Dedicação sem limites ao andebol explica êxito dos rapazes do LAC

A vitória em casa do campeão Benfica catapultou a equipa de sub-18 do Lagoa Académico Clube (LAC) para uma época brilhante, que pode, inclusive, atingir maiores proporções, mas são os próprios intervenientes, prudentes e realistas, que deitam água na fervura, prometendo ir “jogo a jogo, com a mesma dedicação de sempre”. Único clube algarvio presente no Campeonato Nacional da categoria, o LAC passou a primeira fase com distinção, averbando 13 vitórias em 14 jogos, e agora, de novo perante adversários de enorme valia, continua na luta e até sonha fazer história.

O Lagoa Informa foi ao seio do grupo ‘medir’ as expetativas e falou com três jogadores, todos eles unânimes num ponto, que, de resto, seria também corroborado pelo treinador. Para Francisco Alberto, Afonso Gomes e Martim Godinho, uma boa parte do êxito é ‘alimentada’ pela enorme dedicação colocada nos treinos, que se estende ao ambiente saudável vivido na equipa, dentro e fora dos pavilhões, e, claro, ao valor intrínseco destes rapazes que fazem do andebol uma agradável e salutar forma de vida.

Os sub-18 do LAC entram na segunda fase com 14 pontos e apenas um conjunto, o Núcleo de Samora Correia, consegue melhor, somando 16. Ou seja, Benfica e Sporting, por exemplo, têm 12 e vêm atrás. Mas ainda há, naturalmente, muito jogo para disputar.

Os algarvios vão agora defrontar Avanca, São Bernardo de Aveiro, Sporting e Samora Correia, numa série que comporta também Benfica, Belenenses e Pinhal Frades.

Todavia, o LAC já jogou com estas equipas, na primeira fase, da qual transitam os tais 14 pontos, fruto das contas de um percurso com uma só derrota, em Lagoa e frente ao Benfica, na última jornada. Este novo agrupamento apura três clubes para a derradeira fase, aos quais se juntarão outros três da região do Porto, para definir depois o campeão nacional.
 
Adversários de respeito
Francisco Alberto tem 17 anos e é o capitão, tendo já dez anos ao serviço do LAC, o emblema da sua cidade natal. “Fizemos um bom percurso e passámos à segunda fase, onde vamos encontrar equipas mais difíceis e jogos complicados”. Para trás ficou o trajeto quase cem por cento vitorioso, “graças ao nosso trabalho e ao empenho de todos os dias, com uma enorme dedicação”. No entender de Francisco, que joga a central e é o melhor marcador, com mais de uma centena de golos obtidos, é igualmente importante “a coesão do grupo, que atua junto há anos, mas os novos, que entraram esta época, tiveram um fácil entrosamento, facilitado pelo espírito que vivemos”.

Afonso Gomes, 16 anos, pratica andebol há cinco e passou pelo Vela Tavira e Casa de Cultura de Loulé, de onde é natural. O amor à causa derruba barreiras e quilómetros e o atleta comparece todos os dias aos treinos, viajando de Loulé a Lagoa e vice-versa com o pai ou com a mãe. É ponta direita e cumpre a terceira temporada no LAC. “A vitória na Luz foi um momento importante e especial, sobretudo porque nos deu mais confiança. Foi algo bonito e ajudou às vitórias consecutivas que averbámos de seguida”.

Martim Gordinho, por sua vez, tem a curiosidade de ser filho do presidente do clube, Carlos Gordinho. Tem 17 anos, joga andebol há sete, sempre no LAC, e atua a central ou lateral. “Nesta segunda fase vamos apanhar adversários mais fortes, que nos vão criar imensas dificuldades, mas estamos determinados a encarar todos os jogos da mesma forma e para ganhar. Já conhecemos os nossos opositores e temos a noção que são de respeito, mas destaco Sporting e Samora Correia como, talvez, os mais complicados”.
 
Quando as viagens até dão prazer…
Com a certeza de que todos os adversários são difíceis de ultrapassar, Francisco Alberto insiste na ideia de que é preciso muito respeito e foco para somar mais pontos e seguir em frente. “As equipas são todas boas, não há volta a dar”, frisa, ciente das responsabilidades. Acresce que os algarvios, nesta altura das respetivas competições, são sempre os mais sacrificados, face aos muitos quilómetros que é preciso percorrer para atuar, por exemplo, no centro ou norte do país. 

“As deslocações são um problema, é verdade. Fazemos muitas viagens e passamos por alguns sacrifícios, mas até já estamos habituados e acho que não acusamos o desgaste. Mais aborrecido é quando temos aulas no dia a seguir, mas, para ser sincero, gostamos e até nos divertimos”, garante o capitão.

Desafiado a revelar o segredo deste percurso brilhante, Francisco aponta para a dedicação de todo o grupo. “Aqui, por exemplo, temos o caso do Afonso, que vem de Loulé todos os dias e não se queixa. É essa dedicação que ajuda a explicar o sucesso, bem como o trabalho que desenvolvemos, com qualidade e que nos dá prazer”, acentua um dos mais ‘velhos’, já com muitos anos de ligação ao emblema lagoense.

O ‘ponta’ Afonso Gomes enfatiza o “trabalho sério, com muito esforço e dedicação”, que existe no LAC, em contraponto ao que viveu em Tavira e Loulé. “Com todo o respeito, as diferenças são notórias. Sinto aqui uma maior união, que se reflete no nosso espírito e ajuda a dar tudo por tudo dentro do pavilhão”, diz o jogador, que frequenta o 11º ano e seguiu economia. Já Francisco e Martim optaram por desporto e estão no 12º ano.
 
Atmosfera incrível nos jogos em casa
Num percurso tão bonito e com tantas provas dadas será natural que os lagoenses sonhem, a curto prazo, na obtenção do título nacional? E os jogadores falarão disso no balneário? “O objetivo é esse, estamos cá e trabalhamos, mas, obviamente, não é fácil. Todavia, desde que a possibilidade exista, apontamos a isso”, refere Martim Gordinho.

Nos jogos em casa, reconhecem os atletas, “temos mais apoio, porque a atmosfera é incrível, mas isso não diferencia a forma como jogamos”, com a modalidade sempre num plano prioritário. “Quero continuar no andebol, naturalmente. Nem olhei para outras coisas nem para outros desportos”, sublinha Francisco Alberto, que tem alguns jogadores como referência, um deles no futebol, o incontornável Cristiano Ronaldo. “Na minha modalidade aprecio vários, mas destaco o Gabriel Conceição, do Póvoa, que é muito novo e uma verdadeira inspiração”.

Por falar em outros desportos, Martim conta que também praticou futebol e natação, mas “nada que se compare ao andebol, que tenciono seguir na minha vida”, quiçá tirando partido do curso que frequenta. O recente Europeu veio também à baila, por ter reunido a ‘fina flor’ do andebol, o que entusiasmou Afonso Gomes. “Acho que a Seleção Nacional podia ter chegado mais longe, mas isso não invalida o que de muito bom foi feito pela nossa equipa”, que alcançou o sétimo lugar final.

Voltando à realidade do LAC, e para lá do que os sub-18 ainda possam fazer, o grande objetivo da época foi atingido: a permanência na I Divisão Nacional! Daí que os responsáveis estejam particularmente satisfeitos, como o treinador Mário Almeida (ver caixa) vincou, com um significativo louvor a todo o grupo, composto pelos seguintes atletas: Afonso Gomes, Diogo Luís, Diogo Rodrigues, Diogo Silva, Enzo Pimentel, Francisco Alberto, Francisco Bonança, Francisco Magalhães, João Lamy, João Romão, João Soares, Leonardo Cardoso, Luís Ribeiro, Lucas Pires, Martim Gordinho, Paulo Serra, Rodrigo Trigo, Ruben Neves, Santiago Ribeiro, Samir Cristelo, Tiago Batista, Tomé Carvalho e William Goodale.

O treinador é Mário Almeida, que tem Serafim Laranja como adjunto e Gonçalo Bárbara como preparador físico. O dirigente responsável é Carlos Gordinho, o presidente que vive de perto todas estas emoções.

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