Partidos começam a apontar ‘nomes’ para as listas às legislativas
Cristóvão Norte, Isilda Gomes, Jamila Madeira, Luís Graça, Cristiano Cabrita e João Graça são alguns dos nomes nas várias estruturas políticas de diferentes partidos que começam a ser falados e apontados nos bastidores da região como os potenciais rostos das próximas eleições legislativas, marcadas para 10 de março.
Por esta altura, poucas certezas há e o caminho ainda é longo, pois o país está a uma distância de cerca de três meses do ato eleitoral. Também o Partido Socialista terá de passar por um processo de eleições internas antecipadas e, antes de avançar para campanha, a estrutura terá de se unir e preparar-se para uma luta que será difícil.
Na região, ao que a Algarve Vivo apurou junto de diferentes fontes, há partidos que pouco devem mexer nas escolhas das últimas legislativas, incluindo a nível de cabeças de lista, mas há também aqueles que podem introduzir algumas novidades e haverá margem para surgirem algumas surpresas.
Nove deputados
As sondagens ainda pouco revelam o que poderá vir a ser o resultado final e o futuro a nível de votos.
No caso do Algarve, o círculo eleitoral contempla nove deputados, sendo que os resultados podem variar em quatros eleitos versus três para PS e PSD, mais dois para o Chega, não devendo o Bloco de Esquerda conseguir voltar a contar com um novo representante. Isto claro, se aumentar a tendência de voto no Chega e a diminuição da força do BE.
A outra hipótese poderá ser também três deputados para cada um dos partidos históricos, dois para o Chega e o Bloco conseguir, de facto, voltar a convencer o eleitorado, para eleger alguém. Dependerá, claro, do candidato escolhido, da campanha e das propostas que apresentará.
No entanto, a proximidade para com a luta de professores e profissionais de saúde, duas classes que têm vindo a contestar, com muito mais fulgor, no último ano, mais condições junto das tutelas, pode ser um ponto a favor deste partido.
A 30 de janeiro de 2022, nas últimas legislativas, o PS tinha conseguido eleger cinco representantes, o Partido Social Democrata três e o Chega um, um cenário que estará afastado no atual panorama.
Cristóvão Norte a cabeça de lista no PSD?
Nas últimas eleições, Luís Gomes, antigo deputado e ex-presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, foi o escolhido para liderar os representantes social-democratas na região. Seguiu-se Rui Cristina, de Loulé, e Ofélia Ramos, de Faro, como eleitos.
Nesse ano, ficou de fora Cristóvão Norte, que nas legislativas anteriores, em 2019, tinha sido cabeça de lista. Só que o apoio que deu, nas diretas do PSD, a Paulo Rangel, agora vice-presidente da Comissão Política Nacional liderada por Luís Montenegro, levou a que Rui Rio não confiasse no deputado. É, aliás, um dos que sempre conseguiu manter resultados razoáveis para a estrutura política da qual é militante e mostrado ‘trabalho’ com deslocações e visitas aos vários concelhos na região, sendo também aquele que reúne mais simpatias a nível de eleitorado pelo trabalho desenvolvido na Assembleia da República.
Se o futuro o levará para um caminho de potencial candidato à presidência da Câmara Municipal de Faro, ainda não é certo, mas para já, deverá ser este o social-democrata a encabeçar de novo as listas, ainda para mais depois de Luís Gomes ter deixado de lado a cena política. Com a sua saída, subiram Rui Cristina e Ofélia Ramos, e entrou Dinis Faísca, militante em Tavira, que tinha sido indicado por Rui Rio.
A surpresa Macário Correia?
Entre os outros potenciais candidatos a entrar na lista, até numa posição de maior relevo está o atual vice-presidente da Câmara Municipal de Albufeira Cristiano Cabrita, que é vogal da Comissão Política Nacional e presidente da concelhia de Albufeira.
Um dos nomes que terá sido aventado entre as hostes social-democratas é o de Macário Correia, um nome forte na estrutura política regional e um histórico do partido. Terá mesmo havido uma abordagem que, contudo, não terá convencido e ex-autarca de Tavira e Faro, decidido em manter-se fora da política ativa.
De qualquer forma, a decisão do antigo mandatário da lista do PSD em 2019 será uma decisão pessoal que, decerto, não será tomada de ânimo leve, depois de se ter afastado de cargos políticos.
Nas listas, com escassos nomes a Barlavento, há ainda Rui André, que já terá confidenciado disponibilidade em integrar as listas, caso seja indicado pela concelhia portimonense ou de Monchique.
PS com caminho difícil
A crise política que se instalou no país com a demissão de António Costa, primeiro ministro, levou a que Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, fizesse ‘cair’ o Governo e marcasse eleições antecipadas para 10 de março.
Um processo desencadeado pelo ‘caso influencer’, que levou a que o líder socialista se demitisse, que o partido tivesse, também ele, de marcar um Congresso e escolher um novo presidente, e, em consequência, preparar-se para uma campanha eleitoral antecipada.
Do outro lado, também a oposição social-democrata tem de antecipar o escrutínio dos eleitores, com Luís Montenegro à cabeça.
Sondagens à parte, faltam pouco menos de três meses para a ida às urnas pelos portugueses, mas muitos movimentos de bastidores começam a tomar forma. Quanto mais cedo, começarem a surgir nomes, mais tempo haverá para convencer o eleitorado e o Algarve não é exceção.
Até porque, ainda nada é certo e, se anos há em que é possível traçar alguns esboços do futuro, neste caso, os políticos ainda têm muito caminho a percorrer. Além de muitos cidadãos votantes estarem ainda indecisos, o fantasma da abstenção tem vindo a crescer em cada ato eleitoral, o que leva a que, digam o que disserem, esta seja sempre a grande vitoriosa.
Após eleições dos militantes, as dos portugueses
Antes de começar a pensar nas legislativas, o Partido Socialista irá a eleições internas e, quando apurar o vencedor, terá de voltar a unir a estrutura para uma batalha que será umas das mais duras nos últimos tempos.
As eleições, quer para secretário geral, quer para a presidência das Mulheres Socialistas, terão lugar a 15 e 16 de dezembro. Concorrem à liderança da estrutura José Luís Carneiro, Daniel Adrião e Pedro Nuno Santos.
Os apoios dividiram-se, apesar de Pedro Nuno Santos ser apontado como um dos grandes vencedores, tendo conseguido grande apoio quer da parte dos autarcas socialistas, quer de diversas concelhias no país.
Na região, os presidentes de Câmara apoiam, na esmagadora maioria, este candidato que tentará reunir também apoio à esquerda. Antes, terá como tarefa, caso ganhe, unir o partido e começar a preparar listas para as eleições de 10 de março.
Os nomes socialistas
No Algarve, também os atuais deputados Luís Graça, Isabel Guerreiro, Jorge Botelho apoiam Pedro Nuno Santos, sendo que a única a apoiar José Luís Carneiro é Jamila Madeira.
A lista a apresentar não deverá sofrer grandes alterações à anterior, sendo que após terem sido enviados cabeça de lista de Lisboa em anteriores eleições, António Eusébio quando era presidente da federação ‘bateu o pé’ para que fosse escolhido sempre um candidato algarvio.
A lista não deverá fugir muito à anterior, mas nas próximas eleições há algumas ‘nuances’ que a distinguem. Primeiro, porque devem ser eleitos menos candidatos socialistas, o que limita as escolhas, em segundo, porque são falados alguns nomes de peso, como é o caso de Isilda Gomes, atual presidente da Câmara Municipal de Portimão. Não deverá também ser uma decisão tomada de ânimo leve, caso seja convidada, e teria de ser uma proposta apelativa, pois implicaria deixar a autarquia e o atual cargo na Europa.
Por sua vez, há outros nomes que se impõem, como o de Jamila Madeira, com um longo percurso na Assembleia da República, ou de Luís Graça, atual presidente da Federação. Jorge Botelho, Isabel Guerreiro são ainda dois ativos que estão em cima da mesa, ao qual se poderá juntar Ana Passos, que se recandidata à liderança da distrital das Mulheres Socialistas.
Não será, portanto, uma escolha facilitada e até à divulgação das listas ainda muitas decisões serão tomadas.
Chega pode ganhar destaque
O Chega poderá ser um dos partidos com um crescimento mais acentuado, sendo que algumas sondagens mostram isso mesmo.
No círculo eleitoral de Faro, o partido não deverá mudar muitos os rostos, com João Graça, presidente da distrital, a ser uma certeza, bem como Sandra Ribeiro, da concelhia de Loulé. Também Ricardo Moreira, de Olhão, deverá integrar os primeiros lugares da lista.
Neste caso, o cabeça de lista pode ser alguém indicado pelo partido a nível nacional, podendo a escolha continuar a recair em Pedro Pinto, deputado natural do Alentejo. Pode ainda dar-se o caso de este representante ser eleito por outro círculo eleitoral e ser escolhido alguém da região.
De qualquer forma, é muito provável que o Chega tenha um aumento nos votantes, o que pode levar à eleição de mais um deputado, para um total de dois.
Bloco fiel
Por sua vez, o Bloco de Esquerda até poderia ser uma surpresa, mas deverá manter-se fiel às eleições anteriores, não fugindo muito à composição da lista, que em 2022 foi encabeçada por José Gusmão, atual eurodeputado deste partido.
Um dos rostos que mais conhecido era na região e que chegou a ser eleito para a Assembleia da República, o professor João Vasconcelos, de Portimão, afastou-se da vida política ativa e poderá não querer regressar, apesar de ter sido um ativo importante na estrutura, quer a nível distrital, quer concelhio.
A CDU deverá manter os rostos que levou a escrutínio aos algarvios em 2022 e só deverá anunciar a composição da lista muito mais perto do ato eleitoral, como é seu apanágio.
CDS tenta ressurgir
Já o CDS, é sabido que apresentará um nome de dimensão mais regional, com ligações talvez à distrital. Não descartará alguém do Barlavento, sendo que José Pedro Caçorino tem sido uma das escolhas para integrar as listas.
Aliás, em 2022 foi o cabeça de lista pelo Algarve. É natural que o presidente da concelhia de Portimão Afonso de Lousada seja um dos que integra os escolhidos do lado da Coligação Democrática.
A Iniciativa Liberal e o PAN pretendem aposta no Algarve e tentar um resultado histórico, procurando conquistar o eleitorado ainda indeciso.
O certo é que daqui a pouco menos de dois meses já deverá haver certezas quantos aos rostos que virão a compor esta listagem de representantes e alguns destes nomes, que têm vindo a ser apontados nos bastidores, lá estarão. Se haverá mais surpresas, resta esperar pelos anúncios das estruturas distritais.