“Distinguimo-nos por fazer política de forma diferente”
Inovação, presença constante no terreno e projetos arrojados têm marcado o primeiro ano de Joaquim João à frente da União das Freguesias de Lagoa e Carvoeiro. Destaca a importância da sua jovem equipa (o secretário Ruben Palma e a tesoureira Aline Contente) e o contínuo contacto com a população, numa maneira diferente de estar na política.
Texto: Rui Pires Santos
Fotos: Kátia Viola
Que balanço faz destes 12 meses à frente da União das Freguesias de Lagoa e Carvoeiro?
Muito positivo. Foi realizado um bom trabalho num ano financeiramente difícil, onde colocámos em prática ótimos projetos e penso que isso é reconhecido por todos. Quando fui convidado para ser candidato, tive o cuidado de pôr como condição poder escolher quem me poderia acompanhar. Todos os que estão comigo foram a primeira escolha, são da minha máxima confiança, são competentes, e foram fundamentais para o que temos conseguido. Tudo o que temos feito é um trabalho de equipa e tenho de destacar o empenho do meu secretário, Ruben Palma, e da tesoureira Aline Contente.
Quais as principais dificuldades que tem sentido nesta função?
Gostamos de agir e responder aos problemas apontados pela população de forma rápida. Não gostamos de deixar para amanhã o que podemos fazer hoje e temos consciência que há problemas cuja resolução não pode esperar. No entanto, por vezes, sentimos alguns entraves para dar essa resposta, porque não temos autonomia suficiente para fazê-lo. Quer logística, quer financeiramente.
São já conhecidos por promoverem uma série de projetos inovadores, como o Gato de Rua. Como surgiu esta ideia?
Surgiu de um problema apontado pela população de Carvoeiro, durante a campanha eleitoral. É sempre importante ouvir a população e foi isso que fizemos. Os gatos de rua não estavam esterilizados, eram alimentados pela população, nem sempre nas melhores condições de higiene, num local que tinha um amontoado de caixas de madeira, restos de comida no chão, etc. Procedemos à limpeza do local e informámo-nos com veterinários, habitantes locais e associações de animais sobre o melhor procedimento a adotar. Contámos com a colaboração da veterinária local, de um grupo de voluntários para capturar os gatos e de um rapaz natural de Lagoa que nos faz os abrigos a um preço fantástico. Desta forma, demos início a um projeto que está contemplado no acordo de execução celebrado com a Câmara Municipal. Brevemente, iremos alargá-lo a Lagoa.
É verdade que recebeu telefonemas de vários pontos do país de presidentes de junta e outros responsáveis interessados no projeto?
Recebemos inúmeras mensagens a felicitarem-nos por esta iniciativa e também para perceberem como atuamos. Fomos contactados por responsáveis de Coimbra, Loures, Messines, Odeceixe, entre outros. Só na nossa página de Facebook, tivemos mais de 117 mil visualizações nesta notícia.
A pintura de edifícios abandonados foi outra iniciativa singular por envolver sinergias. É um processo sem custos para a União das Freguesias?
Sim, absolutamente. O cargo que ocupamos obriga-nos a ter uma boa gestão, imaginação, convicção e o dever de proximidade com a população. Com estas características conseguimos colocar em prática um projeto de pintura de fachadas de casas velhas e degradadas que existem na nossa freguesia, sem que gastemos um euro. É um projeto que permite ao proprietário pintar as casas a baixo custo, permite termos a cidade mais bonita e garante aos desempregados e requerentes da nossa ação social ganharem algum dinheiro e manterem-se ocupados.
E acaba por gerar uma boa verba para o apoio social…
Sim, alivia a nossa despesa de ação social e, um pouco sem querer, faz uma filtragem de quem quer realmente ser ajudado. Havia pessoas que recorriam a nós e com este projeto deixaram de o fazer. Este projeto, no seu auge, permite que a despesa da ação social seja, em grande parte, financiada por privados.
E as críticas que existiram?
As críticas ficam para aqueles que, provavelmente, pintariam as casas privadas com dinheiros públicos, como já aconteceu no passado, que não teriam a imaginação, a convicção e proximidade com a população para convencer um proprietário a pintar a sua casa com tintas de baixo custo e com mão-de-obra vinda dos utentes que recorrem à nossa ação social. Quer queiram quer não, Lagoa está a mudar. Temos toda a documentação que prova como o processo é realizado. Tudo é transparente, é só querer ver ou ter um bocadinho de tempo e trabalho para ver…
Ainda nesta área, que intervenções vão ainda ser realizadas?
Temos realizado algumas intervenções para melhorar o aspeto da nossa freguesia, principalmente as entradas de Lagoa e Carvoeiro. Iniciámos a recuperação da entrada norte de Lagoa, onde vamos homenagear os oleiros da nossa cidade, criando um mural, colocando uns potes de barro e uma indicação da cidade de Lagoa. Temos mais intervenções em mente, que a seu tempo serão anunciadas.
A recolha de alimentos organizada em abril foi outra das iniciativas com enorme sucesso?
Foi outro projeto que pensámos ainda na campanha. Temos um elemento no executivo que conhecia o processo, mas procurámos saber mais para que tudo corresse da melhor forma. A partir daí, foi trabalhar muito, reunir com diferentes associações e entidades de Lagoa e Carvoeiro e organizar tudo. Num fim-de-semana, com a colaboração de 123 voluntários, recolhemos cerca de quatro toneladas de alimentos. Ficámos muito felizes com estes resultados, que excederam em muito as nossas melhores expetativas. Vamos repetir em 2015.
Apesar destas boas iniciativas, a crítica da oposição e de alguma população tem-se mantido…
Compreendo e sei que muitas vezes somos criticados por sermos diferentes. Mas isso agrada-me. Porque num país onde a reputação dos políticos não é a melhor, ser diferente só pode ser bom. Sempre lidei bem com as críticas, mesmo com as destrutivas.
O apoio social tem sido uma das suas bandeiras. É para continuar?
Tentamos estar em todas as frentes mas o apoio social é, sem dúvida, uma das nossas bandeiras. É e continuará a ser em 2015, onde iremos aumentar o apoio às famílias carenciadas através da abertura do Espaço D.E.R. e a adesão ao movimento ‘Zero Desperdício’. Considero que fizemos um trabalho muito bom liderado pelo nosso secretário, Ruben Palma, atualizando todos os processos, reunindo toda a documentação necessária, trabalhando em conjunto com várias entidades da freguesia, cruzando informação para que não haja sobreposição de apoios ou, caso haja, que seja feita em consciência. Esta é uma área muito delicada em todos os sentidos porque há muita gente que necessita de ajuda mas também há quem tente aproveitar-se desse facto. Estamos a criar um aplicativo informático, onde vamos dar oportunidade às entidades, que tenham ação social, acederem e perceberem o que é que foi dado às famílias por esta autarquia, antes de tomarem qualquer decisão.
Quantas famílias são apoiadas atualmente pela União das Freguesias?
Temos 194 processos de ação social, embora nem todos sejam ajudados neste momento. Felizmente, há famílias que foram ajudadas por nós e que neste momento já não necessitam. Está previsto a União das Freguesias ter um espaço exclusivo para as pessoas tratarem das questões sociais, sem terem de ir à sede… É um desejo nosso desde o primeiro dia ter um espaço exclusivo para tratar de questões sociais. Há situações delicadas que necessitam de alguma privacidade e de pouca exposição. Vamos abrir em breve o Espaço D.E.R. – Dar e Receber, para onde passará toda a ação social.
Algum projeto ou ideia que queira destacar e que vá avançar em 2015?
Temos muitas ideias e também temos projetos, muitos deles no âmbito do acordo de execução celebrado com a Câmara Municipal de Lagoa. Em 2015, vamos construir um circuito de manutenção na reta de Vale de Deus. É um projeto que pretende dar condições de segurança a quem diariamente utiliza aquele local para fazer exercício físico, como corrida e ‘jogging’. Iremos acrescentar um ginásio de rua, criando um espaço de lazer destinado a todos que queiram praticar algum exercício ao ar livre. Podemos, também, destacar a construção de uma zona de lazer e miradouro no Largo da Praia do Carvoeiro e vamos abrir um Centro Sénior em Carvoeiro.