João Pimenta: “A JS Lagoa tem de ter assento na Assembleia Municipal” 

Filiado no PS desde 2019, João Pimenta, 25 anos, é o atual presidente da Juventude Socialista (JS) de Lagoa, depois de ter tomado posse em outubro de 2023. Licenciado em Matemática, é mestrando em Economia Monetária Financeira e trabalha atualmente em Lisboa, na empresa KPMG. Mantém a sua forte ligação a Lagoa, onde vem todos os meses e vive desde sempre a sua família. Na primeira entrevista no cargo, aponta o caminho para o futuro e o que pretende concretizar neste mandato.

Como é que a política entrou na sua vida?
Nasci no seio de uma família em que o patriarca sempre esteve ligado à política, em diversas funções. Foi presidente da Assembleia Municipal de Lagoa, candidato à Junta de Freguesia e sempre foi socialista. Lembro-me de, na minha infância, participar nas arruadas em Lagoa nas várias eleições. Aos 14 anos, senti a necessidade de me cultivar e tentar perceber o que era a ideologia política e perceber o que me levava a olhar para esta atividade com algum interesse. Analisei a ideologia de cada partido e na altura identifiquei-me como esquerdista. Revia-me na abrangência do PS. Economicamente sou de esquerda, a nível social sinto-me de centro esquerda.

O que o atrai nesta atividade?
Principalmente o que podemos mudar na vida das pessoas. Acho que mais importante que teorias, é o que se materializa, o que se torna efetivo. Sinto que nós, jovens, temos voz, principalmente quando dialogamos com a Câmara Municipal e com os nossos camaradas, e assim podemos alterar algumas coisas, como foram o caso dos planos verdes ou as intervenções na Escola Secundária Padre António Martins de Oliveira. Acredito que é possível mudar o rumo ou dar um contributo em algumas políticas praticadas no nosso concelho e é isso que me motiva e aos jovens da JS.

A política pode ser atrativa para a juventude?
O escrutínio que fazem a esta classe é enorme. Vimos o que aconteceu ao ex-primeiro ministro António Costa. Esse escrutínio é recorrente e o afastamento das nossas gerações no interesse na política faz com que percamos as convicções de ter uma carreira política. A melhor forma de estar na política, na minha perspetiva, não é ambicionar altos voos, mas sim colocarmos os olhos nas pessoas que estão perto de nós, na nossa vila ou cidade, e sentir que podemos mudar para melhor a vida dessas pessoas e das próximas gerações.

O que quer mudar na JS Lagoa?
Tal como o Partido Socialista, este projeto da Juventude Socialista não é apenas de estabilidade, mas também de alguma inovação. Acho que tudo o que é executado da mesma forma como foi antes, começa a parecer repetitivo e sequencial. O objetivo das novas lideranças deve ser trazer inovação, fazer a diferença e mostrar que, neste caso, os mais novos podem trazer ideias novas. Devemos ter alguma continuidade sim, mas sempre com inovação. É isso que defendo também para a Juventude Socialista de Lagoa. No computo geral, mantemos grande parte dos quadros, mas há inovação com a aposta em jovens no secretariado da mesa que ainda não tinham 18 anos quando integraram as listas e que fazem parte do núcleo de estudantes socialistas.

Quais são os temas que mais se discutem no seio da JS?
São sempre comuns aos do Algarve. Discute-se o facto de o trabalho não ser digno ou de as horas de trabalho para os jovens serem exageradas. Falamos do afastamento escolar precoce na região, muito superior ao do resto do país. Isso é algo que nos preocupa muito, tal como a habitação. Depois ainda o Serviço Nacional de Saúde do Algarve.

Quais sãos as principais medidas/ações do seu programa?
Temos várias bandeiras. Este mandato terminará depois das eleições autárquicas de 2025 e temos como objetivo principal ter assento na Assembleia Municipal, porque precisamos ter voz. Ninguém defenderá melhor as nossas convicções que nós. Serão sempre os jovens os melhores defensores das suas causas e acho que é altura de estarmos representados neste importante órgão autárquico. Promover o associativismo jovem é fundamental. No mandato anterior, fez-se algo inovador, que foi a criação do núcleo de estudantes socialistas. O objetivo agora é crescer e torná-los mais participativos e mostrar-lhes que não precisam de ter um socialismo vincado para promover as suas reivindicações nas escolas.

A Casa da Juventude é outra prioridade…
Sim, defendemos a construção de uma Casa da Juventude e também que o Gabinete de Empreendedorismo Jovem funcione de outra forma. É essencial que estes dois espaços existam. Os jovens não podem olhar para Lagoa e pensar que apenas podem trabalhar para uma grande entidade empregadora ou então que acabam no turismo e restauração. É preciso ter uma oferta maior. Temos empresas que podem empregar jovens qualificados e com apoios municipais isso pode acontecer. Há que saber promover essas possibilidades.

Que análise faz ao trabalho do executivo PS na Câmara?
Há uma coisa importante e que deve ser valorizada. Sabemos como se ganham eleições nos pequenos concelhos. E a obra feita é sempre importante para o voto. É de valorizar este executivo que não se tem preocupado com a caça ao voto. A substituição das condutas de água não cativa e provoca constrangimentos, mas tem sido uma das principais bandeiras. Acho que os lagoenses devem ter em consideração, na análise a Luís Encarnação, que tem sido dada prioridade ao que é necessário e não ao que é politicamente bem visto. Recordo que Lagoa é visto como um dos municípios mais seguros e dos melhores para viver. Há concelhos no Algarve onde não é assim. Este executivo tem conseguido dar uma perspetiva de Lagoa diferente e tem feito um trabalho positivo. Mas, claro, há sempre coisas para melhorar.

As jovens socialistas

Na entrevista ao Lagoa Informa, João Pimenta fez-se acompanhar de Inês Bento, vice-presidente da JS, e Alice Luz presidente da Assembleia de Militantes. A primeira tem 27 anos, é professora do 1º Ciclo, estudou fora, mas regressou ao concelho. É uma socialista desde sempre. “A política surgiu um pouco por causa da minha família, que é toda socialista. O meu avô sempre me incutiu esses valores e estou nesta missão de procurar dar voz aos jovens”, refere a militante. Alice Luz tem 21 anos e é estudante de mestrado de Contabilidade, Fiscalidade e Finanças. “Entrei na JS por convite, mas depois comecei a gostar mesmo de participar. Defendo que é necessário incluir mais os jovens e as nossas ideias”, salienta.

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