantes vai depender muito da implementação deste projeto político, que reconheço como ambicioso.
Como perspetiva as eleições autárquicas no concelho de Faro em 2017? O CDS-PP pretende renovar a coligação com o PSD?
Nesta altura falta ainda um ano e meio para as eleições autárquicas e por agora o CDS está concentrado apenas no trabalho que está a desenvolver no Município de Faro, onde somos poder em coligação. A seu tempo decidiremos a melhor forma de continuar o serviço a este concelho de que tanto gostamos.
Como avalia até ao momento o mandato do atual executivo camarário, presidido pelo social-democrata Rogério Bacalhau?
Sabe que pertenço a uma geração de algarvios que geralmente quando falava com alguém de Lisboa, do Porto ou de qualquer outro ponto do país ouvia sempre: “gosto muito do Algarve, passo lá férias desde criança, mas não conheço Faro.” Esta câmara CDS-PP e PSD conseguiu colocar Faro no mapa. Faro é hoje uma capital regional de facto, transmite uma dinâmica sócio-cultural como nunca teve antes e mesmo em contexto de aperto orçamental recuperou a sua feição atlântica e é uma referência jovem e cosmopolita para todo o Algarve, ao mesmo tempo que colocava as suas finanças em ordem. O CDS-PP, tenho a certeza, tem desempenhado um papel fundamental nesta mudança.
ASSUNÇÃO CRISTAS “É A PESSOA QUE PORTUGAL PRECISA”
O que espera da presidente do CSD-PP, Assunção Cristas?
O CDS-PP fez uma transição do poder (após as eleições que ganhou em coligação pré-eleitoral com o PSD), para a oposição (após o acordo entre o PS, BE e PCP) sem sobressaltos, sem ajustes de contas nem congressos incendiários e conseguiu ter uma líder com naturalidade. Na sua intervenção e profundidade política, a sua competência técnica com conhecimento prático daqueles que são os ´dossiers´ mais críticos e decisivos da vida dos portugueses, a Dra. Assunção Cristas é muito mais do que a pessoa que o CDS desejou, ela é a pessoa que Portugal precisa. Estive no congresso que a elegeu e vi uma grande unidade do partido à sua volta. Unificou, renovou e venceu sem contestação. O Dr. Paulo Portas achou ter chegado o momento de terminar o seu caminho no partido. Só temos que reconhecer e agradecer os grandes serviços prestados ao partido.
É um dos vice-presidentes da CCDRA – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve. Vai manter-se em funções após ter sido eleito para a presidência da Comissão Política Concelhia de Faro do CDS?
Surgiu nos últimos anos em Portugal uma visão distorcida daquilo que deve ser o desempenho de funções públicas, em Portugal. Sempre que alguém questiona um titular de um cargo na administração pública por exercer o seu direito de cidadania, militando ou liderando uma estrutura político-partidária de cor diferente daquela que está no governo, está a contrariar as boas práticas de separação entre os partidos políticos e o aparelho de Estado. Transmite-se uma mensagem aos eleitores de que o exercício democrático do voto confere a alguns a plena posse sobre a “coisa pública”, numa lógica muito preocupante e que há muito está (ou deveria estar) ultrapassada na sociedade ocidental. Tendo sido opositor ao concurso para as funções que desempenho, e tendo passado pelo “crivo” da Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CRESAP), comissão independente que assegura com transparência, rigor e independência as funções de recrutamento de dirigentes superiores da Administração Pública, ficou comprovado a minha aptidão para o cargo que ocupo.
Continuo e continuarei a trabalhar diariamente na CCDR com o mesmo empenho com que entrei em 2012 e que não restem dúvidas nenhumas que honrarei sempre o juramento que fiz de exercer com lealdade as funções que me foram confiadas, independentemente de quem esteja no governo.