ESPAMOL adapta ensino à distância para evitar sobrecargas
Alguns encarregados de educação mostraram algum descontentamento em relação à carga horária aplicada no Agrupamento Escola Secundária Padre António Martins Oliveira de Lagoa (ESPAMOL), que alegadamente estaria a sobrecarregar os alunos, nesta nova fase de confinamento. Esta etapa obrigou a aplicar de novo o ensino à distância, neste ano letivo, há três semanas.
Um dos pais que falou com o Lagoa Informa refere que, ao contrário das “orientações dadas para a reorganização letiva durante o ensino à distância, para reduzir e reajustar a carga horária dos alunos e a duração das sessões síncronas”, os diretores de turma do Agrupamento informaram que o horário presencial seria mantido no online. “No entanto, há professores que dizem que lhes foi proposto 70 por cento online, servindo os restantes para marcar a assiduidade”, referiu ainda. Uma das questões levantadas é o porquê de não ter sido realizado um novo horário apenas com as aulas síncronas, para depois gerir as tarefas nas restantes horas.
Aulas divididas
Contactada pelo Lagoa Informa, Emília Maria Vicente, diretora do Agrupamento ESPAMOL, esclareceu que “está marcado o mesmo horário”, mas que se trata “apenas de uma referência para o trabalho entre o professor e o aluno”, pois as aulas são divididas entre aulas síncronas e assíncronas.
Ou seja, para o docente o regime utilizado é sempre o síncrono, mas o aluno, em algumas horas, apenas tem de entrar à hora marcada, responder à chamada, sendo-lhe depois atribuída uma tarefa para realizar de forma autónoma nessa hora. Não necessita de estar ligado, mas sabe que se tiver uma dúvida pode ligar-se de novo e esclarecê-la com o professor, explicou a responsável. Esta situação é válida para os alunos a partir do segundo ciclo.
É que mesmo nas sessões que são assíncronas há um dever de assiduidade que se manteve. “Os alunos têm de ir dizer que estão lá, o docente faz a chamada e diz qual é a tarefa que o aluno vai realizar de forma assíncrona”, conta.
O método utilizado serve para evitar “que o trabalho seja feito fora de horas, até porque o que foi estipulado foi que os alunos e os professores trabalhariam dentro desse horário, mas num regime síncrono ou assíncrono, tal como está estipulado pelas informações dadas pelo Ministério. Anda à volta de 70/30, sendo 70 por cento síncrono e 30 assíncrono”, atesta Emília Maria Vicente. Mesmo quando a aula é lecionada de forma efetiva, o que está previsto é 30 minutos a explicar matéria e o restante tempo é trabalho autónomo, com apoio do professor.
E acrescenta que “é natural que haja especulação e que as pessoas estejam todas muito cansadas disto. Estamos todos. Mas não é um replicar. É acima de tudo uma referência. Há o horário de trabalho do aluno e outro do professor, organizado de forma diferente, nunca como o presencial”.
Evitar acumular tarefas
A experiência entre março e junho de 2020, durante o primeiro confinamento, levou a estas adaptações, pois nesse ano letivo em que foi implementado um novo sistema, os docentes propunham tarefas segundo uma planificação enviada aos alunos, mas eles deixavam para a ‘última hora’, assegura.
O que deixou uma imagem de sobrecarga que não correspondia à realidade, pois os alunos não faziam as tarefas no tempo correto para as fazerem. “Para que isso não acontecesse, estipulamos este horário”, elucida. Neste caso, por exemplo, um aluno de quinto ano apenas tem aulas de manhã.
“Isto veio resolver a sobrecarga de trabalho para os professores e para os alunos. Por exemplo, para o 5º ano não há trabalhos de casa. Os alunos fazem as tarefas na aula, naquele momento e não têm de ser os pais a dar esse apoio. Se é feito na aula, o professor está disponível, não há razão nenhuma para que isso aconteça”, diz Emília Vicente
Plano de Inovação
O Agrupamento ESPAMOL implementou este ano um Plano de Inovação, dividido por semestres e com muitas disciplinas práticas. As professoras enviavam as experiências e davam um prazo para eles apresentarem. “Ou seja, eles não faziam logo. Enviavam vídeos, onde mostravam as experiências que tinham feito com os pais. Já disse aos meus colegas, para avisarem na aula anterior quais são os materiais necessários para a aula seguinte, para que eles fizessem a experiência no tempo de aula. Senão eles querem fazer com os pais e parece um trabalho de casa”, explica ainda.
Segundo a responsável, na ESPAMOL tudo depende da idade e da disciplina. “O primeiro ciclo só tem aulas de manhã. E, mesmo neste caso, o primeiro ano tem por turnos”, descreve a diretora.
A turma entra toda à mesma hora, mas metade fica em regime síncrono com a professora e a outra metade fica a fazer trabalho autónomo. A seguir ao intervalo trocam. “Aumentámos em 50 por cento a atenção que o professor pode dar a cada aluno”, justifica.
O terceiro e quarto ano já têm todos juntos, uma aula de 90 minutos, com intervalo de 30. Após essa pausa regressam e ficam a fazer tarefa em trabalho autónomo e assíncrono até às 12h00.
“Temos ‘feedbacks’ muito positivos. A verdade é que nunca vamos conseguir satisfazer todas as pessoas. Não é igual para todos, mas fica mais ou menos entre o 30/70 e o 40/60. No entanto, como nas aulas síncronas também há momentos que são assíncronos, atingimos o tal equilíbrio dos 50/50”, resume.