Macário Correia: “Faro está a ver passar os comboios”

Texto: Rui Pires Santos e José Manuel Oliveira | Foto: CM Faro


Como analisa o trabalho que está a ser desenvolvido pelo seu sucessor na Câmara Municipal de Faro, Rogério Bacalhau?
Acho que Faro tem um problema que não é de hoje: de afirmação regional. Vive com o orgulho passadista que é ser capital. Mas não é capital de coisa nenhuma. A capital do Algarve é Loulé. E, portanto, Faro está a ver passar os comboios. Tinha o Governo Civil na baixa da cidade, mas hoje há uma série de serviços regionais que estão em Loulé. Faro vai perdendo serviços regionais, não tem uma zona industrial, zonas de investimento, zonas turísticas, nem um campo de golfe ou uma marina em condições, conta apenas com alguns serviços administrativos. Se algum dia o hospital sair de Faro, fica com a Universidade e a cidade não terá mais nada.

Quem é o culpado de toda essa situação?
O culpado não é o presidente [da Câmara Municipal] atual só por si. É um ciclo de meia centena de anos em que Faro não foi capaz de se reafirmar, não criou uma estratégia de desenvolvimento. Tem a sorte de ter o aeroporto porque ali é uma zona plana e na altura não havia política do ambiente. Mas as pessoas chegam ao aeroporto, apenas pousam em Faro por razões administrativas. E depois, 99 por cento delas saem para outros sítios.

O que teria feito se tivesse continuado na presidência da Câmara de Faro?
No tempo em que lá estive, não tinha dinheiro nem para ‘mandar cantar um cego’. Mas o desejável é que Faro crie uma estratégia de fixação de economia na área do turismo e na área empresarial. É fundamental um centro de negócios e um parque empresarial. E é também importante ter hotelaria, um campo de golfe, que esteve previsto na zona de Estoi. O número de camas hoteleiras de Faro é inferior a qualquer concelho do Algarve.

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