Maria do Carmo Simão mostrou ‘A Faceta do Outro Eu’ em Ferragudo

Texto e fotos: José Garrancho, in Lagoa Informa


Maria do Carmo Zeferino Simão Correia, de 77 anos, expôs a solo na vila do seu coração, Ferragudo, para onde foi viver com um ano, onde cresceu e se manteve até aos 21 anos. Com essa idade, casou com um embarcadiço da marinha mercante e foi residir para a margem sul do Tejo, mais precisamente para a Amora, onde se encontra atualmente.

“Gosto tanto do mar, da praia, da própria vila, que é linda, que consegui transmitir esse amor à minha filha. E ela, cada vez que tinha férias, vinha para a casa dos avôs. Quando iniciou o curso, dizia-me que, quando o acabasse, vinha estagiar para cá. Só tenho esta filha e nunca imaginei que assim fosse. Mas aconteceu e por aqui ficou e eu também nunca perdi a ligação a Ferragudo”, afirma. A filha chama-se Anabela Simão e é a atual vice-presidente da Câmara Municipal de Lagoa.

A inauguração da exposição decorreu a 21 de agosto, na Casa do Real Compromisso Marítimo, no âmbito das comemorações dos 504 anos de Ferragudo, data em que por via da Carta de Privilégios dada pela Rainha D. Leonor a agora vila foi formalmente constituída como lugar. Em exposição estiveram quatro peças escultóricas em cerâmica e 23 quadros com técnicas diferentes – aguarela, óleo, acrílico, pastel e café.

Quando é que notou que tinha esta veia artística?
Desde muito jovem que gosto de coisas artísticas e iniciei-me a fazer trabalhos de bordados e rendas. Mas gostava muito de pintar e ia comprando umas tintas e telas e fazendo uns quadros pequeninos.

Entretanto, aprendeu a pintar em porcelana?
Sim, aos trinta e tal anos, com uma grande artista, a Isabel, que ganhou vários prémios e ensinava no seu atelier.

Como e quando se iniciou na pintura, a sério?
Quando fiz a minha casa, tinha tapetes de arraiolos, ponto cruz, pinturas em porcelana, coisas que já fazia, mas não tinha quadros. Então, pensei em comprar telas e óleos e comecei a pintar. Não tinha técnica, fazia à minha maneira, dentro do que sabia das porcelanas.

E como conseguiu adquirir a técnica?
Havia uma senhora formada em Belas Artes, a Graça Palau, que dava aulas às segundas-feiras, no meu dia de folga. Foi ela quem me ensinou toda a técnica da pintura a óleo. Levei-lhe dois ou três trabalhos que já tinha feito e ela gostou e disse que eu tinha muito jeito. E assim começou. Fui fazendo, oferecendo aos familiares, mas era o meu ‘hobby’, pois a minha profissão era cabeleireira. Tinha um salão e, quando havia menos trabalho, aproveitava para pintar.

Mas a D. Maria do Carmo não pinta só a óleo. Como adquiriu as outras técnicas?
Quando me reformei, decidi ir para a universidade sénior. E aí aprendi aguarela, pastel, acrílico e outras técnicas. Tenho aulas de aguarela com a professora Teresa Silva e de pastel seco e acrílico com a professora Joana Verdelho.

E a cerâmica, como apareceu?
Uma colega minha pertencia à Artes – Associação Cultural do Seixal e convidou-me para ir com ela às aulas de cerâmica. Fui e comecei a fazer uns trabalhos de modelagem em barro com o mestre Carlos Alberto Pé Leve. E ele, ao ver os meus trabalhos, disse-me que eu tinha de fazer exposições e assim comecei. E, neste momento, também faço parte dos órgãos sociais da Associação.

Falemos das exposições, o objetivo de qualquer artista…
Há cerca de 20 anos, fiz uma exposição individual de óleos em Lagoa. Tenho participado em várias organizadas pela Universidade Sénior do Seixal e, desde 2018, em várias mostras coletivas, na Galeria Augusto Cabrita. Em 2024, participei na exposição coletiva do Dia Internacional da Mulher e promovi uma outra individual na galeria da Junta de Freguesia de Amora. De há 12 anos para cá, como estou reformada, dedico-me mais. E posso agradecer ao meu marido, que me apoia totalmente. – JG

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