João Nuno Mergulhão: Evolução na continuidade nos Bombeiros de Portimão

Texto e foto: Jorge Eusébio, in Portimão Jornal nº52


A construção da Casa do Bombeiro é uma das aspirações de João Nuno Mergulhão, o atual presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Portimão (AHBVP).

A ideia é criar uma infraestrutura que sirva de local de formação para a Escola de Cadetes e Infantes e de estrutura de apoio ao quartel.
Há um terreno disponibilizado por uma benemérita para esse efeito e agora a associação está a verificar se é possível concorrer a fundos comunitários, pois “trata-se de um projeto muito caro que só dessa forma poderá vir a ser concretizado”.

João Nuno Mergulhão faz parte do grupo que dirige a associação há cerca de 12 anos, liderada por Álvaro Bila que, pelo facto de ter sido eleito para a Câmara, achou que estava na altura de deixar de ter funções executivas nos bombeiros, transitando para presidente da Assembleia Geral, o que aconteceu em abril passado.

Os restantes elementos da direção mantiveram-se e “optou-se por uma solução de continuidade, com a subida do nº2, que era eu, ao cargo de presidente, seguindo o processo adotado no comando após a saída de Richard Marques”.

Tal como aconteceu até agora, “este vai continuar a ser o trabalho de uma equipa, cujos elementos estão juntos há bastantes anos, conhecem-se bem, são amigos e têm paixão por esta causa”.

Trata-se, portanto, de “um projeto de continuidade, de manutenção do rumo que temos vindo a seguir ao longo dos anos, queremos manter a associação saudável em termos financeiros e garantir que nada falta aos bombeiros para o cumprimento do serviço que prestam à população”, garante o dirigente.

Orçamento de dois milhões de euros
Para que isso seja possível, é essencial gerir da melhor forma o orçamento global anual, que é de cerca de dois milhões de euros, provenientes do protocolo com a Câmara, da prestação de serviços, da quotização dos associados e de algumas outras fontes de receitas.

O novo presidente diz que “não é fácil conseguir, com esta verba, manter em funcionamento toda a estrutura, que, em termos humanos, é composta por 120 operacionais, sendo metade dos quais assalariados”.

Apesar das dificuldades, “sempre fizemos questão de pagar os salários e todas as outras contas religiosamente a tempo e horas e seguramente que isso irá continuar a acontecer no futuro”, refere.

Uma parte do orçamento é destinada à constante renovação da frota e, “quando se fala em viaturas para os bombeiros, é tudo caríssimo e demorado, quer no que diz respeito à compra quer quando é necessária alguma reparação”.

Por exemplo, só na última semana é que chegaram os documentos necessários emitidos pelo Instituto de Mobilidade e dos Transportes (IMT) para que entre em funcionamento uma ambulância que está no quartel, parada, desde abril.

A associação já encomendou uma outra, a qual, no entanto, face à escassez existente no mercado, só deverá ser entregue em fevereiro do próximo ano.

Maior ligação à população
Um outro equipamento que faz falta é uma nova autoescada, mas, tendo em conta o custo muito elevado, João Nuno Mergulhão defende que “não devem ser as corporações a comprar este tipo de equipamento, penso que devem ser as autarquias a entender-se e a financiar a compra de uma para os concelhos do Sotavento e outra para os do Barlavento, que serão usadas pelas respetivas corporações em função das necessidades”.

O novo responsável máximo da AHBVP destaca o apoio que a Câmara de Portimão tem dado aos bombeiros, o que, em boa medida, se deve “à especial sensibilidade que a presidente e o seu executivo têm por esta área”.

Na opinião de João Nuno Mergulhão, a forte ligação que se estabeleceu entre a autarquia, os bombeiros e a proteção civil tem sido “extremamente importante para o concelho e para que a corporação tenha, ao longo destes anos, vindo a melhorar o serviço que presta à população, respondendo, atualmente, de forma rápida e eficiente a mais de 10 mil ocorrências anuais e sendo considerada uma das mais capazes do Algarve e até do país”.

Dentro das suas possibilidades, também as juntas de freguesias prestam o seu contributo, tendo, ainda recentemente, a de Portimão oferecido alguns capacetes de proteção.

O presidente faz, ainda, questão de exaltar o contributo do grupo de escutas, que “tem sido incansável e diz sempre presente quando é necessário”.
Há, também, algumas empresas e cidadãos que ajudam, mas João Nuno Mergulhão entende que esse apoio devia ser mais substancial e que, de uma forma geral, “os bombeiros mereciam ter um reconhecimento maior por parte da sociedade”.

É preciso que “os cidadãos entendam a sua missão e não pensem neles apenas nesta altura do ano quando é preciso apagar fogos, é importante que sejam mais apoiados ao longo de todo o ano”.

Os ‘soldados da paz’ portimonenses “têm uma formação altamente especializada nas mais diversas vertentes da sua atividade, desde o socorro em caso de acidente rodoviário, passando pelos fogos urbanos, pelos salvamentos em grande ângulo e muitas outras áreas, que colocam ao dispor da população 24 horas por dia ao longo de todo o ano”.

Para tentar fomentar uma maior ligação entre a população e os bombeiros está prevista a realização de um conjunto de campanhas nos próximos tempos.

Trata-se do retomar de iniciativas que já foram desenvolvidas no passado, mas que, por força da pandemia, houve necessidade de as suspender e vão regressar agora, sendo compostas por visitas ao quartel, eventos em vários pontos do concelho e deslocações dos ‘soldados da paz’ a escolas, instituições e empresas.

Renovação do pavilhão
Outra das prioridades da equipa dirigente é proceder à renovação do pavilhão existente no quartel, que “precisa de um piso novo, de ser pintado e de nele ser criado um espaço com mais condições e equipamentos para que os nossos operacionais possam fazer exercício físico”.

Portimão é uma cidade que tem registado um forte crescimento, tem muita população e um elevado número de visitantes. Para além disso é um concelho onde são realizados muitos eventos, e junto de cada um deles tem de estar de prevenção pelo menos uma equipa de bombeiros, o que faz com que fiquem menos no quartel para acorrer a qualquer emergência.

Até agora, “graças à enorme dedicação, empenhamento e competência dos nossos bombeiros tem sido possível cumprir com êxito a nossa função, mas precisamos de aumentar o número de elementos, pelo que estamos constantemente a abrir concursos de recrutamento”.

Nesta altura está um em curso para a admissão de quatro novos bombeiros e João Nuno Mergulhão deseja que as vagas sejam todas preenchidas, mas, tal como tem acontecido no passado, é bem provável que isso não se concretize.

Sobretudo nesta altura do ano, há muitas opções de emprego mais rentáveis para os algarvios e, por outro lado, devido à ‘inflação’ provocada pelo turismo torna-se quase incomportável a pessoas que vivem noutros pontos do país virem trabalhar para Portimão como bombeiros, uma vez que só a renda da casa acabava por absorver uma parte considerável do ordenado.

Apesar de todas estas dificuldades e desafios, o presidente da associação garante que a corporação vai continuar a estar presente e a responder à altura a todas as situações que exijam a sua intervenção.

A equipa que gere os bombeiros

DIREÇÃO 
João Nuno Mergulhão (presidente); Mário de Freitas (vice-presidente); Maria Celeste Vilarinho (tesoureira); Filipe Cabral e Armindo Silva (vogais); Daniel Cartucho; João Francisco Trindade; Maria do Sameiro Lopes; Paula Teixeira; Paulo Jorge Tavares e Filipe Esteves (suplentes)

ASSEMBLEIA GERAL

Álvaro Bila (presidente); Cláudio Ventura (vice-presidente); Rui Manuel Moreira Rosa (1º secretário) e Ana Maria Castro
(2ª secretária)

CONSELHO FISCAL

Emílio Vidigal (presidente); Heliodoro Veiga (vice-presidente); João Paulo Neves Lagartinho (secretário) e Cremilde Pacheco (suplente)

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