Autarquias preparam apoios a empresas
Texto Jorge Eusébio
Depois de, ao longo dos últimos meses, terem lançado diversos mecanismos de apoio às famílias mais carenciadas, algumas câmaras algarvias preparam, agora, programas de apoio direto às empresas locais.
Uma delas é a de Portimão, cuja presidente, Isilda Gomes, assume ir destinar para o efeito um valor que considera “muito significativo”. A autarquia está a elaborar um regulamento no qual ficam definidas todas as regras deste programa. Depois, os empresários que queiram e que reúnam condições para o efeito podem concorrer e vir a receber algumas verbas que, nesta altura do ‘campeonato’, muito jeito deverão dar.
A autarca diz que esta é uma medida que queria implementar já há algum tempo, mas o problema é que não havia legislação específica sobre a matéria, o que significa que os autarcas que avançassem poderiam futuramente vir a ter problemas com o Tribunal de Contas.
Em face disso, o Governo veio, agora, proceder à clarificação de uma lei existente, que resolve o problema, pelo que as câmaras que queiram e possam avançar com apoios às empresas têm base legal para o fazer.
Esta iniciativa tem como objetivo ajudar à manutenção da atividade de empresas que se debatem com grandes dificuldades, de forma a que não se agrave o problema do desemprego no Algarve, que é a região do país mais afetada pela crise económica, a este nível.
Essa é a conclusão essencial a retirar dos mais recentes dados divulgados pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), que se reportam ao mês de outubro. Nesse período, o número de inscritos nos centros do Algarve daquele organismo totalizaram 24.088, mais do dobro (+134%) do número contabilizado em outubro de 2019 (10285).
Por concelhos, o que levou a maior ‘pancada’ é o de Albufeira que passou de 1.130 inscritos, em outubro do ano passado para 4586 este ano, um aumento de 3456 (+306%).
Os dois outros concelhos que, em termos absolutos, mais viram o desemprego subir foram os de Loulé (+2468 para um total de 4051) e Portimão (subida de 1880 para 3683), com aumentos homólogos de 155% e de 104%, respetivamente. Isso significa que tinham, no final do referido mês, mais do dobro dos desempregados registados há um ano.
Um cenário de dimensões idênticas, em termos percentuais, vivem concelhos como Faro, Lagoa, Silves, Vila do Bispo e Castro Marim.
Esta circunstância está, obviamente, relacionada com o facto da principal atividade económica da região ser o turismo, um dos setores mais afetados pela pandemia.
De acordo com a Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), em outubro, a taxa média de ocupação das unidades de alojamento teve uma quebra homóloga de 57,3%, enquanto a faturação afundou 61,8%.
Trata-se de uma situação que se vai agravar nos últimos dois meses do ano, uma vez que o surgimento da segunda vaga da pandemia e a consequente falta de clientes fez com que a esmagadora maioria dos hóteis tenha optado por, pelo menos para já, encerrar portas.