Aplausos e … Televida
João Reis |Professor
“Juro solenemente consagrar a minha vida ao serviço da Humanidade. Exercerei a minha arte com consciência e dignidade”, eis dois dos princípios do “Juramento de Hipócrates” (pai da medicina ocidental) feito pelos Médicos quando terminam a sua formatura. São estes Médicos (a maiúscula é intencional) que estão, nestes tão indefinidos tempos, a lutar, em primeira linha, o malfadado vírus que nos invadiu. Os aplausos que, por todo o Mundo, lhes são dirigidos são inteiramente merecidos – o denodo, o altruísmo, a abnegação, a sabedoria e a resistência são algumas das qualidades admiráveis que possuem e põem ao serviço de todos. No nosso Portugal, também! Pela atitude de Médicos, Enfermeiros (que os acompanham, todo o tempo), Técnicos e Auxiliares (igualmente) o nosso Serviço Nacional de Saúde foi levantado do chão das críticas que, nos tempos anteriores à pandemia, vinha sofrendo. Afinal de contas, temos um SNS de bom nível. Tem falhas? Tem! Tem-lhe faltado investimento? Também! Poderia ganhar em organização? Certamente! Mas quando, agora, vamos conhecendo o que se tem passado com idênticos Serviços por esse mundo fora, perante uma situação para a qual nenhum estava preparado, acabamos por reconhecer e perceber que é meritória a real posição do nosso SNS no ranking da Organização Mundial de Saúde (22º entre 169 países) e 13º no ranking europeu (entre 35 países). Aplaudo, pois, o SNS e os seus profissionais. E aplaudo, também, as Forças de Segurança, as Forças Armadas e TODOS AQUELES ANÓNIMOS que, de uma forma ou doutra, se expõem, com coragem, para que a nossa quarentena não seja mais penosa. Muito obrigado!!!
No que a Lagoa respeita, cumprimento a Câmara Municipal e as Juntas de Freguesias e suas Uniões pela prontidão com que têm actuado nesta tão crítica época.
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E agora?
Por agora, ficamos em casa! Cumprindo conselhos, pedidos e determinações das autoridades; porque é preciso fazer parar o contágio. Nesta forma passiva e solitária, e sem nos apercebermos, estamos participando num tempo de mudança, que será enorme, profunda, abrangente. Talvez, demorada; embora “os estados de emergência possam acelerar os processos históricos” como escreve Yuval Harari, jornalista do “Financial Times”. Perguntamo-nos: -Depois disto, como vai ser? O que é que vai mudar? E como? A resposta mais sensata e honesta deverá ser:- Ninguém sabe! O que se poderá prever é que as mudanças não se verificarão em cada país, “de per se”, mas de forma global, em todo o planeta. Nunca, antes, a humanidade esteve tão ligada; nem tão rapidamente. Sendo tantas as dúvidas, são compreensíveis as aflições, os medos, a ansiedade, a dor; há, pois, que lhes contrapor a esperança, a fé, a paciência, a solidariedade, a união. Assim, enquanto dura esta forçada clausura, sejamos capazes de ser imaginativos , de ver o lado positivo da situação e aproveitar o tempo – lendo, reflectindo, aprendendo, percebendo o que se vai passando. É curioso que, apesar de isolados, nos temos unido pela necessidade de falar com amigos, saber deles, como estão suportando a quarentena, alguns quase esquecidos pela vida apressada que temos vindo a viver.
Felizmente, as tecnologias da comunicação têm-nos dado uma boa ajuda – somos informados e entretemo-nos com a TELEvisão, ouvimos a TELEfonia, contactamos por voz e texto por TELEfone e TELEmóvel, há quem faça TELEtrabalho, a partir de casa ou estude pela TELEescola ou se reúna em TELEconferências. É quase uma TELEVIDA!!! Com estes meios, neste tempo de confinamento, animemo-nos com o que Tolstoi, autor de “Guerra e Paz” escreveu: – “Os melhores guerreiros, em qualquer batalha, são o tempo e a paciência”.
Fiquem bem! Em casa!