Um choque frontal de muita música e conversa

Texto e fotos: Jorge Eusébio


José Cid, António Manuel Ribeiro, Diogo Piçarra e Marco Rodrigues são alguns dos muitos nomes bem conhecidos do panorama musical português que já atuaram à borla em Portimão.

A convite de Ricardo Coelho e Júlio Ferreira, foram protagonistas do programa Choque Frontal ao Vivo que, com grande regularidade, tinha lugar no Teatro Municipal de Portimão (TEMPO).

Ao longo de cerca de uma hora, cada um deles intercalava a interpretação de temas que marcaram as respetivas carreiras com uma conversa informal com os entrevistadores, na qual revelavam facetas bem pouco conhecidas das suas vidas. Quem não obtinha um dos cobiçados convites podia ouvir a gravação, que era transmitida no sábado seguinte na Rádio Alvor.

Os espetáculos ao vivo tiveram início em 2017 e desenvolveram-se com uma cadência quase mensal. O aparecimento do vírus covid-19 acabou por interromper esta tradição, mas os dois amigos resolveram que não haveriam de acabar o ano sem voltar ao TEMPO e esta noite (quinta-feira, 19 de novembro) têm como convidada a cantora algarvia Carolina Fonson.

Ricardo Coelho lembra que “as primeiras edições decorreram na Black Box, um espaço que era pouco utilizado e que achávamos ser o ideal para acolher o programa, que queríamos que fosse intimista”. A escolha era, também, uma forma de jogar pelo seguro, pois, confessa, “tínhamos algum receio sobre o que seria a recetividade do público, pensávamos que se lá conseguíssemos meter 30 ou 40 pessoas já seria bastante bom e, como é pequena, a sala iria parecer estar cheia”.

Uma estratégia que não falha
Só que assim que anunciavam no Facebook um novo programa, logo os convites (gratuitos) desapareciam e começou a ficar claro que a Black Box não chegava para as ‘encomendas’. Deram, então, o ‘salto’ para o pequeno auditório do TEMPO que tem capacidade para 125 pessoas e que, apesar disso, muitas vezes, acabava por também se revelar pequeno.

Por exemplo, revela Júlio Ferreira, “tivemos uns dias muito complicados e umas noites muito mal dormidas antes da atuação do José Cid. É que havia muitas pessoas que queriam ir assistir, nós queríamos que elas fossem, mas não tínhamos forma de as colocar lá porque a lotação da sala ficou de imediato esgotada”. Ainda houve a possibilidade de usarem o grande auditório, mas rejeitaram-na, pois “aí perdia-se a essência do programa, que é aquela intimidade entre o artista e o público”.

Mas como é que se consegue convencer um artista que, até, pouco depois acabaria por receber um Grammy, a fazer centenas de quilómetros para vir atuar à borla em Portimão? Aparentemente, não foi muito difícil, tal como não tem sido com outros convidados. A estratégia seguida para quem vem de longe é realizar o programa um dia antes ou depois de concertos que eles já tenham agendado na região.

No caso de José Cid, quando receberam o seu mais recente disco, repararam que havia na contracapa um número de telemóvel para marcação de entrevistas e ligaram.

Esperavam que fosse o contacto do seu agente, mas afinal foi o próprio compositor e cantor a atender. Aproveitaram a oportunidade, convidaram-no, ele ficou muito interessado e foi confirmar à agenda em que data estaria no Algarve para um concerto. Nesse dia, veio umas horas mais cedo, esteve no Choque Frontal durante a tarde e à noite foi então fazer o outro espetáculo.

Mas, embora alguns nomes sonantes já tenham passado pelo programa, a verdade é que Ricardo Coelho e Júlio Ferreira não fazem questão que isso aconteça com frequência, até porque um dos seus grandes objetivos até é o de promover bandas e cantores pouco conhecidos cujo trabalho mereça ser divulgado.

Humor, vinho e pizza
Mas o Choque Frontal não é aberto apenas a músicos, também o humor tem contribuído com bons representantes, casos de Fernando Mendes, Serafim ou o algarvio Môce dum Cabréste. A pintura tem, igualmente, lugar cativo, através do talento de João Sena, que, a partir de determinada altura, começou a pintar telas exclusivas e, ironiza Júlio Ferreira, “acaba por ser, de nós três, o que mais trabalho tem”.
Sempre com ideias novas, os apresentadores resolveram reservar alguns minutos para, em cada edição, promover um vinho algarvio, que, no final, os espetadores podem provar e até já têm uma pizza com o nome do programa.

Outra iniciativa foi o lançamento dos Prémios Choque Frontal, através dos quais destacam músicas, autores e intérpretes.
Convidados e ideias para enriquecer o programa não faltavam, público também não, pelo que tudo indicava que 2020 iria ser um ano para recordar. Entretanto, chegou a covid-19 e todos os planos ficaram sem efeito.

Depois deste último concerto – que, excecionalmente, decorre no grande auditório do TEMPO, para que seja possível cumprir todas as normas de higiene e segurança – o Choque Frontal volta a entrar de férias até que haja condições para o regresso à sua ‘casa’ habitual, o pequeno auditório do principal espaço de espetáculos de Portimão.

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