PSD e CDS em maratonas negociais para formar coligação em Portimão

Texto: Jorge Eusébio


Em declarações ao Portimão Jornal, o presidente da concelhia social-democrata, Carlos Gouveia Martins, e o líder regional do CDS, José Pedro Caçorino, manifestaram interesse em chegar a um entendimento que permita formar “listas fortes e abrangentes” que lhes dê maiores possibilidades de, finalmente, conseguirem derrotar o PS.

Depois de várias rondas negociais, à data do fecho desta edição (23 de março) parecia estar-se bem perto de um acordo que possibilite a apresentação de uma candidatura única. Na altura, o nome do candidato à presidência da Câmara ainda não estava fechado, mas as informações que recolhemos indicavam que o mais provável é que seja um independente.

A escolha de um nome forte que dê algumas garantias de obtenção de um bom resultado é, de resto, o principal problema com que os negociadores se têm deparado e que levou ao arrastar do processo.

Rui André não fecha portas a Portimão
Da parte do PSD, Carlos Gouveia Martins e Rui André (atual presidente da Câmara de Monchique) têm sido os nomes mais falados, nos meios políticos locais, como potenciais candidatos à presidência da autarquia.

Contactado pelo Portimão Jornal, Rui André confirma que houve uma abordagem nesse sentido, mas acrescenta que “não ficou nada acertado, não houve, na altura, qualquer decisão”.

O autarca acrescenta que, para já, “o meu compromisso é com Monchique e com a população local, é conseguir pôr em marcha uma série de projetos”.

Contudo, lembra que, por imposição legal, não pode concorrer a um novo mandato naquele concelho, pelo que dentro de alguns meses passará a ser, politicamente, “um homem livre e, como gosto de desafios, não fecho a porta a nenhum”.

Os adeptos da sua candidatura dizem que se trata de alguém com experiência autárquica e com perfil vencedor. Para além disso, lembram que tem fortes ligações a Portimão, onde possui casa e família. Também estudou na cidade e aí desenvolveu uma parte da sua atividade profissional.

Os que preferem a solução Carlos Gouveia Martins entendiam tratar-se de uma escolha natural, tendo em conta o percurso que fez ao longo dos últimos quatro anos de combate à maioria do PS, na Assembleia Municipal, e de, enquanto presidente da concelhia, ter conseguido unir as diversas fações que sempre existiram no interior do partido.

Posto perante esta questão, Carlos Gouveia Martins procura evitá-la e contrapõe que o que o motiva é fazer parte de uma solução vencedora.

A difícil busca por um candidato independente forte
Da parte do CDS, José Pedro Caçorino diz que, em princípio, não se oporia a um eventual nome social-democrata, mas não esconde que a sua preferência vai no sentido de ver um candidato independente a encabeçar a lista para a Câmara.

Isto desde que se trate de alguém que seja uma mais-valia política, que “não divida, antes pelo contrário, seja fator de união e de agregação de vontades”. De preferência, que até consiga ir buscar votos junto de uma parte do eleitorado que, tradicionalmente, vota no PS.

Esta ideia de atrair eventuais descontentes socialistas, não necessariamente para o topo da lista para a Câmara, mas eventualmente para outros lugares também parece fazer parte da estratégia do PSD.

Carlos Gouveia Martins confirma ter havido contactos com pessoas conotadas com essa área política, quer por sua iniciativa, quer por iniciativa das próprias.

E assume que alguns elementos que, inclusivamente fizeram parte de órgãos autárquicos socialistas antes da ‘fase’ Isilda Gomes, teriam condições para integrar as equipas da oposição, eventualmente até como cabeças de lista a juntas de freguesia.

Mas para conseguir afastar o PS do poder todos os votos contam, pelo que este dirigente diz querer formar uma coligação o mais abrangente possível, envolvendo, para além do CDS e de independentes, também a Iniciativa Liberal, a Aliança e o NOS Cidadãos, com quem tem desenvolvido conversações.

PS com processo mais adiantado
Mais avançado na escolha dos nomes que vai apresentar às eleições está o PS. Conforme informamos, em primeira-mão, na anterior edição do Portimão Jornal, o partido já decidiu apresentar Isilda Gomes e Álvaro Bila como os primeiros nomes da lista à Câmara.
Para a presidência da Assembleia Municipal avança a antiga presidente da Junta de Portimão e vereadora Isabel Guerreiro.

Quanto às juntas de freguesia, em duas delas a situação também está resolvida, uma vez que os atuais presidentes se recandidatam: José Vitorino, na Mexilhoeira Grande, e Ivo Carvalho em Alvor.

Apenas para a Junta de Portimão ainda há dúvidas, uma vez que não é fácil encontrar alguém com a popularidade que tem Álvaro Bila e que possa garantir uma votação sem grandes sustos para aquele órgão.

Bloco e PCP ainda não escolheram candidatos
João Vasconcelos poderá voltar a ser o candidato do Bloco de Esquerda à presidência da Câmara. O facto de ser vereador, deputado na Assembleia da República e o principal rosto do partido, não só no concelho mas em toda a região, indiciam que essa é uma probabilidade muito forte que, no entanto, não é para já confirmada por este dirigente.

João Vasconcelos diz que a estrutura local bloquista ainda não decidiu que nomes irá apresentar e que “os candidatos não têm de ser sempre os mesmos, pode haver algumas novidades nestas eleições”.

Na sua opinião, o que é importante é que a equipa a constituir lute por um bom resultado nas urnas e se possível retire a maioria absoluta ao PS que “governa o concelho há quase meio século”.

Também o PCP ainda não escolheu quem o vai representar nas próximas autárquicas. Ao que apurámos, o processo está a desenvolver-se mas, muito provavelmente, só no próximo mês de abril é que ficará fechado.

CHEGA já tem candidatos
Uma das novidades destas eleições é a participação do CHEGA. O presidente da distrital deste partido, João Graça, diz que já estão escolhidos os cabeças de lista para a Câmara, Assembleia Municipal e duas juntas de freguesia. As informações que recolhemos indicam que falta apenas saber quem vai liderar a equipa para a Freguesia da Mexilhoeira Grande.

No entanto, este dirigente escusou-se a divulgar os nomes, uma vez que “ficou definido que vai ser o líder do partido, André Ventura, que se desloca na próxima semana ao Algarve, a fazer a apresentação pública dos nossos candidatos na região”.

Em princípio, o partido deverá apresentar-se, em listas próprias, em todos os 16 concelhos algarvios, com equipas constituídas a “cerca de 80% por militantes e 20% por independentes”.

Nas eleições presidenciais, André Ventura conseguiu 4.127 votos em Portimão, o que equivaleu a 19% dos votos expressos, sendo este um dos concelhos em que teve melhores resultados.

Isso faz com que haja a expectativa de um bom resultado nas autárquicas, mas João Graça procura não colocar a fasquia muito alta, pois “trata-se de eleições diferentes”. De qualquer forma, espera que o CHEGA consiga eleger representantes nos diversos órgãos autárquicos, incluindo a Câmara de Portimão.

Para além destas candidaturas, poderá surgir mais uma, pois, segundo apurámos, há movimentações no sentido de ser constituída uma lista independente.

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