‘Bandamecos’ divulgam primeiro CD de originais

Texto: Hélio Nascimento | Fotos: D.R., in Portimão Jornal

São bons amigos, todos portimonenses, tendo em comum a paixão pela música, o que os levou a formar, em 2016, os ‘Bandamecos’, um agrupamento que toca, canta e encanta, com a irresistível particularidade de as respetivas idades somarem, em conjunto, “mais de 350 anos”, como revelam, entre sonoras gargalhadas, os protagonistas desta singular aventura.

Em jeito de apresentação, anote o leitor: Noel Santos e António Peixinho vão nos 71 anos, Carlos Carrelo tem 72, Fernando Fernandes chegou aos 70 e Francisco Ponceano soma 69. Um quinteto que justifica, desde já, um enorme viva à ‘ternura dos setenta’.

“Gostamos muito de música e também de conviver. Este prazer comum, aliado à nossa amizade e ao facto de estarmos todos reformados, levou à criação da banda”, explicam, quase em uníssono, ao Portimão Jornal, nas instalações do Clube União Portimonense.

O Carlos, o Noel e o Peixinho já tinham uma experiência, mas longínqua, quando, em 1968, formaram o Clã Quatro, com outro comparsa. “A coisa durou pouco, porque logo a seguir fomos para a tropa”. Só que, convenhamos, guardado estava o bocado…

Juntos de vez em quando e com um ensaio por semana – que é adiado se o Benfica joga nesse dia – na Mexilhoeira da Carregação, no concelho vizinho de Lagoa, o quinteto toca música para todos os gostos e de todos os estilos, do pop ao rock e aos boleros, sobretudo “dos anos 60 e 70, da nossa juventude”. Mas não só: o primeiro e até agora único CD, lançado no princípio deste ano, engloba 16 originais, todos em português e da autoria de António Peixinho.

As atuações surgem “quando calha, sem grande regularidade, mas sempre no Algarve”, de Alcoutim a Vilamoura e à Praia da Rocha, incluindo passagens de ano, naturalmente antes da pandemia.

“Somos nós que fazemos a divulgação e vamos dando a conhecer o produto. Não temos ‘manager’, mas pode ser que isto possa ser mostrado aos netos”, exclama Carlos Carrelo, provocando novo riso geral.

UM CD PARA CHEGAR AO MAIOR NÚMERO DE PESSOAS 

A gravação do CD foi uma verdadeira aventura, já que os ‘Bandamecos’ não tinham experiência no assunto e passaram 14 horas num estúdio em Monchique.

“Foi feito um bocado a cru, mas com uma preocupação, pois queríamos que tudo o que está no CD pudesse ser feito em palco. Por outras palavras, uma reprodução fiel, sem recorrer a artifícios”, um objetivo de todo conseguido, para satisfação dos cinco, cuja ideia, a curto prazo, “é rir e divertir”, asseguram.

Mais a sério, querem promover a obra, levá-la até ao maior número de pessoas e, inclusive, dá-la a conhecer à Câmara Municipal. “Achamos que as músicas são muito bonitas e algumas até passam mensagens importantes, como aquela que é dedicada a Portimão”.

“Gostaríamos de ver a recetividade do público, até mesmo para melhorar. O primeiro álbum dos Beatles, o ‘Love Me Do’, também não foi nada de especial. E nós, se gravarmos o segundo, será de certeza melhor do que este”, reforçam.

Para já, os ‘Bandamecos’ atuaram no Pequeno e no Grande Auditório do TEMPO, no Coreto da Zona Ribeirinha e têm a apresentação do CD marcada para 8 de abril, no Clube União Portimonense. “Não levamos o ‘cachet’ do José Cid nem do Tony Carreira”, atira um dos elementos, provocando nova gargalhada. 

Depois, mudando o discurso, surge o apelo a uma maior divulgação dos artistas da terra, em especial numa altura em que “não existem concursos de bandas de garagem, o palco onde começaram os Sheiks e os Xutos”.

A MÚSICA A METRO E O GIRA-DISCO A PILHAS

Os músicos reconhecem que “há muita malta boa a atuar em Portimão, mas nós devemos ser os únicos com uma banda de baile, e, quanto ao público, se tocares o que ele gosta, gosta sempre”.

Os ‘Bandamecos’ sublinham que é mais difícil um palco para cinco elementos, “porque os espaços são reduzidos”, pelo que “basta um a cantar e outro com um acordeão para ser mais barato e fazer a festa”. Contudo, esta é uma solução “mais pobre”, visto que uma banda… é sempre uma banda”.

Com todo o respeito, prosseguem, “a Sociedade Vencedora chega a encher, com a música a cargo de um DJ”, uma espécie “de moda que leva as pessoas a aparecerem, como no nosso tempo”, embora a qualidade do espetáculo não seja a mesma, garantem. “É música a metro, como diz o Paulo de Carvalho”.

O intuito do quinteto é dar a conhecer o seu produto. “Não pensamos nas vendas. É mais pelo convívio e por fazer o que gostamos, aproveitando o tempo livre”. A referência maior são os Beatles, mas “hoje canta-se mais em português e importa mostrar o que a terra e o país têm de natural”, com uma alusão às muitas escolas – caso da Escola Básica e Secundária da Bemposta – onde se aprende e se evolui, sem esquecer que “nos anos 60 ouvíamos música num gira-discos a pilhas”.

“SENTEI-ME, ESCREVI E SAIU”

António Peixinho é o autor das letras e das músicas dos 16 temas que compõem o CD, revelando uma intuição a todos os títulos notável, como os seus companheiros, aliás, destacam.

“O segredo? Não há, nunca fiz nada disto. Sentei-me, escrevi, a malta dizia que estava engraçado e de um dia para o outro foram saindo as canções”. Peixinho confessa ter um gosto especial “pelas palavras e pela escrita”, tendo-se inspirado em dois tipos de conteúdos, um mais do dia a dia e outro mais brejeiro.

No primeiro caso, retrata relações que vão dos amores aos arrufos de casais e namorados, bem como da crescente dependência da internet, e, no segundo, delicia-nos com histórias reais ou ficticías de cariz bastante divertido.

Assim, brincando com algumas situações, surgiram o ‘Amor Virtual’, o ‘Pistoleiro da Praia’, o ‘Gelado Kubom’ e o ‘Estou Xaringado’, entre muitos outros temas. Ao fim e ao cabo, um hino aos dizeres algarvios, com um toque portimonense…

QUEM SÃO OS ‘BANDAMECOS’?

NOEL SANTOS

71 anos

Guitarra baixo e voz 

FERNANDO FERNANDES

70 anos

Bateria 

ANTÓNIO PEIXINHO

71 anos

Guitarra ritmo e voz 

CARLOS CARRELO

72 anos

Percussão e voz 

FRANCISCO PONCEANO

69 anos

Teclado e voz

You may also like...

Deixe um comentário