Ao sul – Ambições e projetos pessoais

Texto: Carlos Gordinho | Professor


O tema da corrida de hoje levou-nos à tertúlia de 15 km, sobre o tema da ambição e projetos pessoais dos treinadores, treinadores jovens, dirigentes e até mesmo alguns pais, com o intuito de valorização dos seus. É um fenómeno maior no universo do futebol, mas não está fora de outras modalidades, embora em dimensões e mediatismos menores.

É hoje muito comum assistirmos a treinadores utilizarem as redes sociais digitais para a sua auto promoção, tomando em algumas situações, proporções tóxicas. Utilizam de forma desonesta todos os meios que os rodeiam, roçam a falta de respeito por quem está ao seu lado e que os suportam e os ajudam a estarem presentes, mas, nem assim, conseguem sair da sua própria cápsula e perceber que sozinhos não rumam a lugar algum.

Aceitamos a legitimidade das ambições, as boas ambições de cada um, desde que respeitando quem os rodeia e quem lhes dá a oportunidade de estar presentes e ativos. Criar projetos pessoais, fazendo a subjugação de outros em prol dos meus princípios e ambições, confesso que é algo que me deixa pensativo, ainda mais quando levadas a cabo por agentes responsáveis pela transmissão de valores e desenvolvimento de jovens. Isto deteto há vários anos no nosso concelho e no nosso tecido associativo.

Projetos pessoais que utilizam agentes públicos para alimentar egos, projetos pessoais que brotam por naturezas diferentes, desde questões financeiras; questões de integração, aceitação e reconhecimento social; questões de divergências pessoais e como é óbvio por questões de ambição pessoal.

Fazer depender de uma pessoa o desenvolvimento e produção de projetos desportivos, formação de grupos e núcleos de atletas, oriundos de divergências com outras estruturas e levar à criação de núcleos por orgulho pessoal, são alguns dos motivos e estratégias utilizados por quem promove este fenómeno.

Por norma, se pretendo um projeto pessoal, associado aos valores anteriormente apresentados, promovo um negócio pessoal ou estruturo algo onde possa fomentar um produto.

Utilizar a dinâmica pública, sobrecarregar o sistema político, saturar a gestão logístico financeira, dividir e fragmentar a coesão coletiva e associativa, em prol de um sentido de pertença, é algo sobre o qual devíamos fazer uma reflexão e evitar que futuramente este fenómeno não continue a ganhar dimensão e expressão.

Este fenómeno fez criar no nosso concelho núcleos, novos clubes e coletividades. Hoje algumas estão moribundas, criaram-se estruturas dependentes de individualidades técnicas ou dirigentes, que moribundas ficaram, aquando o não concretizar dos objetivos pessoais de quem os criou. Investem enquanto seu nutrir, exigem enquanto reis, manipulam as peças no tabuleiro a seu belo prazer, até à hora do momento final da etapa, deixando depois heranças e constrangimentos para outros. No fim, não correu melhor porque nunca tiveram o apoio pretendido e de direito e sempre que algo não funcionou, a culpa foi sempre dos outros.

Há quem lhes chame projetos,…, importa questionarmo-nos é se os alicerces são fiáveis e sustentáveis.

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