José Carlos Rolo: “Pudemos testemunhar qual a nossa verdadeira dimensão neste enorme universo”

Texto: Ana Sofia Varela


Este é um período marcante para um presidente de Câmara em funções. Qual foi o maior desafio que enfrentou com esta pandemia?
Não poderemos pensar ou afirmar que haja apenas um desafio, mas vários desafios. O primeiro foi tudo o que teve a ver com a criação de defesas para que a propagação não fosse exponencial, tomando medidas que pretenderam evitar a propagação. Teve como estratégia encerrar serviços municipais e cancelar eventos que proporcionassem concentrações de pessoas. Por outro lado, foram encerrados todos os espaços de lazer, desportivos e culturais bem como alguns equipamentos. Um segundo desafio foi colaborar e promover a realização de melhorias quer nos equipamentos de saúde, lares, Bombeiros e Guarda Nacional Republicana (GNR), fornecendo Equipamentos de Proteção individual (EPI) para os seus funcionários, numa atitude de proteção para com aqueles que, desde a primeira hora, desenvolvem atividades de risco. Posteriormente, foi o desafio de constituir e construir as zonas de apoio para pessoas em quarentena ou para infetados. Por fim, houve um outro que tem a ver com as consequências. Como por exemplo, a ajuda alimentar, quer em géneros, quer em alimentação confecionada, e o auxílio para medicamentos. Desenvolvemos também um projeto no sentido de fornecer aos alunos do ensino básico 694 tablets e 110 portáteis para que os estudantes que não possuem estes meios não sejam discriminados.

Como vê o comportamento dos seus munícipes neste período?
Foi, ao longo deste tempo, um comportamento que, de uma forma geral, considero excelente mostrando responsabilidade e exercendo um verdadeiro dever da cidadania.

Qual o maior receio que sentiu?
Senti, em determinado momento, que caminhávamos num terreno desconhecido em absoluto e muito instável, lutando contra um inimigo invisível, sem poder prever o que poderia vir a acontecer no momento seguinte, pois podia desenvolver-se um volte face total. Felizmente tal, até ao momento, não se verificou.

O que pensa que mudará, no futuro, nas relações sociais?
Os comportamentos vão alterar-se, nalguns casos, pois considero que as famílias ficaram a conhecer-se um pouco melhor. Por outro lado, pudemos testemunhar qual a nossa verdadeira dimensão neste enorme universo. Somos, pois, muito pequeninos. Uma outra coisa que me tem parecido é a importância da ciência e da investigação científica que, por vezes, é esquecida com o aparecimento da economia selvagem e que não olha a meios para atingir fins.

Quais são os principais apoios ou medidas que a sua autarquia está a preparar para auxiliar a economia local?
Algumas medidas já foram tomadas e outras irão aparecer nesta nova fase a que nomeámos de ‘Programa RENASCER’. Uma das já tomadas foi a isenção das tarifas fixas inseridas na fatura da água, saneamento e resíduos sólidos. Por outro lado, foi isentado o pagamento das rendas dos espaços comerciais pertença do município, as taxas de ocupação de via pública e o pagamento do transporte urbano (Giro). Além disso, estamos a estudar outros aspetos onde poderemos contribuir para a economia local, como a agilização e simplificação dos processos de obras, para que mais rapidamente se criem postos de trabalho, convidando sempre empresas do concelho, a par de outras, seguindo as normas da contratação pública, a par de apoios às empresas locais. Outra das medidas realizadas foi uma videoconferência com as associações empresariais e as de carácter social para ouvir os intervenientes e suas sugestões.

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