Opto em Albufeira foi visitado por seis mil estudantes
Texto e fotos: Ana Sofia Varela
Seis mil estudantes aproveitaram a oportunidade de conhecer as hipóteses que podem escolher para uma futura carreira profissional durante três dias, entre 8 e 10 de maio, enquanto decorreu o Opto – Fórum de Educação e Formação do Algarve, no Pavilhão Desportivo de Albufeira.
O evento tem crescido, o que para o presidente da autarquia de Albufeira José Carlos Rolo é bastante importante. “Consegue mobilizar as comunidades escolares, mas não só de Albufeira como do resto do Algarve e Alentejo. Temos vindo a crescer em número de visitantes”, reforça.
“Os jovens podem escolher o melhor possível, porque nem sempre se escolhe o melhor, como em tudo na vida, mas isto pode ajudar a dar o ‘clique’. Há aqui, além da informação literária em desdobráveis e panfletos, outros aspetos práticos na vertente profissional, que podem ser cativadores e motivadores para os jovens seguirem para aquela atividade”, justifica o autarca, cuja Câmara Municipal é a entidade organizadora, em parceria com a direção regional do Algarve da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGESTE).
“Estas feiras, e existem algumas no país, trazem aos jovens e professores a oportunidade de um contacto direto com as realidades”, afirma por sua vez Alexandre Lima, delegado regional da Educação do Algarve.
Esse contacto direto que muitas das entidades proporcionaram ao longo de três dias, são uma forma também de colocar e desmistificar dúvidas, experimentar uma profissão. “As escolas, muitas vezes, têm um papel muito mais educador e formativo”, havendo neste tipo de espaços outras experiências ao vivo.
Recordando os tempos de juventude, Alexandre Lima confidenciou que, nessa altura, quando “tentava decidir o que faria no futuro, apenas tinha uma revista – a Fórum Estudante”, que o ajudou. “Hoje, com a internet, com estas feiras de educação e capacidade de interagir a escolha é mais facilitada. E, na realidade, a sociedade hoje também é muito diferente. Se há alguns anos existiam os ‘empregos para a vida’, na atualidade as regras do jogo são outras. A crise obrigou muitos a adaptarem-se, a aprender novas competências. “Há uns anos, estava previsto uma pessoa acabar o seu percurso escolar, entrar na vida ativa e depois ficava sempre a exercer aquela profissão. Hoje já não. Há muita mudança de profissões e este tipo de atividades permitem abrir horizontes aos alunos para que vejam as opções que têm”, defende o responsável pela educação no Algarve em declarações à Algarve Vivo.
“É uma necessidade que todos temos que esse espírito antigo ‘de um trabalho para a vida’ se abandone. Interessa ter outras abordagens e saídas”. Aliás, um relatório da OCDE revela que a maior parte das crianças que estão hoje a estudar, trabalharão no futuro em profissões que ainda não existem.
Expositores vieram de longe
Um dos expositores que viajou de longe foi a Universidade da Madeira. Segundo Rita Vasconcelos, daquela instituição, a participação no certame tem como intenção a divulgação da oferta formativa. “E há tantas com a mesma oferta, mas nós precisamos também de chamar a atenção dos estudantes, porque têm as passagens a 65 euros, sendo o restante valor reembolsável”, esclarece. Ou seja, ainda que seja necessária a ligação aérea entre a ilha e o continente, que muitas vezes pode parecer um fator desmotivador, há um reembolso para os estudantes, o que garante sempre aquela tarifa.
“Há lá condições ótimas. Temos uma residência universitária muito boa, os preços muito acessíveis e temos uma vida agradável. É uma universidade pequena, portanto há uma grande proximidade com os docentes”, explica. Aquele estabelecimento de ensino superior aproveitou ainda para mostrar o que existe na ilha e quais os cursos que tem, até porque, segundo esta responsável, muitas das “pessoas nem sabiam que existam”.
Também vinda de longe, o expositor da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra é muito procurado. “Desde o início que temos vindo a participar. É uma forma da escola, que é bastante distante, mas tem estudantes de todo o país, ganhar ainda mais projeção” no sul do país, refere Marina Montezuma, elogiando a organização que tem acolhido bem os expositores.
“O que é facto é que temos visitas de estudantes e de grupos em Coimbra que vêm do sul. Estar aqui é sempre uma mais valia para a nossa escola, divulgar a qualidade do ensino, os programas da área educativa na enfermagem e o programa internacional”, enumera.
E esta continua a ser uma profissão muito procurada, “embora haja um decréscimo em termos internacionais, porque houve anos em que muitos licenciados iam para fora, mas agora estão a regressar. Outros mantêm-se porque estão muito bem colocados lá fora. Tenho ex-alunas a chefiar serviços e já com grande projeção internacional, como o Reino Unido e República da Irlanda”, elogia.
Além do curso de licenciatura em enfermagem, há os mestrados e as pós-graduações, bem como uma vasta oferta, com protocolos internacionais, a possibilidade de mobilidade de ensino no estrangeiro, não só na Europa, mas também no Brasil. Macau, México, Cabo Verde e muitos países da Europa são também opção para intercâmbios.
DECO aproveita para formar futuros consumidores
Apesar de não ser um tema ligado de forma direta à escolha de uma carreira, a Associação Portuguesa de Defesa do Consumidor (DECO) aproveitou para promover nesta feira de educação o projeto ‘de olho no rótulo’. Sara Brito, estagiária na delegação do Algarve da DECO na área da nutrição, explica que a intenção é promover a formação dos futuros consumidores. “Temos aqui um dos temas deste projeto que é a alimentação saudável, onde queremos mostrar a importância de efetuar escolhas mais saudáveis”, afirma.
E em cima da mesa, na área de exposição, a realidade é evidente e não passa despercebida. É colocado um pacote de um refrigerante ou alimento e os frascos, com a quantidade correspondente de gordura, sal e açúcar. Centrando as contas no açúcar, uma lata de Ice Tea, com 33 centilitros, tem em média 12 gramas, enquanto uma Coca-cola normal, tem 35 gramas. Uma quantidade idêntica (31 gramas) tem um mero ‘Bollycao’. Num produto bem conhecido à mesa do pequeno-almoço, 30 gramas de cereais Estrelitas escondem 23,7 gramas de açúcar, enquanto cinco bolachas ‘crackers’ condensam 4,4 de gordura e 20,7 de açúcar.
“O que queremos é que os consumidores possam fazer escolhas mais saudáveis, por isso temos aqui alguns exemplos de alimentos que a maioria das pessoas, nem sabia qual a quantidade de açúcar, sal e gorduras que eles fornecem. E são produtos que estão na mesa dos nossos portugueses todos os dias”, lamenta. Ainda assim, a nutricionista acredita que cada vez mais as pessoas entendem esta questão como uma prioridade e começa a existir uma maior consciencialização para este assunto. A verdade é que não é à toa que mais de metade da população portuguesa sofre de excesso de peso.