Canábis medicinal já é produzida em Lagoa 

Texto: Len Port | Foto: D.R.


A empresa dinamarquesa ‘Schroll Flowers’ iniciou, recentemente a produção de ‘cannabis’ medicinal em larga escala numa quinta no concelho. O negócio insere-se num terreno com 8,7 hectares que tem de cumprir requisitos de segurança imperativos, que incluem a videovigilância, sistema anti-intrusão e controlo de acessos. O transporte de ‘cannabis’ também obedece a várias regras, as quais incluem informações às autoridades locais.

Sandra Sal, agrónoma da empresa, explica que a ‘Schroll Flowers’ estava focada em hortênsias. No entanto, em 2018, depois de uma amiga com um grave problema de saúde ter começado a utilizar óleo CBD, que melhorou a sua qualidade de vida de uma forma que lhe permitiu voltar a trabalhar, percebeu a influência positiva que a canábis medicinal poderia ter na vida de muitos pacientes.

Em 2018, um grupo detido por dois irmãos, adquiriu uma empresa em Lagoa que se dedicava à produção de ervas biológicas. Chamou-lhe ‘Schroll Flavours’ e continuou esta atividade, vendendo ervas biológicas para vários países da Europa. Um ano depois, o grupo deu os primeiros passos do projeto ‘cannabis’.

Em 2023, após obter o certificado que autoriza o cultivo de ‘cannabis’ medicinal, e apresentar o pedido de outro certificado que fornece a permissão necessária para a produção de ingredientes farmacêuticos ativos, a ‘Schroll Flavours’ deixou a produção de ervas orgânicas para se concentrar 100% na produção de ‘cannabis’ baseada em orgânicos princípios agrícolas.

O objetivo é ter produção o ano todo. No entanto, como a intenção é produzir ao ar livre e sob os princípios da agricultura biológica, os produtores estarão mais sujeitos às condições climáticas e ambientais do que os produtores de outras plantas. Em 2024 espera produzir diversas variedades da planta com uma qualidade médica que lhe permita ser lançada como matéria-prima para todos os produtos canabinóides vegetais relevantes. A empresa pretende exportar para vários países da Europa a partir de meados deste ano.

De acordo com os especialistas, o consumo de ‘cannabis’ medicinal por prescrição médica pode aliviar sintomas de dor associada ao cancro, esclerose múltipla e atenuar náuseas e vómitos causados ​​pela quimioterapia. Também pode estimular o apetite e prevenir a perda de peso em pessoas com VIH/SIDA, ajudar a tratar formas raras de epilepsia e até melhorar a ansiedade, a insónia e a qualidade do sono.

Clima ajuda
O clima ensolarado no Algarve é perfeito para o cultivo de ‘cannabis’. O solo arenoso da quinta produtora em Lagoa é excelente porque permite o bom escoamento da água e um ambiente respirável para as raízes das plantas. Atualmente, existem duas quintas com produção semelhante no sotavento algarvio, a que se junta agora a ‘Schroll Medical’, em Lagoa.

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