Município de Portimão cria núcleo museológico dedicado a António Marreiros

A Câmara Municipal de Portimão comprou, na semana passada, a casa onde António Marreiros tinha instalada a sua barbearia, na Mexilhoeira Grande, para criar um núcleo museológico que retrate a vida e obra daquela que foi uma figura incontornável na história da freguesia e do concelho.

Ao que o Portimão Jornal apurou, a autarquia quer preservar aquela casa térrea, situada na Rua Francisco Bivar, e aproveitar a oportunidade para criar um polo onde possa expor o espólio de António Marreiros. Com a compra deste edifício, a Câmara Municipal quer manter vivos o percurso e o testemunho deixado por António Marreiros, nas suas mais diversas áreas de atuação, quer profissionais, quer artísticas.

Esta aquisição é, segundo apurou ainda o Portimão Jornal, encarada pela autarquia como uma oportunidade única para preservar o legado deixado, tornando-o visitável.

A intenção é colocar à vista de todos a coleção, doada ao Museu, à qual se junta ainda o espólio fotográfico que já tinha sido entregue pelo autor em 2020, àquele equipamento cultural.

Apesar de ainda não estar traçado e definido todo o plano de conceção do futuro núcleo museológico, pois ainda está em fase de estudo, a intenção da autarquia será restaurar o imóvel, respeitando os elementos característicos tradicionais do edifício, tendo em conta a época em que foi construído, e colocar, mais tarde, suportes e estruturas expositivas, com apontamentos audiovisuais e interativos que complementem o espólio patente.

Deverão ser temas de destaque, o quotidiano da Mexilhoeira Grande e de Alvor, a história da vida de António Marreiros, distribuídos por espaços dos quais ganham destaque a antiga barbearia, a sala escura e o estúdio de fotografia, com diversos elementos da atividade profissional que exercia, mas também pessoais.

A intenção é que, embora haja um núcleo expositivo permanente, o espaço possa ainda receber mostras de outros temas e coleções locais, embora esta seja apenas uma ideia em estudo e não esteja fechada a forma como o local será organizado.

O que está certo, para já, é que a autarquia quer homenagear António da Silva Marreiros, que faleceu este ano e era natural da Mexilhoeira Grande, onde nasceu em 1932. Foi barbeiro, fotógrafo, poeta e pintor e deixou um importante legado e registo documental para o concelho.

Isto porque, além de se ter dedicado a esta profissão, que exercia naquele imóvel, no mesmo espaço da sua residência tinha um estúdio de fotografia e um atelier de pintura. Era lá também que escrevia poesia, outra das suas paixões, que retratam em grande parte o quotidiano das gentes e costumes desta vila e de Alvor.

Quem era António Marreiros?
Nasceu numa família de agricultores, em 1932, e, desde cedo, como era hábito naquela época, trabalhou no campo. Perto dos 14 anos aprendeu a profissão de barbeiro em Portimão, com alguns profissionais que foram referência na cidade, como José dos Reis ou Valentim Ventura Dias.

Aos 23 anos, abriu um espaço na Mexilhoeira Grande, onde residia. Um par de anos mais tarde, interessou-se pela fotografia, área na qual trabalhou, a par da barbearia, durante três décadas, tendo um grande espólio, com especial incidência entre as décadas de 60 e 70 do século passado. Era o fotógrafo da vila, com estúdio, mas era chamado também para captar as imagens de casamentos, batizados e outras celebrações.

A nível pessoal procurava registar o quotidiano que o rodeava, os usos e costumes. Mais tarde, interessou-se pela pintura e pela poesia, tendo, em 2000, deixado a fotografia de parte, ainda que, após essa data, tenha feito diversas exposições. Publicou também alguns livros e expôs as suas pinturas, ao longo dos últimos anos.

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