Autárquicas históricas em Albufeira

A cerca de seis meses das eleições autárquicas, previstas para o início de outubro, em Albufeira deverá acontecer um dos atos eleitorais mais concorridos de sempre e um dos mais aguardados entre os concelhos do Algarve.

Além de um previsível número elevado de candidaturas (nove), entre elas duas independentes, são três os nomes apontados como podendo disputar a vitória: José Carlos Rolo (PSD), atual presidente, Ricardo Clemente (PS), que obteve um resultado interessante nas últimas autárquicas, e Desidério Silva (candidatura independente), líder da autarquia entre 2001 e 2012. Todos prometem um combate político aceso e serão, à partida, os principais candidatos para conquistar um lugar no ‘trono’ da autarquia.

Abel Zua, também antigo militante do PSD e comandante dos bombeiros da cidade, é outro nome conhecido que pode fazer mossa e baralhar as ‘contas’ e os resultados finais.

Por esta altura, uma coisa parece certa: nada será como dantes no concelho e do resultado eleitoral poderá sair uma ‘manta de retalhos’: uma vitória sem maioria e a eleição de vereadores de mais do que duas cores políticas/movimentos, o que obrigará a coligações ou acordos pontuais em questões fundamentais. Este cenário poderá também tornar ingovernável a autarquia.


Boa situação financeira

Um dos fatores a favor de José Carlos Rolo é a sua imagem de boa gestão e a saudável situação financeira da autarquia atualmente. Foi ele que em 2012, no auge da crise financeira, tomou as rédeas da Câmara Municipal, após a saída de Desidério Silva para a Região de Turismo do Algarve, e foi equilibrando as contas. Sem a popularidade do seu antecessor, foi sempre tido e visto como um homem sereno e sério na sua ação, não só dentro do partido, como na própria oposição.

A partir de 2016 e 2017, com a melhoria da situação económica, também a Câmara Municipal passou a ter uma saúde financeira invejável, entre as melhores do Algarve. Tal como em 2012, em 2018 Rolo foi ‘obrigado’ a assumir novamente a presidência da autarquia, após a trágica e inesperada morte de Carlos Silva e Sousa. Manteve-a com ‘contas certas’ e deu especial atenção a setores como a Educação e a Ação Social.

Este último ano de atividade tem ficado marcado pelo arranque de obras de maior dimensão e pelo forte apoio à economia local por causa da pandemia da covid-19 e que podem ser um importante trunfo na reeleição de José Carlos Rolo.

Foi oficialmente anunciado como o candidato do PSD a 14 de março, depois do seu nome ter sido aprovado por unanimidade, dois dias antes, pela Comissão Política Concelhia.

PS mais perto?
Há quase quatro anos, nas autárquicas de 2017, Ricardo Clemente, economista, esteve perto de surpreender. Apesar de ter perdido as eleições, chegou a estar na frente da contagem dos votos, fazendo sonhar os socialistas. Mesmo com a derrota na Câmara Municipal, o PS conquistou duas Juntas de Freguesia ao PSD (Ferreiras e Guia) e deixou em aberto uma nova tentativa para as eleições seguintes. Nem sempre consensual na concelhia, que há alguns meses chegou a ponderar outras hipóteses para liderar a lista, Clemente recebeu desde cedo o apoio da federação, é o candidato do PS e tentará uma última vez ganhar a Câmara ao PSD. O anúncio oficial foi a 31 de março, num comunicado da estrutura local, no qual o PS Albufeira diz “congratular-se, pela aprovação por unanimidade e aclamação, do nome do militante Ricardo Clemente, como candidato à Câmara Municipal”. Vereador não permanente na autarquia desde 2017, tem, diz o comunicado, “a experiência acumulada nestes últimos anos, que lhe permitiu desenvolver as bases para um projeto coerente e ambicioso”.

O homem do ‘palco’
Desidério Silva é o mais popular dos três candidatos. Depois de se ter desfiliado do PSD em 2020, assumiu em março deste ano a sua candidatura à autarquia através de um movimento independente.

Foi presidente da Câmara Municipal durante três mandatos (2001 a 2012), ainda que no último tenha saído antes do final para abraçar a presidência da Região de Turismo do Algarve. Foi ele que colocou durante anos Albufeira no mapa e deu um forte contributo para a imagem turística do concelho a nível nacional e internacional. Popular por natureza e bom no contacto de rua com a população, ficou, no entanto, na memória de alguns a sua saída em 2012, numa altura de crise e em que a autarquia passava por sérias dificuldades financeiras.

Agora, depois de uns anos afastado da política partidária, pretende regressar a um lugar e uma função que tão bem conhece e conta com apoios de alguns simpatizantes do PSD, mas também de cidadãos independentes.

‘Albufeira Prometida’
O comandante dos Bombeiros Voluntários, Abel Zua, é outro dos candidatos às próximas autárquicas, liderando outro movimento independente, que tem como bandeira o slogan ‘Albufeira Prometida’. Bastante conhecido na cidade e em tempos próximo do PSD, não deverá discutir a vitória, mas é apontada a possibilidade de obter um resultado positivo e poder mesmo eleger um vereador. Está a reunir um conjunto de pessoas da sociedade civil em torno da sua candidatura e promete retirar votos a diferentes partidos.

Os restantes
Além destas quatro candidaturas, são esperadas mais cinco: Bloco de Esquerda, CDU, CDS, PAN e Chega. À data do fecho desta edição, ainda não eram conhecidos os cabeças de lista à Câmara Municipal destes partidos, que procuram não perder eleitores em relação às últimas autárquicas.

Chega
Das forças políticas que vão a votos, apenas o Chega não foi às eleições de 2017 e será um dos partidos que poderá ir buscar votos a diversas áreas políticas, reunindo os ‘descontentes’ ou aqueles não se reveem nos partidos atuais.

No entanto, a sua margem de crescimento poderá ser condicionada pelas candidaturas de Desidério Silva e Abel Zua, que procuram também seduzir eleitores insatisfeitos.

Além disso, segundo apurámos, houve há alguns meses divisões e saída de militantes da concelhia, situação que pode condicionar o resultado do partido em Albufeira.

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