Opinião Um mundo mais equilibrado

Miraldina Diogo


Relacionado com o envelhecimento activo, perguntaram-me qual era a minha experiência como sénior. Imediatamente respondi: “eu não me sinto sénior!” Mas fiquei apreensiva… foi a primeira vez que se referiram à minha pessoa, utilizando esta expressão.

Mergulhei dentro de mim, tentei encontrar a minha parte de sénior e não encontrei. Vieram-me à memória as palavras sábias da minha mãe “ filha, por dentro eu sinto-me como quando tinha vinte anos”… A vida é uma roda, hoje sou eu que me sinto da mesma forma, amanhã serão os jovens de hoje. O que terá de mudar é a mentalidade dos jovens. A velhice passou a ser um “gueto”, pela divisão existente entre os mais velhos e os mais novos. Os filhos referem-se aos pais, ainda bastante jovens, como “cotas”, apelidam os professores como “velho” ou “velha”.

Hoje, o velho é visto como um ser que já não está na moda. Em outras épocas eram considerados como uma fonte de sabedoria e desempenhavam um papel importante na família e nas sociedades a que pertenciam. Porque é que as mentalidades mudaram tanto?
Será que vamos conseguir mostrar aos jovens, que fomos, que somos e que seremos muito importantes na vida deles? Cada pessoa que viveu para além de meio século de vida é uma pequena enciclopédia em conhecimento e experiências e tem o dever de passar essas vivências aos mais novos, para assim podermos continuar com a nossa identidade.

Esta época actual é maravilhosa com toda a evolução electrónica, facilitou-nos a vida, fez de cada aldeia e vila uma grande “cidade global”. Mas podemos continuar de braço dado com as nossas tradições. Esse trabalho é dos “seniores”, já que o não fizeram com os filhos ainda o poderão fazer com os netos. A nossa geração foi um pouco a da emancipação da mulher, saímos de casa para trabalhar e a tarefa de educar os filhos deixou de ser exclusiva.

Quantas vezes os nossos filhos não se aproximavam de nós com perguntas: A resposta…? “fica para mais tarde filho… não tenho tempo agora”. Ora digam lá… foram os jovens que abandonaram os velhos? Ou foram os mais velhos que se foram afastando dos mais novos?

Que as iniciativas que os poderes central e local aprovam acerca do envelhecimento activo, não sirvam só para ficar no papel, e sim para despertar as mentalidades para uma sociedade mais justa, porque a percentagem de idosos é superior à dos jovens. Amanhã serão eles a sofrer da mesma indiferença.

Nós, os seniores, temos a missão de mostrar e educar as crianças no respeito, solidariedade e amor por cada ser humano, independentemente da idade, da nacionalidade, da religião, preferência clubística ou ideologia política. Todos iguais lutando por um mundo mais equilibrado.

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