Conselho de Ministros aprova decreto que classifica canhões do Arade como ‘Tesouro Nacional’

Os dez canhões do Arade, provenientes de recolha arqueológica subaquática realizada na Ponta do Altar, frente a Ferragudo, foram classificados como conjunto de interesse nacional, com a designação de ‘Tesouro Nacional’, durante o último Conselho de Ministros dedicado à Cultura, tendo o respetivo decreto sido publicado a 22 de abril. 

Essa classificação já tinha sido aprovada pela Secção de Museus, da Conservação e Restauro e do Património Cultural (SMUCRI) do Conselho Nacional de Cultura, e publicada em Diário da República no passado dia 10 de março. 

O resgate das dez bocas-de-fogo em bronze recolhidas ao largo da Ponta do Altar teve lugar entre 1992 e 2006, encontrando-se três exemplares patentes no Museu de Portimão, enquanto os outros sete estão depositados na coleção do Centro Nacional de Arqueologia Subaquática, em Lisboa.

O conjunto agora qualificado como de interesse nacional está associado ao contexto de naufrágio de um navio eventualmente ao serviço da coroa espanhola, o qual terá ocorrido durante o período da União Ibérica, que se verificou entre 1580 e 1640.

Ainda que encontrados de forma dispersa, os dez canhões são considerados das mais significativas coleções de artilharia do século XVII, representando um importante testemunho da navegação transoceânica da época e da passagem pela costa portuguesa das rotas de ligação entre Espanha e os seus territórios ultramarinos.

A classificação de ‘Tesouro Nacional’ é o grau mais elevado atribuível a uma peça museológica, conferindo a cada um dos canhões o estatuto de peça móvel mais importante da região e uma das mais significativas de todo o país, tendo esta determinação sido publicada em Diário da República no passado dia 10 de março. 

‘Um Mergulho na História’

O trio de canhões, com cerca de três metros de comprimento cada, foi pela primeira vez apresentado ao público no âmbito da exposição ‘Um Mergulho na História’, realizada em 2002 na antiga Fábrica Feu, poucos anos antes das obras que transformaram o edifício no futuro Museu de Portimão, tendo a mostra também estado patente em 2003, no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa.

Essa exposição revelou ao público as três colubrinas bastardas, graças à campanha realizada ao abrigo do projeto ‘ProArade’, promovido em 2001 pelo Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática, em estreita colaboração com o Museu de Portimão e o seu núcleo de arqueologia subaquática, e o GEO – Grupo de Estudos Oceânicos, no que à época constituiria um estaleiro internacional de pesquisa subaquática, com a participação de equipas do Museu de Arqueologia e Etnologia de S. Paulo, do Marine Archaeology Centre do National Institute of Oceanography de Goa e do Institute of Nautical Archaeology – Texas A&M University.

Patentes no Museu de Portimão desde a sua inauguração em 2008, os canhões não podem ser vistos neste momento pelo público, devido à decisão governamental, anunciada no dia 16 de abril, de fazer recuar Portimão para a primeira fase do conjunto de regras em vigor no atual processo de desconfinamento para combater a covid-19.

A partir do momento em que reabrir portas, o Museu voltará a exibir os três valiosos canhões, integrados na exposição permanente ‘Portimão – Território e Identidade’, no seguinte horário: terça-feira, das 14h30 às 18h00 e de quarta-feira a domingo entre as 10h00 e as 18h00, com entrada livre das 10h00 às 14h00.

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