Com 209 mil visitantes, FATACIL prepara expansão em 2023
Ainda mal terminou a edição deste ano da Feira de Artesanato, Turismo, Agricultura, Comércio e Indústria de Lagoa (FATACIL) e a Câmara Municipal já tem novidades para a de 2023.
Por um lado, uma delas é a integração do evento na comemoração dos 250 anos da criação do concelho de Lagoa. Por outro lado, o recinto voltará a crescer em mais oito mil metros quadrados, depois da autarquia ter comprado o terreno, onde no passado estava instalada a Mitsubishi, nas traseiras do restaurante da FATACIL.
A verdade é que após dois anos de interrupção, devido à pandemia da covid-19, as expetativas da retoma eram altas, quer para a organização, quer para os visitantes. Em jeito de balanço, Luís Encarnação, presidente da Câmara Municipal, refere que houve um ‘feedback’ muito positivo nesta edição.
“Esta já seria a maior FATACIL de sempre, a pois tínhamos mais oito mil metros quadrados de área, mas a nível de visitantes também foi, uma vez que tivemos cerca de 15 mil a mais do que em 2019. Foram mais 209 mil entradas, quase a chegar à 210 mil”, avança o autarca em declarações ao Lagoa Informa.
No entanto, mais importante que os números, Luís Encarnação destaca o nível de satisfação que o certame gerou. “Acho que podemos dizer com alguma segurança, que foi a melhor edição até ao momento. Mais do que bater recordes, correu tudo bem e ficou demonstrado que estamos preparados, pois respondemos com eficácia e de forma assertiva aos problemas que a feira tinha. As filas de viaturas na Estrada Nacional 125, no sentido Lagoa que iam quase até Lagos e, no oposto, até quase Albufeira, hoje não se verificam”, começa por enumerar.
A exceção foi apenas um dia ou outro de trânsito mais intenso, como as noites das atuações de Fernando Daniel ou Tony Carreira, mas, ainda assim, nada que se comparasse às longas filas do passado. “Passei às 21h00, na rotunda da rosa dos ventos, na noite da atuação de Bárbara Bandeira, e não havia nenhuma fila. O trânsito fluiu com toda a normalidade e estavam 17 mil pessoas no recinto”, argumenta.
O recorde diário
Por sua vez, o aumento do espaço do recinto para os 57 mil metros quadrados levou a que a maior enchente de sempre, no dia 27 de agosto, com a subida ao palco de Fernando Daniel, não causasse constrangimentos de maior. “Passaram quase 35 mil pessoas pela feira, não em simultâneo, mas o recinto acolheu muito mais do que toda a população de Lagoa. Foi um desafio substancial. Ainda assim, diria que correu muito bem, porque à hora do espetáculo, que começou apenas com cinco ou dez minutos de atraso, não tínhamos pressão nas bilheteiras”, assinala Luís Encarnação.
Antes, as pessoas perdiam muito tempo nas bilheteiras, mas a venda online facilitou as entradas nesta edição, tendo a organização registado um aumento de 130 por cento de vendas online. “Já é um número considerável, o que representa um crescimento de mais do dobro”, acrescenta ainda.
Sem constrangimentos significativos no trânsito, com 11 parques de estacionamento, sem filas para entrar e um recinto que se expandiu, “estamos muito satisfeitos” e o”balanço é muito positivo”, defende. E com quase 210 mil pessoas a visitar a feira nos dez dias, “no encerramento não tínhamos uma única queixa no Livro de Reclamações, o que também é inédito e muito gratificante”, adianta.
O sucesso deve-se, em grande parte, à equipa que organiza a feira, pois são “funcionários que vestem literalmente a camisola da FATACIL. É uma família e, sobretudo, sentimos que isto é algo que é nosso, que é de quem organiza e é dos lagoenses”, elogia.
Os dados deste ano, mais importante que bater recordes, “mostram que fomos colocados à prova e correspondemos. Fomos capazes de eliminar os principais constrangimentos e estamos preparadíssimos para continuar a fazer crescer a feira”, conclui o autarca.
Recinto ficará com sete hectares
A FATACIL de 2022 foi, portanto, mais um incentivo para continuar a dar dimensão ao certame, na perspetiva de Luís Encarnação. Aquela que é a maior feira generalista a sul do Tejo continuará a crescer. Na semana passada, a Câmara Municipal anunciou a compra do terreno, com cerca de nove mil metros quadrados, onde estava instalada a Mitsubishi, situado nas traseiras do restaurante que está dentro do recinto.
A infraestrutura existente poderá ser aproveitada ou deslocada, estando a ser alvo de estudo pelos arquitetos da autarquia. Haverá um espaço coberto que servirá para eventos ao longo do ano e, na FATACIL, para acomodar expositores que não têm stands preparados para estar ao ar livre.
O Parque Municipal de Feiras tinha 50 mil metros quadrados, este ano aumentou oito mil com terrenos da autarquia e outros que foram cedidos e, no próximo ano juntam-se mais quase 9000.
“Com o alargar da feira no futuro, com o picadeiro que passará para o parque de estacionamento ao lado da entrada, o objetivo é ficar com uma área de sete hectares. São mais 20 mil metros quadrados do que tínhamos, o que nos dará uma capacidade diária na ordem das 35 mil pessoas, conforme foi o dia do Fernando Daniel, sem grande pressão”, afirma Luís Encarnação.
250 anos do concelho
“Queremos continuar a crescer e, já no próximo ano, a FATACIL vai ficar ligada à celebração dos 250 anos da criação do concelho de Lagoa. Queremos que seja a melhor de sempre e esse é um desafio, no qual estamos a trabalhar. Vamos associar a 42ª edição a esta efeméride, pois é um número redondo e um quarto de milénio”, adianta ainda.
Picadeiro aguarda pareceres
Uma das intervenções há muito falada é a passagem do picadeiro para o parque de estacionamento de ‘terra batida’, adjacente à entrada da FATACIL.
Luís Encarnação afirma que a autarquia ainda não tem condições para lançar o procedimento, porque está em fase de obtenção de pareceres, como é o caso do Instituto Português do Desporto e Juventude e da Direção Geral de Veterinária. “Estamos a aguardar e espero que, durante este mês, nos sejam enviados. O espaço não estará pronto em 2023, mas o nosso objetivo é que, nessa altura, o novo picadeiro já esteja em construção e, em 2014, possa estar a funcionar”, assegura.
Ministro e secretários de Estado visitaram certame
António Costa da Silva, ministro da Economia e do Mar, participou na inauguração da FATACIL, no dia 19 de agosto, enquanto Rui Martinho, secretário de Estado da Agricultura, visitou o certame no dia 22, e Teresa Coelho, secretária de Estado das Pescas, esteve na FATACIL no dia 24. Deste modo, foram três os membros do governo que passaram pela feira. Dos partidos da oposição, nenhum elemento visitou o certame desde ano, ao contrário do que aconteceu em 2019, ano de eleições legislativas, em que vários políticos, em pré-campanha aproveitaram para ‘aparecer’ na tentativa de angariar simpatias e votos.
Entrevista: Fernando Daniel, um fenómeno musical que promete enchentes
O músico de Ovar, que se tornou conhecido, após ter ganho o concurso ‘The Voice Portugal’, em 2016, tem vindo a bater recordes de assistência em diversos eventos. Um deles foi a FATACIL, no dia 27 de agosto, com mais de 34 mil pessoas no recinto, onde atuou. Após o espetáculo, em entrevista ao Lagoa Informa, Fernando Daniel mostrou-se muito satisfeito com as condições proporcionadas por Lagoa e promete voltar.
Esta foi a maior enchente de sempre desta feira. O que significa para si, enquanto artista, ter subido ao palco da FATACIL?
Vou confessar que, quando cheguei, pela rua paralela ao recinto, e comecei a olhar, comentei com a minha equipa, a minha banda e o motorista, que estava um pouco vazio. Cheguei meia hora antes do concerto. Ainda por cima, o recinto é grande… Ainda assim, disse, ‘vamo-nos divertir à mesma’, porque estou mal habituado. Há dois dias fiz uma feira que foi recorde de bilheteiras, ontem estive na Madeira e, pelos vistos, também foi um dos dias com mais pessoas de sempre. Entretanto, estava a preparar-me para subir e disseram-me que estávamos com a maior enchente, pois já estavam cerca de 27 ou 28 mil bilhetes vendidos. Quando termino, confirmam-me que estavam mais de 30 mil pessoas. É fantástico e um motivo de orgulho enorme. É a primeira vez que estou aqui.
Excedeu as expetativas?
Sim. Eu já tinha expetativas altas, por isso é que quando cheguei fiquei meio triste, porque sempre ouvi falar da FATACIL, e era uma feira com muitas pessoas. Pensei, ‘não me acredito que não vou ter muitas pessoas, mas pronto…’
Como foi estar em palco?
Foi ótimo! Super qualidade… tenho de dar os parabéns também à malta do vídeo. De vez em quando desci e foi como se pertencessem à minha equipa. Houve um cuidado exímio em proporcionar ao público [uma boa experiência], enquadrando o trabalho deles dentro do meu espetáculo. Foram excelentes, assim como o público e as condições. Fomos muito bem recebidos.
Gostava de voltar?
Gostaria. Não sei como funcionam, se repete ou não, mas vou deixar aqui o ‘choradinho’, se o município e a organização quiserem, voltarei com todo o gosto, até porque há um novo espetáculo para o ano e seria sempre diferente deste.