Autárquicas 2025: Uma luta a três?

Faltam dois meses para as próximas eleições autárquicas, que foram agendadas para o próximo dia 12 de outubro, e já há vários partidos a preparar-se para o combate político.

São 16 Câmaras Municipais no Algarve e a luta, que antes se dividia entre Partido Socialista e Partido Social Democrata, conta agora com uma estrutura com mais peso, caso sejam tidos em conta os resultados de todas as últimas eleições, sobretudo as legislativas.

O Chega está preparado para entrar nesta batalha e tem vindo a apresentar candidatos às autarquias, avulso e quase todos os dias, nas últimas semanas. Por sua vez, o PS vai oficializando alguns dos atuais autarcas em presidência, havendo algumas exceções para os que terminam por aqui este percurso nas Câmaras Municipais devido à limitação de mandatos.

Já o PSD, aproveitando a ‘onda’ das legislativas apresenta-se em coligação com o CDS/PP em muitos locais, e até com outros partidos como é o caso do Iniciativa Liberal (IL) em Portimão e em Faro, sendo que na capital da região, junta-se ainda o PAN e o MPT.
Entre algumas novidades, poucas saídas e muitas recandidaturas, os dois meses que se seguem serão intensos, com os vários protagonistas a tentar conquistar o eleitorado, sobretudo nos maiores concelhos do Algarve.


Faro
É o caso da capital algarvia, em que, com a saída de Rogério Bacalhau (PSD), se abre a porta a que Cristóvão Norte, recém-eleito deputado, avance com uma candidatura à Câmara Municipal, liderando a ‘super coligação’ ‘Faro Capital da Confiança’, que junta PSD, CDS, Iniciativa Liberal, PAN e MPT. Uma força conjunta que leva também a que o histórico social-democrata Macário Correia encabece a lista à Assembleia Municipal de Faro.

O grande opositor, anunciado há vários meses, é o socialista António Miguel Pina, que por não se poder recandidatar a Olhão, resolveu concorrer à capital algarvia.

Já do lado do Chega, o escolhido é Pedro Pinto, atual deputado e um dos homens fortes de André Ventura, sendo o presidente do grupo parlamentar, inclusive. Foi também ele que encabeçou a lista das legislativas em maio.

Já a CDU apresenta Duarte Baltazar como primeiro candidato. Nas eleições anteriores, em 2021, a mesma coligação, mas sem o PAN, venceu a Câmara Municipal de Faro com 47,76 por cento dos votos, seguida do PS com 30,58, da CDU com 6,48 e do Chega com 5,13 pontos percentuais. BE obteve 4,05 por cento e PAN 2,66.

Portimão
No barlavento algarvio, a maior Câmara Municipal está nas mãos do socialista Álvaro Bila, que assumiu o mandato após a saída de Isilda Gomes para o Parlamento Europeu. Candidato popular na cidade, já reuniu o apoio de diversos militantes, simpatizantes, mas também de um movimento informal constituído por pessoas de vários quadrantes.

Candidata-se agora, pela primeira vez à Câmara, depois de já ter estado três mandatos na Junta de Freguesia de Portimão e ter integrado a lista de Isilda Gomes. Leva consigo Carlos Café como candidato à Assembleia, naquela que foi uma surpresa para muitos.

Já no lado da oposição, o PSD juntou-se ao CDS e IL e mostrou confiança no social-democrata Carlos Gouveia Martins. Apesar de ter estado afastado das lides da concelhia por um período de tempo, o jovem considera que chegou a hora de se chegar à frente para arrebatar de vez a autarquia. Consigo, à Assembleia, acompanha-o José Pedro Caçorino, histórico do CDS em Portimão, com largos anos de experiência e um percurso político consistente.

Já André Ventura optou por João Graça, deputado também eleito pelo Algarve, em detrimento do atual vereador Pedro Xavier, que há bem pouco tempo tentou ‘roubar’ a liderança da Distrital a João Graça.

Pela CDU também já é público que Nuno Cordas volta a liderar a lista à Câmara e a advogada Lurdes Melo a da Assembleia Municipal.
Em Portimão, nas autárquicas de 2021, o PS venceu com 39,88 por cento dos votos, seguido do PSD com 17,54, do CDS, em coligação, com 13,03 e o Chega com 10,16 por cento. BE obteve 6,82, CDU 5,11 e PAN 3,07.

Albufeira
José Carlos Rolo volta a recandidatar-se a uma Câmara Municipal que venceu com uma diferença de quase mil votos, com 32,04 por cento face aos 25,66 por cento dos socialistas. Aliás, na Assembleia Municipal, a diferença entre ambos os partidos ficou-se apenas por 199 votos.

Nestas autárquicas, o PSD renova a confiança no professor social-democrata, enquanto o PS aposta em Victor Ferraz e o Chega apresenta Rui Cristina, deputado eleito por Beja. Não é, contudo, um perfeito desconhecido dos sociais-democratas na região, pois foi, durante muitos anos militante do PSD, inclusive com cargos de destaque, como a liderança da concelhia de Loulé e deputado eleito pelos social-democratas algarvios.

Em janeiro de 2024 rompeu com o partido porque manteve divergências com a liderança de Luís Montenegro e, segundo se alegava na altura, foi atirado para lugares não elegíveis nas legislativas.

Saiu antes e, no mesmo ano, confirmou-se como candidato pelo Chega por Évora tendo sido eleito. Em maio de 2025, voltou a ser escolhido pelo Chega, mas desta vez, por Beja.

Loulé
Neste concelho central do Algarve, o PSD aposta também no histórico Hélder Martins, que tentará ‘roubar’ a Câmara Municipal aos socialistas, aproveitando que Vítor Aleixo sai, devido à imposição da limitação de mandatos.

Na senda da manutenção, os socialistas aprovaram como candidato Telmo Pinto, presidente da Junta de Freguesia de Quarteira, sendo visto como um elemento popular e com trabalho feito. O que deixa no ar a possibilidade de estar eminente uma luta renhida entre ambos. O Chega avança com Fernando Santos.

Em 2021, o PS conquistou 55,44 por cento dos votos, e o PSD, em coligação com o CDS, 22,18, seguido do Chega de 8,68 por cento.

Lagoa
Luís Encarnação, que teve uma vitória estrondosa em 2021, obtendo maioria absoluta, com 51,46 por cento dos votos, terá como principal oponente o advogado Paulo Serra, militante do PSD.

Nas últimas eleições, os social-democratas só obtiveram 12,17 por cento dos votos, mas também é facto que, nessa altura, o ex-autarca Francisco Martins (PS), que já tinha sido do PSD repartiu as escolhas dos cidadãos ao criar o Movimento Lagoa Primeiro. Obteve 18,01 por cento dos votos, agitando as águas no concelho a nível político, ainda que não tivesse conseguido alcançar o resultado esperado.

O Chega apresenta como candidata Lurdes Alemão e espera subir a votação em relação à última vez que foi às urnas, em 2021, quando conquistou 6,38 por cento dos votos.

Lagos
Hugo Pereira, presidente da Câmara Municipal de Lagos, voltará a recandidatar-se a este cargo nas próximas eleições de outubro.
Contará com adversários como Paulo Rosário, pelo Chega, e o social-democrata Gilberto Viegas, antigo presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo.

Apesar de afastado por largos anos da ribalta política, Viegas regressa agora para este combate que pretende retirar das mãos dos socialistas esta Câmara Municipal.

Outros concelhos
Há ainda, neste rol de escolhas, alguns dados de registo. Por exemplo, em Aljezur, na Costa Vicentina, o PS renova a confiança em José Gonçalves, mas o adversário voltará a ser o ex-autarca Manuel Marreiros, que, nos tempos de Gilberto Viegas, presidia à Câmara Municipal de Aljezur, tendo sido eleito pelo PS.

Já antes tinha sido apoiado pela CDU e agora avança como representante de um movimento independente, que é apoiado pelo PSD, partido que opta, desta forma, por não apresentar candidato.

Em Monchique é também sem surpresa que se recandidata, pelo PS, o atual autarca Paulo Alves, sendo o representante do Chega Fábio Ferreira, natural de Évora.

Já em Vila do Bispo, por exemplo, o candidato do Chega é Afonso Nascimento, antigo vereador do PS e, mais tarde, candidato independente apoiado pelo PSD.

São Brás de Alportel, devido à saída de Vítor Guerreiro, terá como candidata socialista a atual número dois Marlene Guerreiro, que concorrerá contra Bruno Sousa Costa, do PSD, e Mário Botelho, do Chega. Também em Silves, única autarquia comunista no Algarve, Rosa Palma deixa o cargo e passa o testemunho à sua número dois Luísa Conduto, que travará uma luta com João Garcia, do PSD, Ana Sofia Belchior, do PS, e José Paulo Sousa, do Chega.

Ricardo Calé será a escolha em Olhão, para encabeçar uma lista que pretende manter a autarquia nos socialistas após a saída de António Miguel Pina para Faro, e em Tavira o partido reconduzirá Ana Paula Martins, que terá como principal adversário Dinis Faísca, do PSD.

Já em Vila Real de Santo António, há a recandidatura de David Costa, pelo Chega, e de Álvaro Araújo, pelo PS, com o PSD a ir buscar, de novo, para as listas, mas desta vez como cabeça de lista, o arquiteto José Carlos Barros, que foi vice de Luís Gomes.

Por sua vez, à Assembleia Municipal concorre consigo Francisco Amaral, que já foi presidente de Câmara de Alcoutim e, depois, pela imposição da limitação de mandatos avançou para Castro Marim.

Este ano, tinha deixado o lugar livre para a sua sucessora Filomena Sintra e despediu-se da política, mas não foi um adeus definitivo, foi mais um até já, visto que agora regressa a estas lides da campanha, mas em Vila Real de Santo António.

You may also like...

Deixe um comentário