Albufeira avança com obra da Antiga Igreja Matriz
A Câmara Municipal de Albufeira vai investir perto de 1,5 milhões de euros no projeto de reabilitação da antiga Igreja Matriz de Santa Maria, e espaços contíguos, um templo que já existia em 1305, de acordo com informação constante no Arquivo Nacional da Torre do Tombo.
A igreja, inserida no edifício conhecido como Quintal da Câmara, na zona do Cerro do Castelo, ficou totalmente destruída na sequência do terramoto de 1755 e incendiada, em 1833, por ocasião das lutas liberais. Considerado um dos templos cristãos mais emblemáticos do Algarve, a antiga igreja vai dar lugar a um novo espaço cultural vocacionado para o conhecimento e interpretação da História local.
José Carlos Rolo sublinha que se “trata de mais um sinal que queremos dar à comunidade de que apesar da pandemia, Albufeira não para e que, para além das questões da saúde e da economia, é fundamental investir na recuperação do património e nas questões culturais”.
O presidente da Câmara Municipal assinou na semana passada o contrato com a empresa construtora, num investimento que rondou um milhão e meio de euros e os trabalhos devem estar concluídos no prazo de ano e meio.
O projeto integrou uma candidatura do Município ao programa CRESC Algarve 2020, com um investimento elegível de 850 mil euros, tendo recebido um apoio financeiro no montante de 552 mil euros.
A operação de reabilitação, integrada no âmbito do Plano de Ação de Regeneração Urbana (PARU) de Albufeira, consiste no restauro e valorização dos vestígios edificados da antiga Igreja de Santa Maria, que correspondem à antiga Capela-Mor, com vista à sua adaptação a espaço expositivo e de atividades culturais.
De acordo com o presidente da Câmara Municipal, “a intervenção surge da necessidade de preservar a identidade e valorizar o património arqueológico e histórico da cidade”. José Carlos Rolo acrescenta “que se trata de criar uma narrativa histórica em torno da importância daquela zona e da sua influência no contexto urbano da época”.
O novo espaço, explica “vai ser completamente dedicado ao conhecimento e interpretação das vivências e dos acontecimentos históricos na zona do Cerro do Castelo, que se irá transformar num novo polo de atratividade turística e cultural”. A obra consiste na conservação e restauro da construção existente no espaço de intervenção: o edifício que se acredita ter sido o início da primeira tentativa de reconstrução após o terramoto, correspondente à capela-mor.
A geometria e volumetria da Igreja serão recriadas através da contenção espacial “entre muros”, enquanto a marcação e jogo de pavimentos reproduz a tipologia das três naves da igreja e as “réplicas” das colunas dão a escala ao espaço evocando a sua volumetria original.
Será recriado um ambiente de natureza intimista, contemplativa e silenciosa transversal às três vivências propostas no âmbito da intervenção.
O espaço exterior amplo, correspondente à antiga Igreja Matriz, ficará vocacionado para zona de estadia e convívio de apoio à cafetaria com esplanada, onde se poderão desenvolver atividades de caráter lúdico e religioso, entre outras. O espaço de transição funcionará como uma espécie de antecâmara de caráter intimista.
Na cobertura todo o espaço é de contemplação, podendo funcionar como zona privilegiada para atividades lúdicas e recreativas, integrando uma estrutura de complemento à cafetaria. O corpo nascente ficará reservado a zona de exposições, onde se desenvolverá toda a narrativa no âmbito do espaço a intervencionar.
A intervenção urbanística irá permitir a criação de uma nova relação espacial, funcional e física entre a Rua do Cemitério e a Rua da Igreja Velha. Por sua vez, a Rua da Igreja Velha irá ganhar uma fachada em substituição do enorme muro existente entre edifícios, o que constitui um excelente contributo para a valorização da zona histórica da cidade.