Câmara de Albufeira lança ‘Lancheira Saudável’

A prevalência da obesidade infantil nas crianças do primeiro ciclo do ensino básico da rede pública do concelho de Albufeira é de 15,4 por cento, sendo que 19,1 por cento das crianças têm excesso de peso. Os dados foram divulgados, esta quarta-feira, 4 de março, pela Câmara Municipal de Albufeira que promoveu um estudo ao abrigo do projeto municipal ‘Nutrimexe’.

Com base nestes números, a autarquia promoverá três formações ‘Lancheira Saudável’, que pretendem sensibilizar os encarregados de educação, professores, pais e educadores para a importância de escolherem e combinarem os melhores alimentos para as crianças.

São formações de duas horas e meia sobre receitas e dicas para preparar lanches saborosos, rápidos, nutritivos e económicos. As ações incluem a degustação dos lanches preparados e as crianças também podem participar. Os workshops terão lugar sempre entre as 10h00 e as 12h30 e decorrerão a 14 de março na cantina da EB1 dos Caliços, estando a inscrição aberta até 6 de março.

Já a EB1,2,3 Guia tem a ação agendada para 9 de maio, podendo os interessados inscreverem-se até 30 de abril, enquanto a cantina do Centro Educativo do Cerro do Ouro tem a sessão prveista para 30 de maio, sendo a inscrição válida até 22 de maio.

A participação é gratuita, mas de inscrição obrigatória, devido ao limite de vagas e deverá ser efetuada por email (ana.filipe@cm-albufeira.pt ou dulce.bernardo@cm-albufeira.pt).

A iniciativa decorre de um estudo efetuado pelos técnicos da Câmara Municipal de Albufeira, iniciado há cerca de um ano, no âmbito do projeto municipal ‘Nutrimexe’, o qual tem como objetivo realizar um conjunto de estratégias inerentes à questão que é já considerada como a ‘Epidemia do Século XXI’, a problemática da obesidade infantil.

A primeira fase, decorrida entre março e dezembro de 2019, passou pela recolha de dados para avaliar a prevalência da obesidade infantil no concelho de Albufeira e por caracterizar os hábitos alimentares e de atividade física das crianças do primeiro ciclo do ensino básico da rede pública do concelho pertencentes aos três agrupamentos de escolas de Albufeira.

O Município de Albufeira decidiu realizar este estudo para conhecer em pormenor o estado nutricional dos alunos do seu concelho e comparar com os dados do levantamento realizado em 2011/12, uma vez que os dados que existem são do ‘Childhood Obesity Surveillance Initiative’ (COSI) – Portugal, coordenado pelo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge. O documento só reflete os dados regionais e nacionais.

José Carlos Rolo, presidente da Câmara Municipal de Albufeira, mostra-se satisfeito por saber que o Município tem agora dados concretos para trabalhar. “Em causa está o bem estar da criança e a sua saúde. A alimentação influencia o sucesso escolar e queremos que as nossas crianças tenham o que lhes é imprescindível. Comer bem para crescer melhor é o nosso lema, pois este crescer é não só físico, mas também ao nível do conhecimento”, justifica.

Os dados recolhidos já permitem que a autarquia saiba que, na atualidade, existe uma taxa de prevalência da obesidade infantil nas crianças do primeiro ciclo do ensino básico da rede pública do concelho de Albufeira de 15,4 por cento de excesso de peso (pré-obesidade) e 19,1 por cento, de peso normal, 63,9 por cento e de baixo peso 1,6 por cento. A prevalência da obesidade incide mais nos rapazes, o excesso de peso nas raparigas e o baixo peso nos rapazes.

Em comparação aos resultados do ano letivo 2011/12 a autarquia constatou que a taxa de prevalência da obesidade e de baixo peso manteve-se, já no que concerne à taxa de excesso de peso (pré-obesidade) verificou-se um aumento (de 14 por cento para 19,1 por cento).

Segundo os resultados dos questionários aplicados aos pais e/ou encarregados de educação a Câmara Municipal de Albufeira obteve resultados importantes.

Constatou que em relação ao tempo médio que os alunos despendem a ver televisão, a jogar videojogos, e que estão ao computador, tablet e telemóvel, a maioria (49,5 por cento) dos pais e/ou encarregados de educação considera que os seus filhos passam menos de uma hora, seguido de 40,5 por cento que considera que são despendidas entre 2 a 3 horas com os media. Na questão da prática de atividade física 52,6 pontos percentuais pratica algum tipo de desporto fora da escola e 47,1 por cento não pratica qualquer tipo de atividade. Constatou-se que 27,4 por cento dos pais e/ou encarregados de educação não manifestam preocupação com o peso dos seus filhos e, por oposição, 25,7 pontos percentuais manifestam estar sempre atentos a essa questão.

Relativamente aos resultados dos questionários aplicados aos alunos relativamente aos seus hábitos alimentares a autarquia constatou que, a percentagem de alunos que não toma o pequeno-almoço em casa antes de ir para a escola é de 4,8 por cento. Já a maioria das crianças inquiridas não come sopa ao jantar, assim como quase metade dos alunos não ingere outros legumes, salada e/ou legumes cozinhados, no segundo prato. Quanto ao número de peças de fruta ingeridas por dia, a maioria das crianças, (74,6 por cento) consome mais do que uma peça, no entanto 25,4 por cento ingere uma ou menos. A questão do aumento do consumo de fruta, comparativamente a dados anteriores, deve-se, segundo a autarquia, sobretudo à prática adotada por parte da autarquia que distribui todos os dias uma peça de fruta aos alunos do pré-escolar e do primeiro ciclo, promovendo assim uma oferta alimentar mais equilibrada e saudável no dia-a-dia das crianças.

No que concerne à questão dos lanches, a maioria das crianças leva lanche para a escola, mas 11,6 por cento não têm esse hábito.

A questão que suscitou maior preocupação à autarquia foi a qualidade nutricional dos lanches. “Constatou-se que os resultados obtidos comprovaram que apenas 32,6 por cento das crianças consome alimentos saudáveis, com baixo teor de gordura, açúcar e sal, e 67,4 por cento consome alimentos de baixa qualidade nutricional, tais como os croissants, pães de leite, panquecas, bolos, ‘Bollycaos’, bolachas de chocolate, leite achocolatado ou aromatizado e sumos e/ou refrigerantes, destacando-se o ‘Ice Tea’ como o sumo ou refrigerante mais consumido”, descreve.

No que respeita à prática de atividade física fora da escola, 50,8 por cento das crianças inquiridas respondeu que não pratica qualquer tipo de desporto, o que não corresponde ao valor obtido nos inquéritos aplicados aos pais e/ou encarregados de educação. Ou seja, há contradição entre as respostas das crianças e as dos pais e/ou encarregados de educação, dado que a percentagem de respostas afirmativas nesta questão é superior às negativas, no segundo caso. Por outro lado a maioria das crianças respondeu que não pratica atividade física fora da escola.

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