Venham mais petições e senhas de presença

 

Alguém se deu ao trabalho de ir ler uma coisa tão chata como o Regimento da Assembleia Municipal de Portimão e descobriu que basta recolher 75 assinaturas para obrigar os deputados municipais a fazer uma sessão para analisar e votar petições públicas.

E vai daí avançaram logo não com uma mas com duas. Foram ambas chumbadas, mas consta que há mais petições na forja. Se a moda pega, lá vão aqueles e os outros eleitos nas restantes 15 assembleias municipais algarvias ter de reunir quase todas as semanas, tal a avalanche de petições que poderão vir a caminho.

Para evitar isso, já imagino o afã destes autarcas em avançarem com a revisão dos regimentos de forma a passar de 75 para aí 1.500 o número de assinaturas necessárias para se apresentar uma petição.

Ou, se calhar, não. É que cada sessão suplementar significa para os deputados municipais mais uma senha de presença, o que dá um certo jeito.

 

Pequenos governos

Como toda a gente já imagina, a regionalização vai chegar no dia de S. Nunca à tarde. Mas, a partir de agora, os autarcas algarvios devem ficar mais calmos e deixar de falar no assunto.

É que António Costa e os seus ministros acabam de lançar o tão prometido programa de descentralização de competências e os presidentes de Câmara não podiam ter ficado mais felizes. Estes autarcas passam a ter mais responsabilidades – o que significa mais poder – em áreas como a saúde, a educação, a ação social, as praias, as zonas ribeirinhas, o património e os transportes.

Enfim, é tanta coisa que, na prática, cada Câmara vai ser, basicamente, um mini Governo.

É claro que há forte possibilidade do poder central se esquecer de enviar o dinheiro necessário para fazer face a tanta despesa, o que poderá ter como consequência que, daqui a uns tempos, muitas autarquias entrem situação de pré-falência.

Mas isso é o menos, logo se há-de arranjar uma solução. O que interessa agora é abrir a garrafa de champanhe e festejar aos novos poderes dos autarcas.

 

Cuidado com os incêndios… políticos

Em Vila do Bispo, a relação entre o presidente da Câmara, Adelino Soares, e o vereador da oposição, Afonso Nascimento, é de cortar à faca.

As discussões são de tal forma acaloradas que se corre o sério risco de, numa próxima reunião do executivo, uma pequena faísca provocar um grande incêndio político.

O que vale é que o quartel dos Bombeiros fica a poucos metros de distância do edifício da Câmara. Com um bocado de sorte, os soldados da paz locais são capazes de chegar a tempo de evitar tal tragédia.

 

Festa de homenagem ou rampa de lançamento para o regresso à vida política?

Desidério Silva perdeu as eleições para continuar na RTA e, ao que parece, foi trabalhar para o sector privado, mas continua a ser visto em eventos públicos.

A perspectiva de que poderá estar apenas a recarregar baterias para voltar às lides políticas preocupa os seus potenciais adversários e entusiasma os seus amigos, que resolveram fazer-lhe uma grande homenagem, tendo como pretexto os seus “25 anos de vida pública em prol da região”.

Obviamente que há quem interprete esta ação como um primeiro passo para o regresso à vida política. Apercebendo-se disso, Desidério Silva viu-se na necessidade de escrever no seu Facebook que a iniciativa “nada tem a ver com qualquer intervenção de caráter político” e de garantir que “neste momento, não sou candidato a nada”.

É claro que esta é uma garantia nula. Toda a gente já sabia que ele não é candidato a nada neste momento, quanto mais não seja por não haver nenhuma eleição à porta à qual se possa candidatar. Portanto, neste momento, não é candidato, daqui a uns tempos… logo se vê.

 

Isto é Lagoa ou Portimão?

Quem foi à sessão da Assembleia Municipal de Lagoa sobre descentralização e regionalização, às tantas deve ter ficado com dúvidas sobre se se teria enganado no percurso e ido parar ao concelho vizinho de Portimão.

É que parecia haver na sala quase tantos autarcas de um concelho como do outro e, inclusivamente, uma deputada municipal de Portimão fez questão de dar a sua opinião sobre o assunto, no período de intervenções do público.

Na última campanha eleitoral, o presidente da Câmara de Lagoa, Francisco Martins, garantiu que o seu concelho tinha deixado de ser um dormitório de Portimão e que, atualmente, “é a malta ali do lado que gostava de vir para aqui”.

Se calhar os políticos do outro lado da ponte concordam com ele e estão em missão de espionagem e reconhecimento com o objetivo de se candidatarem aos órgãos autárquicos de Lagoa nas próximas autárquicas.

 

O mistério dos tablets desaparecidos

Por falar da Assembleia Municipal de Lagoa, causou também alguma estranheza o facto da esmagadora maioria dos deputados não ter um tablet à sua frente.

É que, como a Câmara está numa de fazer de Lagoa uma ‘cidade inteligente’ e quer declarar guerra ao desperdício de papel, tinha oferecido um tablet a cada deputado municipal.

Que raio terá acontecido aos tablets? Desapareceram? Foram roubados? Ou será que os eleitos na Assembleia Municipal precisam que a Câmara também lhes ofereça um curso para aprenderem a lidar com estas novas traquitanas tecnológicas?

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