Cem nadadores salvadores garantem segurança nas praias de Albufeira
A poucas semanas da antecipação da época balnear neste concelho, o vice-presidente da direção da Associação de Nadadores Salvadores, Jorge Teixeira, deixa alertas em entrevista à Algarve Vivo, numa altura em que perspetiva o aumento de turistas, com as exigências de segurança daí resultantes.
José Manuel Oliveira
No concelho de Albufeira, desde 2009 a época balnear é alargada entre 15 de maio e 15 de outubro, o que permite garantir a segurança dos veraneantes, maior oferta de serviços e o controlo da qualidade da água das praias durante mais tempo. O presidente da Câmara Municipal, Carlos Silva e Sousa, aponta como “bastante animadoras as perspetivas para 2017” e quer “todos a remar para o mesmo lado para continuarmos a ser reconhecidos como um destino de referência.”
Numa zona onde existem 25 praias detentoras da ‘bandeira azul’ e 22 com ‘qualidade de ouro’, possibilitando a Albufeira apresentar-se com mais galardões atribuídos, o número de nadadores salvadores ronda um total perto de uma centena de profissionais. A média de idades situa-se entre os 18 e os 35 anos e cerca de 20 por cento são mulheres.
FORMAÇÃO CONTÍNUA
“Perspetiva-se uma época bastante exigente do ponto de vista do aumento do número de veraneantes, nomeadamente banhistas quer presentes nas praias quer em piscinas. A antecipação da época balnear implica a pré-disponibilidade dos nadadores salvadores, estando os mesmos em termos operacionais preparados para em qualquer momento exercerem em pleno as suas funções. Relativamente às contratações, e independentemente das nacionalidades, existem sempre novos elementos a integrar as equipas de nadadores salvadores, desde que devidamente certificados pelo Instituto de Socorros a Náufragos (ISN)”, afirma à Algarve Vivo Jorge Teixeira, vice-presidente da direção da Associação de Nadadores Salvadores de Albufeira (ANSA), que conta com cerca de 380 associados entre colaboradores e efetivos.
A formação contínua é uma das suas apostas estratégicas, adequando treinos de manutenção da condição física com a atualização dos conhecimentos técnicos adquiridos. “Seguramente que com uma maior consciencialização para a temática da segurança, iremos cada vez mais ser solicitados para integrar os respetivos dispositivos de segurança, nomeadamente de piscinas e empreendimentos turísticos”, realça aquele responsável.
NOVOS EQUIPAMENTOS
Os nadadores salvadores continuam a usufruir dos meios necessários para a operacionalização da sua atividade a nível de segurança e salvamento aquático para a assistência aos banhistas. “A ANSA está a reunir todos os esforços para garantir em tempo útil a inclusão de novos equipamentos que permitam melhorar os coeficientes de eficácia e eficiência de atuação no terreno tendo sempre por base estreito relacionamento quer com o Município de Albufeira, quer com a Autoridade Marítima local, quer com a GNR, bombeiros, ISN, Federação Portuguesa de Nadadores Salvadores, entre outros entidades nomeadamente da proteção civil”, acrescenta Jorge Teixeira.
Já os salários estão na média nacional (800/1000 euros e subsídio de almoço), com contratos de trabalho a termo, tudo dependendo da experiência e qualificações do nadador salvador, o que poderá implicar ajustes. Todas estas despesas são suportadas pelos concessionários.
Uma das mais graves ocorrências nas praias portuguesas está relacionada “seguramente com as mortes súbitas registadas”, refere aquele dirigente associativo, para quem “estas não dependem diretamente da possibilidade de socorro no mar.” Lembra, a propósito, informações vindas a público com base no ISN, na anterior época balnear “até 30 de setembro de 2016 terão sido registadas quatro.” Em relação a afogamentos, “estes ocorrem na maioria dos casos em praias não vigiadas e segundo a mesma fonte registaram-se 13 no total, nove em praias não vigiadas, sendo cinco no Algarve.”
Para tal, contribuíram “o aumento da temperatura da água e os fortes levantes que implicaram um maior número de agueiros que se formam junto à costa com consequências inclusivamente no aumento do risco de salvamento para os nadadores salvadores”, nota Jorge Teixeira.
Ainda de acordo com o ISN, no total houve 1317 intervenções a nível dos nadadores salvadores no país na última época balnear.
HÁ BANHISTAS A PREVARICAR
Jorge Teixeira aproveita para deixar avisos: “Temos de estar muito atentos e em alerta constante, dando um enfoque particular às crianças e aos jovens em ambiente aquático onde ocorrem os afogamentos. 46 por cento ocorrem em planos de água construídos e 48 por cento em planos de água naturais.” Aproximadamente 34 por cento dos afogamentos verificam-se com crianças entre os zero e os quatro anos.
Outra das ocorrências tem a ver, nomeadamente, com a “permanência de pessoas em zonas de risco de queda de falésias nas praias, apesar dos avisos colocados”, observa.
“Cada vez mais julgo estar tendencialmente a haver uma maior consciencialização para os cuidados a ter em ambiente aquático. Apesar disso, ainda existem banhistas que prevaricam apesar da informação e dos sinais existentes. Em termos de sanções, caberá às autoridades competentes fazer cumprir a legislação em vigor, aplicando as respetivas coimas. Faço um alerta apenas: por um mundo melhor, sejamos mais responsáveis e pensemos que a nossa liberdade vai até aonde a do outro começa”, concluiu o responsável.