Cristiano Cabrita: “O meu compromisso é com Albufeira” (1ª parte)

Aos 47 anos, Cristiano Cabrita é um dos nomes fortes do Partido Social Democrata de Albufeira. Além de vice-presidente da Câmara, é membro da Comissão Política Nacional do PSD e um fervoroso apoiante do atual primeiro-ministro, Luís Montenegro. Nesta entrevista, revela as razões porque não ficou no Parlamento e regressou à autarquia, depois de ter sido eleito nas Legislativas de 10 de março, na sequência da ida de Miguel Pinto Luz para ministro das Infraestruturas.

Tem um percurso algo atípico na política. Saiu desta atividade em 2005 e só regressou em 2019. O que aconteceu?
Acho que devemos estar na política de uma forma independente. Entendi na altura que devia apostar primeiro na minha carreira académica e profissional e só depois, quando estivesse seguro e com a vida organizada, é que devia voltar à política. E foi isso que aconteceu. Saí em 2005 da Assembleia Municipal, fiz o meu percurso, embora tenha sempre apoiado o PSD, e voltei de forma natural, num regresso que aconteceu quando tinha de acontecer.

Quais foram as circunstâncias que ditaram o seu regresso?
Foi interessante. Endereçaram-me o convite para ser diretor de campanha de Rui Rio no Algarve e começou aí. Essa foi a rampa de lançamento, até chegar à Comissão Política Nacional do partido.

E em Albufeira?
Começou na mesma altura. Depois de ter sido diretor de campanha, fui indicado pelo PSD Algarve para ser cabeça de lista às Europeias de 2019. Depois fui eleito presidente da Comissão Política Concelhia de Albufeira. E esta foi a primeira vez que fiz parte de uma comissão política.

E como chegou à estrutura nacional do PSD?
Acho que foi pelo reconhecimento do trabalho que realizei a nível local e regional. Fiz as duas campanhas internas de Luís Montenegro e isso levou a que, há dois anos, fosse convidado para fazer parte deste órgão.

Neste período entre 2005 e 2019, em que esteve afastado da política, qual foi o seu percurso?
Faço parte dos quadros da Câmara Municipal de Albufeira. Há muitas pessoas que desconhecem esse facto. Neste período, trabalhei sempre na autarquia e fiz o meu percurso académico em paralelo. Nunca deixei de trabalhar para estudar. Comecei como técnico superior estagiário, passei a técnico superior de relações internacionais, chefe de gabinete da Divisão de Comunicação, Relações Públicas e Relações Internacionais e depois Chefe de Divisão. Paralelamente fui desenvolvendo o meu percurso académico. Licenciei-me, fiz mestrado e depois doutoramento. Pelo meio, ainda estive na Universidade de Oxford, no Reino Unido, a completar o doutoramento, que terminei em 2015. Fui professor universitário durante cinco anos na Universidade Lusíada, em Lisboa, entre 2018 e 2023, e atualmente estou a colaborar com a Universidade Católica, no Instituto dos Estudos Políticos. Fiz comentário televisivo para a SIC, TVI, CNN, Jornal I, Sol, entre outros. Tive sempre várias atividades em simultâneo.

Com tanta atividade, como é que a política venceu e passou a ser a sua vida?
Os meus pais recordam-me que quando eu tinha cinco ou seis anos, o único poster que tinha no meu quarto, era do General Ramalho Eanes. Não era de futebolistas, artistas de música ou de desenhos animados. Desde muito cedo que tive uma certa sensibilidade para a política, sobretudo para resolver os problemas das pessoas, do espaço público e tudo o que está relacionado com a vivência em comunidade. Foi sempre algo que me fascinou.

UM MÊS NO PARLAMENTO
Foi eleito deputado no Parlamento pelo PSD nas últimas legislativas. Tomou posse e suspendeu depois, regressando a Albufeira. Porquê?
O partido pediu-me num momento difícil para ‘dar a cara’ no âmbito das eleições legislativas e aceitei. Sabia que iam ser umas eleições complicadas e, por isso, mostrei a minha disponibilidade. Fui em quarto lugar e não era expectável que o quarto entrasse. Não fui eleito diretamente, só fui porque o Miguel Pinto Luz, o primeiro da lista, foi para ministro e assim o quarto elemento entrou nos eleitos. Transmiti sempre às pessoas do partido que a minha responsabilidade, enquanto autarca eleito em 2021 em Albufeira, era cumprir o meu mandato até ao fim e, sobretudo, sentia que havia muito trabalho para fazer. Tinha um conjunto de compromissos com pessoas da cidade que não podia deixar para trás. Essa é uma das razões porque não fiquei na Assembleia da República, mas há outra. A minha vontade, que era voltar para Albufeira, porque amo a minha cidade. Acho que ser deputado da República é um cargo de grande responsabilidade e um prestígio. Mas entendo que não há maior prestígio do que servir as pessoas a nível local. E eu, nascido e criado em Albufeira, quero servir a minha cidade, o meu concelho.

O seu regresso esteve sempre previsto?
Deixei muito clara essa vontade e os meus colegas de executivo sabiam que ia regressar. Aliás, podia ler-se nas entrelinhas, pois eu suspendi o mandato na Câmara apenas por um mês.

E porquê?
Para tomar posse num momento complicado, de discussão do programa do Governo, de discussão nas comissões parlamentares e no início da nova legislatura. Outra razão pela qual entendi tomar posse foi porque pensei na vida do Dinis Faísca, o elemento seguinte da lista, que tinha, de um momento para o outro, resolver uma série de questões, antes de ir para Lisboa. Tomei posse, estive presente num momento importante e depois cedi o lugar. Estava tudo coordenado e tudo foi sempre muito claro na minha cabeça.

Houve quem comentasse que estava a abandonar Albufeira?
Alguns, nomeadamente pessoas que não me conhecem, mas isso é natural na política. Quem disse isso, é quem não sabe o que foi o meu empenho nestes últimos três anos na autarquia e a minha disponibilidade total para estas funções. Mas compreendo isso e não levo a mal.

O seu compromisso é então com Albufeira?
A cem por cento.

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