Carvoeiro Cat Charity mantém lema ‘ajudar gatos é a nossa paixão’
Texto: Tatiana Pimentel | Foto: Kátia Viola
Chegou a Portugal com “um gato”, nunca pensou “criar uma fundação” e muito menos que chegaria a um momento em que teria a seu cuidado centenas de animais. É desta forma que Corinna Janiec, presidente da Carvoeiro Cat Charity Associação (CCCA) começa por contar a história desta entidade, sediada nesta freguesia do concelho, à Algarve Vivo.“Cheguei em 2001 e vi muitos gatos na rua. Comecei de imediato a alimentá-los e, mais tarde, a castrá-los. Tentei dar o meu melhor sem ajudas. Em 2012, juntaram-se mais pessoas e pensámos que era melhor tornarmo-nos uma entidade oficial. Assim, começámos a obter apoios e doações que antes não recebíamos,” explica a responsável.
No início, a CCCA só acolhia gatos, mas, entretanto, começaram a aparecer também cães e era impossível não tratar deles. “Sou uma amante de animais”, reforça.Acumula um emprego com este trabalho a tempo inteiro. As suas manhãs são dedicadas a tratar dos animais com os voluntários da Carvoeiro Cat Charity. “É um trabalho full-time sem pagamento”, afirma.
Além dos animais do abrigo também trata de 16 colónias de gatos em Lagoa e, no final do dia, volta para a associação para realizar outras tarefas necessárias, como cuidar dos gatos doentes.Estes animais, em Portugal, estarem habituados a viver em colónias nas ruas. A associação tenta não levá-los para o abrigo. “Trazemo-los quando estão doentes ou em situações de risco, mas têm sempre de ser esterilizados, vacinados e testados para despiste de doenças”, como o vírus da imunodeficiência (equivalente à SIDA felina) e a leucemia felina, descreve. “Se tiverem essas doenças não é um problema, pois temos um abrigo especial para estes gatos afetados,” assegura a responsável.
No total, presta cuidados a 240 felídeos. E é por esta razão que o voluntariado é tão importante. “É um grupo perfeito, muito prestável e nunca falha. Os elementos estão organizados por dias. A maior parte é estrangeira, mas temos três portugueses. A Paula é fabulosa e vem sempre aos fins de semana, já o Pestana está a construir abrigos para os gatos. Eles limpam o chão, as taças de água e comida, trocam tudo o que está sujo, dão mimos e atenção. São os primeiros que reparam quando há mudanças de comportamento nos gatos e avisam se algum precisa de ir ao veterinário”, conta a fundadora.Corinna Janiec admite que a CCCA precisa sempre de voluntários.
“Há dias em que só tenho uma pessoa e convém ter sempre duas para dividir o trabalho”, justifica. Conta, porém, com uma equipa que a deixa orgulhosa e a quem agradece o empenho. “Mesmo com a pandemia da covid-19, os voluntários estiveram sempre presentes. Não é algo que qualquer pessoa faria, pois é muito tempo passado no abrigo. Por exemplo, de manhã vêm entre três a quatro horas e é trabalho pesado. É ótimo poder contar com eles”, enaltece.
Qualquer pessoa pode adotar um cão ou um gato, sendo o primeiro passo contactar o CCCA por telefone ou pelo facebook para marcar uma deslocação ao espaço. “O gato é que escolhe a pessoa, porque é muito importante que eles gostem dos novos donos. O passo seguinte é ir ao veterinário para colocar um ‘chip’. Assinam também um contrato de adoção que especifica que, em caso de doença, têm de nos devolver o animal caso não tenham possibilidades financeiras de o tratar. Pensamos no bem-estar do animal acima de tudo,” diz de forma assertiva.A responsável confessou que se viu obrigada a colocar uma câmara na entrada do CCCA, devido a algumas situações complicadas. Chegaram a atirar “animais, por cima do portão, para o interior do espaço. Uma vez um cão magoou a perna devido à queda e fomos encontrá-lo deitado em sofrimento. Para evitarmos este género de situações colocámos uma câmara”, recorda ainda.
“É muito difícil ficar longe dos meus animais”
“A última vez que fui à Alemanha chorei ‘baba e ranho’”, por causa das saudades. Até “uma senhora me perguntou se podia ajudar. Eu respondi que ninguém podia”, conta entre risos. “Agora rio-me, mas não volto lá, porque não consigo ficar separada” dos animais, apesar de saber que “tinha pessoas ótimas a cuidar deles. “Foi a primeira vez em 10 anos que os deixei e foi complicado, são os meus bebés”, confessa enternecida.
CCCA precisa de bens para animais
A associação apela a todos os que queiram ajudar a Carvoeiro Cat Charity para a doação de ração seca e húmida para cães e gatos e também areia para gatos. Os interessados podem obter mais informações contactando Corinna Janiec (916335350).