Município lançou reedição do livro ‘As Muralhas de Portimão’

O livro ‘As Muralhas de Portimão: Subsídios para o estudo da história local’ foi reeditado pela Câmara Municipal de Portimão para devolver à comunidade uma obra que pretende recordar a existência de um património que é um marco da identidade local.
A cerimónia de lançamento no Museu de Portimão, no dia 12 de dezembro, no âmbito das comemorações do Dia da Cidade, contou com a participação de dois dos autores da obra original, lançada em 1974. Editada por Francisco José Carrapiço, Jaime Aschemann Palhinha e José Manuel Brázio esta reedição homenageia estes pioneiros no estudo dos vestígios do passado e na proteção e valorização da origem de Portimão, além de honrar um legado para o futuro.
Isto porque, a autarquia considera que “a identidade de um povo é um legado que importa preservar para as gerações vindouras”. E esta obra, “expressamente destinada à comunidade, demonstra a existência física de um vestígio incontornável que, em muito, contribuiu para o desenvolvimento da cidade e que, apesar de se situar em espaços percorridos diariamente pelos cidadãos no seu quotidiano, passa despercebido aos olhos de muitos”, justifica.
Apesar de ser uma reedição, a intenção passou por manter este livro fiel ao original. É uma edição fac-símile com pósfácio, que mantém o aspeto físico do livro e formato, oferecendo a oportunidade de adquirir uma publicação há muito esgotada. Também a gravura da capa utiliza uma imagem que retrata a Vila Nova de Portimão no final do séc. XVIII (1794) e, ainda que Álvaro Bila, o atual presidente da Câmara Municipal, tenha escrito um novo prefácio, é mantido o original, de particular interesse, redigido pelos autores.
Aliás, num ano em que o município centrou as comemorações do Dia da Cidade nas pessoas, é relevante que reedite uma obra escrita para o “Cidadão Despreocupado” que circulava pelas ruas naquela época, como afirmavam os autores da obra original. A intenção era colocar as pessoas a olhar para um muro que, apesar de parecer insignificante, carregava e continua a carregar, em cada pedra, muitos motivos de orgulho e um legado histórico que deve ser preservado, refere a autarquia.
Valorização da identidade local
É ainda de sublinhar que a decisão de reeditar “As Muralhas de Portimão: Subsídios para o estudo da história local” integra-se na dinâmica de valorização da identidade e do património local que se seguiu a 1974, bem como no espírito de mobilização da comunidade para os desafios que o país enfrentava. Era uma obra destinada ao cidadão comum, que demonstrava a existência física das Muralhas de Portimão, um vestígio incontornável da história local.
O prólogo deixa ainda patente informação sobre as circunstâncias de produção desta obra e dos seus autores, avaliando o contributo para o conhecimento da história e do património local. Além de revalorizar as muralhas de Portimão à luz da arquitetura militar portuguesa dos finais da Idade Média e do próprio processo de consolidação deste aglomerado urbano, é efetuada uma análise comparativa entre a cartografia histórica e o atual cadastro urbano, que permitiu observar uma clara manutenção urbanística de vários quarteirões ao longo do tempo, tanto na zona intramuros, como no seu exterior.
A esta informação são acrescentados ainda outros aspetos relacionados com as descobertas que têm sido feitas nas últimas décadas sobre esta estrutura defensiva.
Novo posfácio 50 anos depois
O posfácio, da autoria de Vera Teixeira Freitas, da Câmara Municipal de Portimão, e de André Teixeira, da Universidade Nova de Lisboa, ambos arqueológos, e que surge no final do livro, partilha com os leitores comentários, reflexões, análises ou contexto adicional sobre a obra. Vera Teixeira Freitas é licenciada em história, na variante de arqueologia, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e mestre em pré-história e arqueologia pela mesma academia, sendo, desde 2006, técnica superior de arqueologia no Museu de Portimão, onde desempenha funções na gestão e investigação patrimonial de sítios e coleções arqueológicas, em articulação com os serviços urbanísticos.
Já André Teixeira é licenciado em história e em arqueologia, mestre em história da expansão portuguesa e doutor em história pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. É professor permanente desta faculdade desde 2010, no Departamento de História, de que é atualmente vice-coordenador e coordenador da licenciatura em arqueologia. É também investigador do Centro de Humanidades desta faculdade desde 2000, tendo sido membro da Direção e coordenador do grupo de Arqueologia, até 2021.
Ambos são autores do posfácio, que pretende oferecer alguma contemporaneidade a esta obra de 1974, partindo de uma visão complementar sobre alguns dos aspetos relacionados com esta fortificação. Surge, por isso, após a narrativa principal e original dos autores, oferecendo uma realidade complementar.





