Luís Matos Martins: “Startup Portimão superou todas as expetativas”
Foi há quase um ano que surgiu a Startup Portimão. Instalada num espaço cedido pelo Autódromo Internacional do Algarve à Câmara de Portimão, acolhe projetos empresariais não só do Algarve, como de outros pontos do país e até alguns promovidos por empreendedores de outros países. À sua frente encontra-se Luís Matos Martins, que, nesta entrevista, faz o balanço do que foi conseguido até agora e revela a estratégia para os próximos tempos.
TEXTO: JORGE EUSÉBIO
Que balanço faz deste quase um ano de existência da Startup Portimão?
É um balanço muito positivo, que está a superar as minhas expectativas. A Startup Portimão foi inaugurada em 10 de agosto do ano passado, em pleno Verão, o que não era, à partida, uma data muito favorável, mas, no entanto, acabamos por conseguir ter pessoas do sistema nacional e até internacional do empreendedorismo na nossa inauguração porque se encontravam de férias no Algarve. Ao fim de seis meses fizemos um ponto de situação e era notório o número de empresas que já tínhamos. Estou envolvido em várias incubadoras, comecei na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, depois lancei uma incubadora no ISCTE, depois em Cascais e Mafra… enfim, tenho estado ligado, de forma direta e indireta a diversos equipamentos do género e, realmente, foi notória a rapidez com que conseguimos ter empreendedores interessados em ir para a Startup Portimão.
Que razões encontra para isso ter acontecido?
Acho que isso aconteceu porque havia necessidade de ter uma incubadora no Barlavento com esta dinâmica e, concretamente, virada para as ‘cidades inteligentes’. Para além disso, o facto de estar instalada no Autódromo Internacional do Algarve, o que potencia a formação de uma rede internacional, também ajudou a que muito rapidamente surgissem interessados em se instalar nela. Depois, o nosso trabalho também tem ajudado, temos levado uma série de iniciativas interessantes à Startup Portimão, como o 1º Bootcamp de Empreendedorismo ou uma semi-final do ‘Get in the ring’, que colocou vários empreendedores num ringue de boxe a competir.
Esse tipo de iniciativas é para continuar?
Sem dúvida, vamos continuar com muita dinâmica e atividades. Vamos, por exemplo, lançar um programa de aceleração de empresas, que se realizará no primeiro trimestre de 2019, também ligado às ‘cidades inteligentes’.
Quando a Startup Portimão foi inaugurada, lembro-me de o ouvir dizer que queria trazer para ali empreendedores não só de Portimão e do Algarve, como de outras regiões do país. Esse objetivo foi atingido?
Sim, e até temos três estrangeiros: um espanhol, um polaco e um alemão.
Que mais-valias trouxe a ligação ao Autódromo Internacional do Algarve?
Trouxe várias, desde a vertente da gestão do equipamento até à rede de contactos que o autódromo tem proporcionado às empresas que ali se instalam. Presta-lhes muito apoio, dá muito ‘feed-back’ aos projetos, melhora as condições das empresas que lá estão, tem até feito aquisição de serviços a algumas delas, tem prestado uma colaboração fantástica. A instalação da incubadora nas instalações do Autódromo Internacional do Algarve permitiu-nos implantar um sistema parecido com o dos centros comerciais, em que existem lojas-âncora. Nas incubadoras e nos centros de negócios devemos também tê-las. O Autódromo, neste caso, funciona como uma excelente loja-âncora, que dá grande atratividade a todo o conjunto de empresas que funcionam nas suas instalações.
Na altura do arranque houve quem criticasse a localização da Startup Portimão por ficar muito afastada do centro do concelho. Isso revelou-se um problema ou constatou-se que era uma preocupação sem sentido?
Como empreendedor, não vejo problemas, vejo oportunidades. Estabelecer uma ligação forte com o autódromo é uma grande oportunidade. No que diz respeito concretamente à questão das acessibilidades e transportes, por exemplo, para os empreendedores de fora do concelho – e temos vários – torna-se relativamente fácil chegar à Startup, geralmente até com menos congestionamento de trânsito do que se tivessem de ir ao centro de Portimão. No que ao estacionamento diz respeito, também ali têm outras condições do que numa cidade. Para além disso, dentro de pouco tempo deverá ser estendida a rede de transporte urbano de Portimão (o Vai e Vem) até ao Autódromo.
Prevê que, a curto ou médio prazo, a Startup vá precisar de mais espaço? O que existe já está a ficar quase todo ocupado?
Já está esgotado, mas estamos a ver como é que conseguimos otimizar o espaço. Estamos a conversar com os nossos parceiros, nomeadamente com o Autódromo Internacional do Algarve, na perspetiva de conseguirmos mais uma sala para ‘coworking’.
Para os próximos tempos, que projetos têm?
A nossa estratégia é composta por três vetores. O primeiro é a consolidação da Startup Portimão, através de iniciativas que tragam até nós empreendedores nacionais e internacionais e do desenvolvimento de um programa de aceleração de empresas. Outro vetor é a criação de um guia para o empreendedor e investidor, em português e inglês, com todo o tipo de informações de que necessitem para rapidamente concretizarem a instalação das suas empresas e de investimentos no concelho. A terceira prioridade é ’entrar’ no empreendedorismo jovem. Vamos trabalhar juntamente com as escolas, com iniciativas para as crianças e jovens estudantes. Não queremos que o empreendedorismo no concelho se restrinja ao espaço físico da Startup Portimão, mas que seja mais alargada, nomeadamente, através destes três vetores.
INCUBADORA ACOLHE 15 EMPRESAS
Inaugurada em 10 de agosto de 2017, em pleno Autódromo Internacional do Algarve, a Startup Portimão conta, atualmente, com um total de dez empresas que estão fisicamente instaladas nas suas instalações e com cinco que têm uma ligação virtual. No que diz respeito a áreas de atuação, cinco delas desenvolvem atividade no sector do turismo; três na vertente dos sistemas de informação e as restantes dividem-se pelos setores das energias renováveis, aplicações informáticas, recursos humanos, saúde, ‘street food’, sistemas de ‘marketing’ e desenvolvimento de ‘software’.
INICIATIVAS INOVADORAS
Com alguma regularidade, a Startup Portimão leva a cabo iniciativas ligadas ao empreendedorismo, não só direcionadas para as empresas que acolhe como para empreendedores e empresários externos. Uma delas consistiu num Bootcamp, em que os participantes tinham o desafio de fazer a apresentação (‘pitch’) dos seus projetos ou empresas a um painel de empresários, alguns deles bem conhecidos dos portugueses, como Tim Vieira, que participou na versão portuguesa do programa televisivo ‘Shark Tank’. Outra curiosa iniciativa levada a cabo nas instalações da Startup Portimão foi o ‘Get in the Ring’. Os participantes subiram a ringue de boxe, não para uma sessão de pugilismo, mas para um combate de argumentação, através do qual procuraram mostrar ao júri as suas qualidades como empreendedores e as dos projetos que representavam. Os vencedores ganharam o direito de participar na grande final nacional deste concurso.