Portinado tenta resistir à drástica quebra de receitas

Texto: Jorge Eusébio

Texto: Jorge Eusébio | Fotos: Eduardo Jacinto


Não está fácil a vida da Portinado – Associação de Natação de Portimão. O surto de covid-19 fez com que fosse necessário proceder ao fecho da Piscina Municipal, que gere, e que é a sua grande fonte de receitas.

O vice-presidente da associação, Paulo Costa, diz que “estamos, desde março, praticamente sem faturar nada, o que fez com que nos confrontemos com grandes dificuldades para saldar os nossos compromissos financeiros”.

Um dos principais é o pagamento de salários aos seus 20 funcionários, situação que foi parcialmente colmatada com a adesão ao regime especial de ‘lay off’ criado neste período, que, como se sabe, implica que seja o Estado a pagar dois terços do valor dos salários.

O pagamento da restante verba continua a ser responsabilidade da Portinado, que, para o efeito, “tem recorrido a algum fundo de maneio financeiro que tínhamos, mas que tem vindo a esgotar-se”.

Os dirigentes ainda apelaram a que os sócios comparticipassem com uma pequena verba adicional para ajudar neste esforço. No princípio “houve uma resposta positiva”, mas depois, à medida que a crise ia batendo a todas as portas, as pessoas deixaram de ter disponibilidade financeira para qualquer despesa extra.

Piscina abriu apenas aos grupos de competição
Depois de proceder à necessária implementação de regras, sinalética e equipamentos necessários, a Portinado viu ser atribuído ao equipamento que gere o selo “Portugal a Nadar Seguro”, que garante estarem reunidas todas as normas e condições de segurança definidas pela Direção-Geral da Saúde (DGS).

Entre elas estão a obrigatoriedade de utilização de máscara no interior das instalações, exceto quando se pratica exercício, a permanência não superior a dois minutos nos balneários, apenas troca de roupa, a não utilização de chuveiro e, naturalmente, a higienização das mãos.Isso permitiu a reabertura da piscina, no dia 9 de junho, mas apenas à atividade dos grupos de competição, o que está longe de, em termos financeiros, ser suficiente para a associação sair do sufoco financeiro e começar a ver a luz ao fundo do túnel.

Isso só deverá acontecer quando for possível retomar a actividade normal, voltar a ter em funcionamento a escola de natação e abrir a piscina a todos os cidadãos que queiram utilizá-la.

Só que, diz Paulo Costa, “não há data previsível para a reabertura”. E, mesmo quando houver luz verde para isso, por uma questão de segurança, saúde pública e cumprimento das regras fixadas pela DGS, “vamos ter que reduzir para um terço o número de pessoas que podem estar na piscina ao mesmo tempo”.

Este dirigente lembra que “antes da crise, a piscina funcionava a, eu diria mesmo, mais de 100% e mesmo assim, já não era fácil fazer a gestão de todas as nossas valências, agora imagine-se o que será com muito menos utilizadores”.

Muitas nuvens no horizonte
Havia um projeto pensado para, ao mesmo tempo, melhorar as condições dos utentes e aumentar as receitas da Portinado, que passava pela construção de um novo tanque, ginásio e balneários.

Para já é uma ideia que fica no papel à espera de melhores dias, uma vez que, no curto prazo, não é previsível que se criem as condições financeiras necessárias para transformá-la em realidade.

Em face de tudo isto, Paulo Costa olha para o futuro com muita apreensão, mas, ainda assim, procura manter algum optimismo. A Portinado, que leva mais de três décadas de existência, já passou por outras fases menos positivas e, com maior ou menor dificuldade, sempre conseguiu sobreviver.

E, apesar das muitas nuvens negras que vê no horizonte, acredita que, também desta vez, vai conseguir manter em funcionamento uma associação que é muito importante para a cidade, pois conta com 1200 alunos na sua escola de natação, 100 atletas na vertente de competição e duas dezenas de trabalhadores.
Só que, admite, nesta fase ainda não sabe de que forma isso vai ser possível.

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