Opinião: Lagoa e os lagoenses | Tributo aos professores de Lagoa

Hélia Santos


O arrastar das cadeiras, os quadros riscados e o professor Fernando que lanchava religiosamente bolachas de arroz, que insistia em ensinar-nos ”músicas do seu tempo” e que gostava de terminar a aula a perguntar a tabuada.

O desfolhar dos cadernos, o arrancar das folhas e a professora Cristina Romba que escrevia composições a metro enquanto dizia: “quero um silêncio tão profundo que consiga ouvir os cabelos a crescer.” A professora Maria da Luz que não resistia em nos mostrar os seus dotes para dança, e eu só pedia mais 5 minutos para terminar de copiar os trabalhos de casa. 
 
Os livros esquecidos nos cacifos, os atrasos, as justificações e o professor Valter Cabrita que nos punha em sentido com aquela voz que ecoava nos corredores e que nos fazia “tapar os ouvidos por dentro”.

A hipotenusa, os catetos e só o sentido de humor do professor Albergaria é que me fazia aguentar os sérios problemas que a matemática me ia dando. As borrachas dos pés das cadeiras que atiramos uns aos outros, os assentos pintados com giz e decorados com pionés que levaram o professor Álvaro Araújo a provar ser um autêntico “Indiana Jones”. 
 
As conversas nos balneários, os risos e os exercícios físicos do professor Emídio Lourenço que deixavam as raparigas sem norte. A tatuagem do professor Nuno que as deixava a suspirar de romantismo (mas nada fazia esquecer o ódio do salto no plinto). 
 
A estes, e a todos os outros professores que nos acompanharam e nos formaram, que nos escutaram, desesperaram, sopraram, inspiraram e não desistiram, muito obrigada!

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