Agrupamento Nuno Mergulhão comemorou ‘a sério’ o 25 de Abril

Texto e foto: José Garrancho


O Agrupamento de Escolas Engenheiro Nuno Mergulhão promoveu uma sessão solene do 49º aniversário do 25 de Abril, no estabelecimento sede, no dia 24, na qual, o único órgão de comunicação social presente foi o Portimão Jornal.

‘A História por quem a viveu’ foi o momento alto com a presença dos três militares que aderiram, no Algarve, ao movimento que levou a cabo a ‘Revolução dos Cravos’. São eles os coronéis José Glória Alves, Filipe Ferreira Lopes e Carlos Leal Branco, que assistiram à interpretação de ‘Grândola Vila Morena’ pelo coral de alunos, sob a maestria do professor Francisco Balancho.

Depois da introdução pela professora e historiadora Maria João Raminhos Duarte, contaram a um auditório repleto de alunos interessados que o CICA5 de Lagos foi o único dos três quartéis no Algarve que aderiu, embora não passasse de um centro de instrução de condutores auto, com uma guarnição reduzida.

O coronel José da Glória Alves recordou que foi reunir-se com a chefia em Lisboa e, quando regressou ao Algarve com as instruções sobre o golpe, dirigiu-se a Tavira e convidou os seus camaradas a participar. Disseram-lhe que não, mas que também não eram contra e não os denunciariam. Não contactou Faro, porque era o centro de comando distrital e não tinha lá ‘gente da sua confiança’.

Que missão lhes foi confiada, se não era uma unidade operacional? Colocar fora de serviço as antenas existentes na Fóia, para evitar comunicações entre a capital e as forças militares e de segurança algarvias, para que estas não se apercebessem do que se estava a passar e não atuassem. Ficariam disponíveis apenas as antenas do Rádio Clube e da Rádio Renascença, fiéis ao movimento e transmitindo as músicas que eram as senhas para os revoltosos, ‘E Depois do Adeus’ e ‘Grândola Vila Morena’.

Carlos Leal Branco ficou de guarda ao comandante da unidade, que dissera estar com os revoltosos e, depois, mudou de ideias. Os dois camaradas saíram do quartel, reuniram-se com cerca de 30 soldados que estavam acampados junto à Barragem da Bravura, num exercício normal de treino, explicaram-lhes o que se estava a passar e eles aderiram. Seguiram para a Serra de Monchique, onde levaram a bom fim a missão, regressando depois a Lagos.

Os ‘heróis de abril’ confessaram aos alunos que, durante todo esse período, o medo de serem presos perdurou, mas que tiveram sempre a esperança de que a revolução iria vencer. E venceu.

Alguns alunos fizeram perguntas e manifestaram o agrado pela iniciativa. “Quando estudamos história, são sempre coisas que se passaram há muitos anos e não conhecemos as pessoas envolvidas. Aqui, foi diferente e adorámos conviver com quem escreveu uma página importante da nossa história”, disseram.

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