Casa da Cidadania será realidade em Lagoa

O espaço passará a receber também as reuniões de Câmara e Assembleia, além de expor o espólio do município e destacar as figuras mais emblemáticas.

A Casa da Cidadania, a ser instalada nos antigos Paços do Concelho de Lagoa, será inaugurada em janeiro de 2021, devendo ser o destaque do próximo Dia do Município, que se assinala a 16 de janeiro.

Os serviços que ainda funcionam naquele espaço passarão para outros locais da cidade, segundo avançou à Algarve Vivo Luís Encarnação, presidente da Câmara Municipal de Lagoa. Assim, o setor do Turismo será colocado no Convento de São José, enquanto a Ação Social e o Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes (CLAIM) serão relocalizados num imóvel “a adquirir ou a arrendar no centro da cidade”.

A nova ‘Casa’ acolherá as memórias das decisões tomadas ao longo dos 247 anos de história do concelho. A principal ideia é dar-lhe vida com a participação dos cidadãos, aproximando os eleitos dos eleitores, mostrando que houve grandes figuras da sociedade, como o ‘Remexido’ ou o general Rocha Vieira, que ajudaram a tornar Lagoa o que é hoje.

“Consideramos importante que aquele espaço volte a receber o ato mais nobre da decisão pública. Por isso, um dos aspetos que está ‘em cima da mesa’ é que a sala de sessões volte a funcionar. O objetivo é ter, não um museu da história local, mas da administração local, onde estejam presentes as decisões que foram sendo tomadas para que Lagoa tenha esta identidade”, explica Paulo Lima, antropólogo e coordenador científico da Casa da Cidadania, museu digital da cidadania e dos movimentos sociais do concelho.
A sala de sessões, além das reuniões, poderá receber palestras, conferências e projeção de filmes.

A um ano de ser instalada, a autarquia já tem alguns espaços delimitados. É o caso de uma ‘sala do tesouro’ que guardará peças preciosas da Câmara Municipal, como “o primeiro estandarte, as faixas de vereação do século XIX, o busto da República, pinturas dos séculos XIX e XX que mostram os eleitos locais”, enumera Paulo Lima, além de alguma documentação que, em breve, começará a ser trabalhada.

Outro dos polos mostrará a intervenção que se tornou invisível, mas que é essencial à qualidade de vida dos lagoenses. “Refiro-me ao que está enterrado, às infraestruturas, aos pontões, às estradas. Queremos mostrar que há uma parte que é esquecida no dia a seguir a ser construída”, defende. A perspetiva é também dar a conhecer os desafios pelos quais Lagoa passou quando obteve autonomia administrativa. Antigos presidentes de Câmara e elementos da vereação que se destacaram nestas decisões estarão, por isso, em evidência.

Num outro plano, a partir de dois ou três objetos, será mostrada a evolução do concelho, a partir da década de 60 e 70 do século XX. É neste período que a cidade sofre uma “profunda transformação. Um dos objetos é um mapa, uma planta da década de 60”, que mostra como o turismo começa a ganhar terreno à agricultura, criando uma nova economia no município, esclarece Paulo Lima. A Feira de Artesanato, Turismo, Agricultura, Comércio e Indústria de Lagoa (FATACIL) também caberá neste espaço. “Há um quadro encomendado pelo antigo presidente Abel Santos que mostra as identidades imaginadas. A olaria de Porches, o vinho”, revela ainda.

As áreas de exposição temporárias serão outro dos espaços, sendo que uma dessas mostras será sobre os novos desafios com os quais as Câmaras são confrontadas hoje. A sustentabilidade, a economia, as alterações climáticas são exemplos. Outra das ideias será expor sobre a história contemporânea e do mundo.

Durante a apresentação deste projeto, Luís Encarnação, presidente da Câmara Municipal de Lagoa, recuou dois séculos e meio para explicar que a identidade e os valores são o legado a deixar às gerações futuras. O autarca afirmou que foram “essas decisões tomadas ao longo destes anos que fizeram de Lagoa e dos lagoenses o que hoje são. Tivemos mulheres e homens brilhantes e temos de guardar espaço para aqueles que mais contribuíram para criar a identidade de ‘ser lagoense’. Esta é a opinião de quem coordena este projeto.”
O facto é que houve, no passado, uma visão de residentes que levou ao movimento tendente à criação do concelho. “Seguramente que o fizeram porque entenderam que este território com 89 quilómetros quadrados, 17 quilómetros de costa a sul, a margem esquerda do Rio Arade tinha algo que nos identificava e distinguia do termo de Silves ao qual pertenciam. E não se identificavam com os vizinhos a poente da Vila Nova de Portimão”, sublinha Luís Encarnação.

Mereciam, então, um espaço próprio que era necessário separar, proteger e reformular. “A verdade é que, ao longo destes 247 anos, todos os lagoenses que nos antecederam foram capazes de tornar essa identidade distinta”, constata, e esse será o âmbito do novo museu.

Este espaço a instalar nos antigos Paços do Concelho foi apresentado durante a celebração do Dia do Município, celebrado a 16 de janeiro e que terminou com a deslocação de Graça Fonseca, ministra da Cultura, a Lagoa para verificar ‘in loco’ as ideias da autarquia para preservar as memórias e as origens da identidade do concelho.

Encontros da Política e Imagem colocaram Lagoa em evidência

Lagoa quis afirmar-se no panorama regional e até nacional e, por isso, estreou a edição dos Encontros Internacionais da Política e da Imagem, que decorreram entre 15 e 18 de janeiro, no âmbito da celebração do 247º aniversário do município.

Foram diversas mesas redondas, ciclos de cinema, exposições, debates repartidos por quatro dias, num “momento inovador que enaltece a cultura, a cidadania e a política. Lagoa é cosmopolita. 18 por cento da população, ou seja, 4006 pessoas são de nacionalidade estrangeira e adotaram Lagoa para viver”, afirma Luís Encarnação.

Este projeto cultural, que se cruza com a Casa da Cidadania, promoveu a abertura de residência aos fotógrafos, que antes do Verão tiveram oportunidade de conviver com a comunidade, dialogar e construir projetos. Foi a partir desses olhares que as exposições, patentes até 28 de março, foram criadas.

Participaram Paulo Catrica, com a mostra ‘Prospectus’, Augusto Brázio com ‘Filhos do sol: a busca do idílico’, Lara Jacinto com ‘Paraíso’ (Convento de São José), Valter Vinagre com ‘Corações ao Alto’ (Salão Paroquial da Igreja de Nossa Senhora da Luz) e João Pina, com ‘Caminhantes’ (Antigos Paços do Concelho). As temáticas foram as mais diversas, desde a arquitetura, ao turismo global e consumo, passando pelos migrantes e trabalho, confissões religiosas e refugiados venezuelanos na Colômbia.

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