Empresários algarvios exigem paragem das obras na EN125
Em declarações ao ‘site’ da revista Algarve Vivo, Elidérico Viegas, presidente da direção da AHETA – Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve, lamenta ter de atuar “como ponta-de-lança” dos interesses regionais, quando o problema da EN 125 “envolve toda a região, a AMAL – associação de municípios e outras entidades.” E lembra que as obras de requalificação naquela estrada já deviam estar paradas desde o final do mês de abril.
José Manuel Oliveira
“A AHETA é que tem de colocar o dedo na ferida e atuar como ponta-de-lança dos interesses do Algarve, quando o problema da Estrada Nacional 125 envolve toda a região, a AMAL – associação de municípios e outras entidades regionais. E não se trata de um assunto que o Governo não conheça”. Quem o diz é Elidérico Viegas, presidente da direção da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), em declarações ao ‘site’ da revista Algarve Vivo, sem esconder, uma vez mais, um sentimento de indignação devido às obras de requalificação em curso nesta época do ano na famigerada EN 125.
Este dirigente insiste em apelar ao Governo para que, “em nome do interesse público, ponha ordem na requalificação da EN 125, mandando parar as obras e suspendendo as portagens na Via do Infante”. Mas recusa a ideia de tomar outro tipo de medidas como manifestações na estrada onde decorrem os trabalhos ou recorrer aos tribunais com uma providência cautelar se os objetivos não forem atingidos. “As obras já deviam ter parado no final de abril. Os responsáveis deste país esquecem-se de que a época turística no Algarve vai desde essa altura até outubro. Mais do que o interesse dos empresários, é o interesse nacional que está em causa com um sector determinante para economia como é o turismo. É a imagem que se está a transmitir para o exterior com obras ‘de outro mundo’ e consequentes prejuízos económicos, que nem são quantificáveis”, alerta Elidérico Viegas.
Obras nos períodos de maior tráfego
Já antes, em comunicado, a direção da AHETA mostrou-se perentória as críticas ao Governo: “Os empresários hoteleiros e turísticos e os algarvios em geral recusam ser tratados como cidadãos de segunda e exigem a intervenção urgente e esclarecida do governo, visando resolver a problemática que envolve as obras de requalificação da EN 125. Assim, e depois de termos sido confrontados com obras que nunca mais acabam, consequência direta da falta de um planeamento adequado, fomos surpreendidos, sem qualquer aviso prévio, com o encerramento do troço mais movimentado, (Fontainhas / Maritenda) até meados de Julho.
Quando tudo fazia crer que as obras iriam parar durante a época turística, ou seja, até meados de Outubro, após vários meses com obras a decorrer entre as 8 e as 18 horas, ou seja, nos períodos de maior tráfego, contrariando tudo o que é minimamente razoável em todo o mundo em circunstâncias desta natureza, impõem-nos agora o encerramento total deste troço durante dois meses e meio”.
Ainda declarações ao ‘site’ da Algarve Vivo, Elidérico Viegas fez questão de referir que “a empresa pública Infraestruturas de Portugal, responsável pelas obras de requalificação na EN125, informou que já não corta aquele troço no Verão”. De qualquer modo, para o presidente da direção da AHETA, tal medida é insuficiente, reforçando por isso a exigência desta associação na paragem de todos os trabalhos naquela estrada “até final do mês de setembro ou meados de outubro”, bem como na imediata suspensão das portagens na A22/Via do Infante.
“Parece que existe uma tentativa de forçar as pessoas a utilizar a Via do Infante, de forma a evitar as obras na Estrada Nacional 125. E é impossível desassociar o elevado número de acidentes na EN 125 quando muitos condutores acabam por se ver obrigados a transitar nesta estrada devido aos custos das portagens na Via do Infante”, sublinhou Elidérico Viegas.
“Os empresários hoteleiros e turísticos e os algarvios merecem e exigem saber a verdade que envolve as obras na EN 125, uma vez que tudo tem sido decidido nas suas costas e à margem dos interesses regionais, sem dar cavaco a ninguém. O secretismo em torno destas obras não pode continuar a ser um exclusivo dos deuses e de alguns privilegiados. A situação atual é não só insustentável, como intolerável e completamente inaceitável”, referiu.
“Caos e gestão danosa”
Para a AHETA, as obras de requalificação da EN 125, “face ao caos instalado, configuram incompetência, falta de zelo e, em última análise, gestão danosa, exigindo a situação atual um rigoroso apuramento de responsabilidades, quer elas sejam por omissão, negligência, ou outras, atendendo aos elevados prejuízos que as mesmas vêm causando à população em geral e à atividade económica mais estratégica e prioritária da economia nacional – o turismo.”
“Por tudo isto, e tendo em vista minorar os prejuízos que esta situação vem causando e vai continuar a causar à região e ao País nos próximos meses, a AHETA considera que, em nome do interesse nacional, o governo deve suspender de imediato as obras até Outubro, assim como aprovar a implementação de uma nova estratégia de requalificação para a EN 125 ao longo da sua extensão e não apenas em alguns troços”, insiste aquela associação.
“Para que conste, as obras de requalificação da EN 125, independentemente de serem necessárias e urgentes, são manifestamente insuficientes, não prevendo, desde logo, as circulares de Olhão, Odiáxere, Lagoa, Alcantarilha, Boliqueime e Luz de Tavira, nem a qualificação entre Olhão e Vila Real de Stº. António, havendo troços que se encontram num estado verdadeiramente deplorável”, conclui a AHETA.