As apostas e as hipóteses para as autárquicas de 2025
Faltam cerca de dez meses para as eleições autárquicas de 2025 e a partir do Verão o combate político promete começar a animar.
PS e PSD discutem as Câmaras Municipais do Algarve, mas o Chega, confiante nos resultados alcançados nas últimas legislativas, espera intrometer-se na luta e condicionar os dois principais partidos, procurando eleger mais vereadores e deputados municipais do que em 2021.
Nos vários concelhos há muitos nomes já confirmados para encabeçar as listas, mas existem ainda algumas dúvidas, pelo que decorrem movimentações e conversas nos bastidores. Por um lado, uns tentam mostrar que são a melhor opção, por outro são os partidos que procuram fora da máquina um nome que lhes garanta o melhor resultado. Certo é que cada partido está a definir a sua estratégia e a procurar os nomes mais populares.
O Chega anseia por repetir a votação das últimas legislativas e irá apostar nos quatro deputados eleitos pelo Algarve para a Assembleia da República para encabeçar listas, aproveitando a maior visibilidade pública que dispõem. Pedro Pinto, João Graça, Sandra Ribeiro e Rui Cristina irão ser candidatos a algumas das principais Câmaras da região.
Um dado relevante é que os atuais presidentes das Câmaras de Faro, Loulé, Silves, São Brás de Alportel e Castro Marim não se podem recandidatar, devido à limitação de três mandatos, e a oposição aposta forte nestes concelhos para voltar ao ‘poleiro’. O PSD promete dar tudo para reconquistar Loulé, Tavira e Silves.
Por sua vez, os socialistas acreditam que podem regressar ao poder em Faro e farão tudo para manter as restantes autarquias nas suas mãos.
As indecisões em Faro
Na capital de distrito parece reinar a dúvida. Rogério Bacalhau já não pode ser candidato e o PSD procura ainda o melhor nome. Macário Correia sempre foi o preferido, mas recusou abordagens por diversas vezes. Cristóvão Norte, eleito deputado do partido na Assembleia da República, sente que é no Parlamento que melhor defende os interesses da região e não está disponível para ser candidato à Câmara.
O presidente da concelhia Bruno Lage parece com vontade de avançar e o mesmo sucede com o atual vice-presidente da autarquia, Paulo Santos, ‘braço direito’ de Rogério Bacalhau. Fora da corrida, estará Alexandra Gonçalves, que a dada altura chegou a estar entre as possibilidades em cima da mesa.
Do lado do PS, António Miguel Pina, que cumpre o último mandato em Olhão, já disse ao PS que quer ser o candidato, numa corrida em que está também Ana Passos, ex-deputada à Assembleia da República e antiga líder das Mulheres Socialistas do Algarve.
Perante este cenário, a socialista já anunciou que o candidato do partido à Câmara de Faro deve ser escolhido numa eleição interna, aberta a todos os militantes da concelhia farense.
O Chega quer intrometer-se nesta luta e baralhar as contas e, nesse sentido, Pedro Pinto deverá mesmo ser o candidato, ele que foi o número um pelo Algarve nas últimas legislativas.
Mendes Bota em Loulé?
Mais ativo nos últimos meses em termos de aparições públicas e em eventos políticos no Algarve, chegou a pairar a ideia, entre alguns social-democratas, de um eventual regresso de Mendes Bota para ajudar o PSD, por exemplo, a resgatar a Câmara de Loulé ao PS.
onte do partido garantiu, no entanto, que essa não é uma possibilidade em cima da mesa e que será realizada em breve uma sondagem, que incluirá nomes do PSD e independentes, para avaliar qual será o melhor nome para encabeçar a lista laranja.
Do lado do PS, que não pode recandidatar Vítor Aleixo pelo limite de mandados, a decisão está tomada e é unânime: Telmo Pinto, ainda presidente da Junta de Freguesia de Quarteira, está escolhido e tem como missão manter a Câmara de Loulé em ‘mãos’ socialistas. Do Chega, Sandra Ribeiro ou Rui Cristina, ambos deputados na AR, um deles deverá avançar.
Coligação em Albufeira?
Na capital do turismo algarvio, no PSD não há dúvidas. José Carlos Rolo está confirmado como candidato, ainda que não de forma oficial, acompanhado por Cristiano Cabrita, o seu vice-presidente.
A confiança reina entre os social-democratas, até porque já não há a candidatura de Desidério Silva a retirar eleitorado à direita, mas a oposição está à espreita. O PS acredita que pode fazer mossa desta vez e deverá apostar numa coligação com o Bloco de Esquerda e com Abel Zua, antigo comandante dos bombeiros que nas eleições de 2021 liderou uma candidatura independente.
Neste acordo, o candidato seria o socialista Victor Ferraz. Do Chega, pouco se sabe e há a possibilidade, como já referido, de o partido apostar num dos deputados que tem na AR.
Portimão
Álvaro Bila, atual presidente da Câmara de Portimão, já foi aprovado pela concelhia e será o candidato do PS às autárquicas. O famoso jantar organizado pela sociedade civil, em outubro, e que reuniu cerca de 300 pessoas parece ter dissipado as poucas dúvidas que pudessem ainda existir.
Por sua vez, o PSD está neste momento no terreno a procurar o nome certo para tentar obter o melhor resultado possível. Nomes como Carlos Gouveia Martins, Ana Fazenda e Rui André estarão em cima da mesa, assim como alguém da sociedade civil e com peso no concelho. Segundo apurou a Algarve Vivo, até final de dezembro, princípio do ano, a concelhia espera ter este dossier fechado.
Uma coligação com o CDS estará, posteriormente, também em cima da mesa. O Chega também está em movimentações, e ainda que Pedro Xavier pretenda ser o candidato, existe a forte possibilidade de ser João Graça, líder da Distrital e deputado na Assembleia da República eleito pelo Algarve, a dar a cara. A decisão está nas mãos de André Ventura, pois segundo a Algarve Vivo apurou, será ele que irá decidir com Pedro Pinto, quais as Câmara Municipais onde o Chega vai colocar os seus deputados como cabeças de lista.
Lagoa
Em Lagoa, não há dúvidas quanto à recandidatura do socialista Luís Encarnação, que terá todas as condições para manter o PS na ‘cadeira do poder’. As dúvidas surgem do lado do PSD. O advogado Joaquim Cabrita é um dos nomes mais desejados pelos militantes, no entanto não é crível que avance.
As alternativas não serão muitas e este é um processo que só deverá ficar decidido no início do ano. Ainda assim, Luís Aleixo, residente em Ferragudo e veterinário em Silves e antigo vereador nos tempos de Jacinto Correia, já foi falado internamente, tal como Mário Vieira, atual presidente da concelhia.
Por sua vez, neste concelho, o Chega procura eleger um vereador em Lagoa e Hernâni Sousa, candidato em 2021, pode voltar a ser o nome indicado para encabeçar a lista a este órgão.
‘Faísca’ em Tavira
A atual presidente socialista Ana Paula Martins será naturalmente a candidata do Partido Socialista à Câmara de Tavira. Mas neste concelho a luta prevê-se renhida, pois nas últimas autárquicas foi por muito pouco, por 124 votos, que o PSD não chegou à vitória.
Por isso, Dinis Faísca, o candidato em 2021 e eleito em março deputado para a Assembleia da República, vai mesmo ‘descer’ ao Algarve e voltar a liderar a lista social-democrata para, desta vez, arrebatar a autarquia aos socialistas. O combate político promete ser intenso e a votação renhida.
PS confortável em Lagos
O socialista Hugo Pereira, presidente da Câmara de Lagos, será naturalmente o cabeça de lista do PS nas eleições e parece estar numa posição confortável, face à instabilidade e pouca organização que a oposição tem demonstrado.
Parece faltarem nomes ‘sonantes’ no PSD que possam fazer frente a Hugo Pereira. No Chega, o candidato deverá ser o atual presidente da concelhia, Paulo Rosário Dias.
Silves por conquistar
Em Silves, Rosa Palma cumpre o seu último mandado e a oposição, nomeadamente o PSD, sente que esta é uma oportunidade única para voltar a conquistar a Câmara.
Entre a CDU ainda se discute qual será o melhor candidato e Tiago Raposo, vereador com o pelouro do desporto é uma das hipóteses, mas não a única.
Do lado dos social-democratas, parece não existirem dúvidas que João Garcia, presidente da Associação de Regantes e Beneficiários de Silves, Lagoa e Portimão e atual vereador da oposição, voltará a ser o candidato para desta vez conseguir a vitória nas eleições.
O Chega está a procurar um candidato da sociedade civil, uma vez que o cabeça de lista pelo partido nas últimas eleições, José Paulo Sousa, não deverá avançar. No PS e Bloco de Esquerda, os processos de escolha parecem estar ainda no início.
Castro Marim
Em Castro Marim, com a saída de Francisco Amaral, por limitação de mandatos, o PSD procura manter-se no poder e aposta na atual vice-presidente da Câmara Filomena Sintra, que é também vogal da Comissão Nacional do partido.
Estará em boa posição para garantir uma vitória, mas o PS quer vender cara a derrota e aposta em Ricardo Cipriano, atual vice-presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, para conquistar a vitória.
Outras novidades
Nos restantes concelhos da região podem surgir algumas novidades. Rui André, que tem andado por Portimão, poderia ser uma possibilidade à Câmara de Monchique, ideia que até poderia agradar ao social-democrata, mas existem incompatibilidades com a atual Comissão Política Concelhia, que só uma intervenção da Distrital poderia solucionar.
O candidato do PS será o atual presidente em funções, Paulo Alves, que parece em boa posição para vencer as eleições e manter-se no cargo.
Nos restantes partidos, como a Iniciativa Liberal, o Bloco de Esquerda, CDS e CDU os processos estão mais embrionários e não foi possível apurar mais informações. Estes foram os dados que conseguimos apurar, sendo que muito mais movimentações decorrem neste momento.
A partir dos meses de março e abril, os partidos irão começar a anunciar oficialmente os candidatos e as equipas que os acompanham.