Moita Flores alerta em Lagoa: “Ninguém tem 60 mil amigos no Facebook”

Numa tertúlia realizada a 23 de março no auditório do Convento de S. José, em Lagoa, com mais de meia centena de participantes, o escritor e investigador Moita Flores deixou vários recados aos país e avós para controlarem os jovens e as crianças perante os perigos resultantes da Internet.

Texto: José Manuel Oliveira / Foto: Kátia Viola

“É uma ilusão alguém dizer que tem 60 mil amigos ao referir-se às redes sociais, ao Facebook. Ninguém tem tantos amigos a sério através da Internet. É tudo falso, perverso, 60 mil ‘amigos’ andam é a espiar-nos.”

O alerta foi lançado pelo escritor, professor e investigador Francisco Moita Flores, antigo inspetor da Polícia Judiciária, durante uma tertúlia subordinada ao tema ‘ As Redes Sociais e as Novas Formas de Violência’, promovida pelo Lions Club com o Núcleo de Lagoa/Portimão da Liga dos Combatentes. Moderada pela promotora da iniciativa e investigadora Maria Luísa Francisco, acompanhada na mesa por Anabela Simão, vereadora da Câmara de Lagoa, reuniu mais de meia centena de participantes, tendo sido das mais concorridas na data que assinalou o 11º. aniversário das tertúlias.

“REDES SOCIAIS DESTROEM RELAÇÕES PSICO-AFECTIVAS”

Neste encontro, Moita Flores acusou as redes sociais de estarem a “destruir as relações psico-afetivas entre as pessoas”. “Aquilo que queremos de um amigo são relações afetivas. Sem o corpo, sem a presença física não existem relações sociais entre vizinhos, amigos e familiares, por exemplo, num casamento, num batizado, num funeral, numa visita a alguém que está no hospital ou na prisão”, sublinhou.

Depois de insistir que “ninguém tem 60 amigos a sério” (“os meus serão talvez uns cinco, seis grandes amigos e terei 40/60 amigos”) e de haver, “isso sim, imagens de amigos” nas redes sociais, o convidado avisou os pais e avós de crianças e jovens para o facto de estes estarem expostos a “perigos e preocupações.”

“CONTROLEM O QUE OS FILHOS FAZEM NAS REDES SOCIAIS”

Ao alertar para “abstrações” e “psico-dramas” como fruto das redes sociais, Moita Flores lembrou o caso recente de uma estudante adolescente desaparecida em Viana do Castelo e encontrada alguns dias depois por investigadores da PJ numa casa abandonada noutra zona do país, com um homem, entretanto detido por suspeita de abusos sexuais. “Há falsos perfis com caras de outras figuras. É através da Internet que se potencia o perigo do terrorismo. Os ataques do chamado ‘Estado Islâmico’ passam pela Internet, o mesmo sucedendo com as redes de tráfico de seres humanos, escravatura, com milhões, biliões de euros e negócios de armamento e droga. O que posso aconselhar é não permitirem que os vossos netos e filhos tenham amigos no ‘Facebook’ que não conhecem. Perguntem-lhes: Quem são os amigos? De onde são? Em que escolas estão? De que falam? É uma exigência dos pais fazer isso. Controlem o que os vossos filhos fazem nas redes sociais”, apelou Moita Flores, para quem os progenitores devem ter acesso às ‘passwords’.

“A Internet está a contaminar-nos e a levar-nos para um mundo diferente. Está cheia de armadilhas e ilusões e muitos deixam-se seduzir por aquilo que não é”, observou.

PAIS SÃO CÚMPLICES NO USO DO TELEMÓVEL

Durante o período de debate com o público, foi reconhecido por alguns dos participantes que “os pais são cúmplices no uso do telemóvel” ao obrigarem os filhos a levar o equipamento “para a escola ou até para um concerto.” Por outro lado, notou uma senhora, “não têm formação e muitas vezes não estão preparados para lidar com a Internet, achando engraçado o que veem.”

“SÓ NOS FALTA TER FILHOS PELA NET…”

Já perto do final da tertúlia, Moita Flores recordou que recentemente uma empresa norte-americana anunciou a “comercialização de orgasmos pela Internet por 99 dólares.” “Como é possível alguém ter um orgasmo pela Internet? Vejam bem onde chega a loucura!” – reagiu. E, com alguma ironia à mistura, acrescentou: “Só nos falta ter filhos pela Internet…”

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