Luís Matos: “Queremos valorizar o papel do arquiteto e da arquitetura na educação da sociedade”
O candidato da Lista A às eleições do Conselho Diretivo Regional Ordem dos Arquitetos, que terão lugar entre 17 e 26 de junho, pretende dignificar a profissão e o território.
Até que ponto a pandemia da COVID-19 está a condicionar a profissão e a criação de novos projetos?
Os colegas do privado estão muito bem preparados para um confinamento, ao passo que nos organismos públicos foi necessária uma rápida adaptação, que tem vindo a ser aperfeiçoada. De um modo geral, tem sido feito um esforço conjunto, entre as partes privada e pública, para que a arquitetura esteja à altura das circunstâncias. Claro que a profissão estará condicionada pelas oscilações económicas e financeiras que se adivinham. Esses efeitos poderão, contudo, eventualmente ser mitigados no Algarve, uma zona sempre muito apelativa do ponto de vista do investidor, continuando a ser a 4.ª região do país com maior investimento.
É imprescindível, no Algarve como nas outras seis regiões, por forma a que a Ordem dos Arquitetos esteja presente em todo o país, descentralizando os seus serviços e atividades.
O aumento da precariedade da profissão na região pode ser uma consequência da atual situação?
A precariedade é criada quando se deixa de investir. É transversal a todas as profissões. O agravante, neste caso, é a relação da profissão com a construção civil, um sector altamente cíclico em qualquer parte do mundo. A crise de 2008, por exemplo, obrigou a profissão não só a adaptar-se, mas sobretudo a agir e a arriscar para poder sobreviver: muitos colegas emigraram, outros conseguiram exportar, outros exploraram outras áreas e outros ainda importa dizê-lo abandonaram a arquitetura. Não controlamos, naturalmente, o ciclo económico, mas são possíveis pequenas mudanças que teriam um impacto enorme no quotidiano da profissão, tais como a uniformização dos procedimentos públicos na submissão de projetos e a interpretação igualitária da legislação vigente.
A candidatura ‘Uma Ordem Presente no Algarve’, à qual foi atribuída a Lista A, preparou um programa de ações realmente exequíveis neste primeiro mandato de três anos, com o objetivo de dignificar a profissão e o território.
Que impacto económico poderá existir caso o setor fique congelado por mais tempo?
O efeito recessivo do confinamento gera alguma apreensão nos projetos já em curso, ao mesmo tempo que condiciona as expectativas em relação a trabalhos futuros. Neste campo, é muito relevante o risco do investidor vir a exigir uma redução de custos de tal ordem que poderá impactar os standards de qualidade arquitetónica.
Que papel pode desempenhar o futuro Conselho Diretivo Regional da Ordem dos Arquitetos do Algarve nesta situação e noutras que possam vir a surgir?
O Conselho será determinante para o desbloqueio de entraves que possam surgir em situações de crise, como aconteceu nesta pandemia provocada pelo Covid-19. Neste caso, logo que se formalizou o isolamento social e a suspensão dos serviços públicos de atendimento presencial, a nossa equipa, que já se encontrava organizada com o atual delegado da O.A. pelo Algarve, comunicou e questionou todos os municípios do Algarve, sobre os procedimentos adotados para a apresentação e acompanhamento de processos de licenciamento de obras particulares. As informações apuradas foram prontamente divulgadas à nossa rede de contactos. Facilitámos, assim, a continuidade de comunicação dos arquitetos com as entidades licenciadoras, promovendo a manutenção da dinâmica do seu trabalho.
Era imprescindível a criação do Conselho Diretivo Regional? Porquê?
É imprescindível, no Algarve como nas outras seis regiões, por forma a que a Ordem dos Arquitetos esteja presente em todo o país, descentralizando os seus serviços e atividades. É um processo que pretende garantir maior proximidade e equidade entre os membros e a associação pública profissional que os representa, bem como com as entidades públicas e privadas com que se relacionam.
O que propõe a sua candidatura a melhorar ou a alterar na profissão?
A candidatura ‘Uma Ordem Presente no Algarve’, à qual foi atribuída a Lista A, preparou um programa de ações realmente exequíveis neste primeiro mandato de três anos, com o objetivo de dignificar a profissão e o território. Pretendemos saber mais sobre os arquitetos no Algarve e apoiá-los de forma permanente, com recursos jurídicos e com a defesa, junto da AMAL, da uniformização dos processos administrativos entre as diferentes autarquias. Queremos ainda agilizar a comunicação com as entidades licenciadoras. Ao mesmo tempo, pretendemos valorizar o papel do arquiteto e da arquitetura na educação da sociedade, reavivando o interesse de todos pela arquitetura da região com a criação de um roteiro e de prémios de arquitetura; promovendo o acesso de arquitetos a concursos de contratação pública e implementando ações de formação essenciais para a prática e evolução da profissão no Algarve.