Esclarecimento de algumas questões frequentes sobre a COVID-19
Dra. Ana Jesus | Farmácia Amparo Lagoa
Qual a diferença entre coronavírus e COVID-19?
Os vírus são organismos pequenos e bastante simples que não possuem células. São formados basicamente por uma cápsula proteica que envolve o material genético, com instruções que permitem a sua replicação. Dependem completamente das células do hospedeiro para se reproduzir. Em dezembro de 2019, foi detetado um surto de casos de pneumonia na China, cujo agente responsável foi identificado como um vírus nunca antes isolado no Homem. Para o diferenciar, foi inicialmente chamado “novo coronavírus” (2019-nCoV), assim que se detectou a sua relação com a família dos coronavírus. Foi depois designado como SARS-CoV-2 (Síndrome Respiratória Aguda Grave – Coronavírus 2), e a doença pela qual é responsável como COVID-19. O nome atribuído pela Organização Mundial de Saúde é retirado das palavras “corona”, “vírus”, “doença” e 2019, o ano em que surgiu.
Quais são os sinais e sintomas desta doença?
O período de contágio (tempo decorrido entre a exposição ao vírus e o aparecimento de sintomas) é, em média de 5-6 dias, mas pode ir até 14 dias. Os sintomas mais frequentes associados à COVID-19 são febre, tosse e dificuldade respiratória. Também pode surgir corrimento nasal, dor de garganta, diarreia, dores de cabeça e/ou musculares e cansaço. Estes sintomas são geralmente ligeiros, em cerca de 80% dos casos, e surgem gradualmente. Muitas das pessoas infetadas não apresentam quaisquer sintomas. Em casos mais graves, pode levar a pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos, e eventual morte.
Embora não seja totalmente claro, as pessoas idosas ou com doenças crónicas (hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares e cancro) parecem apresentar maior vulnerabilidade.
Na generalidade, pessoas como o sistema imunitário mais debilitado estarão mais suscetíveis de ter inflamação e sofrer os efeitos da destruição causada pelo vírus.
Como é que o vírus se transmite?
Do que se conhece atualmente, sabe-se que o vírus precisa de alguma proximidade para se transmitir. A doença é transmitida de pessoa para pessoa por via respiratória, através das secreções respiratórias, por exemplo ao tossir ou espirrar. Sendo esta a principal via de transmissão, é muito importante respeitar o distanciamento social, de pelo menos um metro.
As partículas infeciosas poderão ainda contaminar superfícies ou objetos. É possível que outras pessoas fiquem infetadas ao tocar nesses objetos e depois nos olhos, nariz ou boca.
Qual é o tratamento para a COVID-19?
A investigação prossegue, mas ainda não existe vacina ou medicamento específico para prevenir ou tratar a COVID-19. As pessoas afetadas recebem cuidados para aliviar os sintomas, adequados a cada caso. Assim, a forma mais eficaz de combater esta doença é, à data, a prevenção do contágio.
Como me posso proteger?
Para reduzir a probabilidade de ficar doente ou transmitir a infeção a outras pessoas deve tomar as seguintes precauções:
- Reforçar as medidas de higiene: lavar frequentemente as mãos com água e sabão ou com uma solução de base alcoólica. Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência, como, por exemplo, o telemóvel.
- Distanciamento social: evitar sair de casa e locais de muita aglomeração. Se tiver mesmo de sair, manter a distância de pelo menos um metro das outras pessoas.
- Etiqueta respiratória: cobrir o nariz e a boca ao espirrar ou tossir com um lenço de papel descartável ou com a parte interna do cotovelo (nunca com as mãos). Se usar um lenço, deve deitá-lo no lixo de seguida. Lavar as mãos sempre que se assoar, tossir ou espirrar.
- Se tiver febre, tosse ou dificuldade em respirar, ligue para o SNS 24 (808 24 24 24) antes de se deslocar a um serviço de saúde.
As grávidas correm riscos acrescidos?
Não há evidência científica sobre a gravidade da doença em mulheres grávidas após a infecção pelo novo coronavírus. Porém, caso adoeçam, os tratamentos que possam receber são limitados, o que as torna quase grupo de risco. Recomenda-se que as mulheres grávidas tenham as mesmas precauções de prevenção face ao novo coronavírus.
A utilização de máscara protege-me do novo coronavírus?
A máscara cirúrgica pode limitar a disseminação de doenças respiratórias provocadas por vírus, incluindo COVID-19. O grande benefício da utilização da máscara é proteger os outros. Muitas pessoas poderão estar infetadas sem manifestar sintomas e estar a propagar a infeção. Contudo, utilizar máscara cirúrgica, por si só, não é suficiente para evitar o contágio. Se não for corretamente usada, além de ser um gasto desnecessário de recursos limitados que podem fazer falta, pode dar uma falsa sensação de segurança e, involuntariamente, levar ao descurar das medidas efetivas de etiqueta respiratória, de distanciamento social e de lavagem das mãos.
Certifique-se que sabe usar a máscara: deve lavar bem as mãos antes de lhe tocar, quando a colocar deve garantir que cobre o nariz e a boca, evitar tocar na máscara enquanto está a usá-la, lavar as mãos antes de a retirar, removê-la pela parte de trás segurando-a pelos atilhos ou elásticos, descartá-la para um contentor de resíduos e lavar novamente as mãos.
Estão em curso estudos para avaliar métodos de esterilização para estes materiais, mas não havendo ainda dados disponíveis sobre os métodos de limpeza eficazes e não prejudiciais para equipamentos de uso único, como máscaras, estas deverão descartadas após utilização.
A máscara cirúrgica pode ser usada por algumas horas desde que não esteja suja ou húmida. A humidade da respiração reduz a capacidade de proteção da máscara. Pode mesmo proporcionar a captação de partículas, nomeadamente de vírus, tornando-se contraproducente.
A utilização de máscaras feitas de outros materiais (por exemplo de algodão) ainda não foi avaliada pela Organização Mundial de Saúde. Não existem dados suficientes para recomendar ou não a sua utilização nesta situação. Mas podem acumular resíduos e partículas infeciosas, aumentando assim o risco de disseminação do vírus.
Quando for ao supermercado devo usar luvas?
As luvas, tal como as máscaras, se utilizadas inadequadamente podem facilitar a transmissão do vírus. Dão uma falsa sensação de segurança, e resultam em oportunidades perdidas para a higiene das mãos, a melhor forma de eliminar o vírus. Se decidir usá-las, deve ser estar atento aos objetos em que toca, evitar tocar na cara, e lavar as mãos antes e depois da utilização.
Posso fazer o teste para saber se estou infectado?
Todos os casos suspeitos de infeção pelo novo coronavírus devem ser submetidos a diagnóstico laboratorial. São considerados casos suspeitos de COVID-19 todas as pessoas que desenvolvam um quadro respiratório agudo de: tosse (persistente ou agravamento da tosse habitual), febre (temperatura ≥ 38ºC), ou dificuldade respiratória. Nesta situação, deverá contactar-se a Linha SNS 24 (808 24 24 24) ou outras linhas telefónicas criadas especificamente para o efeito, pelas Administrações Regionais de Saúde. A decisão da realização do teste só é válida após a avaliação clínica dos profissionais de saúde que estão habilitados para a fazer.
A realização de testes de deteção viral permite identificar quem está infetado para que possa cumprir o isolamento e reduzir a transmissão. A sua limitação está relacionada com a necessidade de repetição, uma vez que o indivíduo testado com um resultado negativo poderá vir a ser contagiado posteriormente, e, consequente, transmitir a doença. Infelizmente, ainda não é possível a sua realização ao ritmo que seria desejável, mas esforços estão a ser feitos para que se façam em maior número.
Estão a ser desenvolvidos testes serológicos, para verificar se a pessoa tem anticorpos específicos contra o vírus. Torna, portanto, possível identificar se tem imunidade, o que quer dizer que já contraiu a infeção, e não constituirá perigo para a saúde pública.
A medicação que tomo habitualmente está a acabar, o que devo fazer?
Pode contactar o Centro de Saúde para que lhe seja enviado receituário para o seu telemóvel, caso necessite. Foi recentemente publicada uma portaria que vem estabelecer medidas adicionais, transitórias, que irão facilitar o acesso dos utentes aos medicamentos. As prescrições eletrónicas renováveis (validade de 6 meses), emitidas nos últimos 6 meses, consideram-se automaticamente renováveis, por igual período, sem necessidade de intervenção do médico prescritor. O que está previsto é que o utente receberá uma SMS com os dados da nova receita emitida, com base nos mesmos dados da receita que lhe deu origem (mas terá uma numeração e códigos de acesso/direito de opção novos). Trata-se de um processo que ainda está a ser implementado e que depende da actualização dos sistemas informáticos pelo Ministério da Saúde.
Se tiver de recorrer a uma farmácia, siga estes conselhos:
- Evite deslocar-se com muita frequência à farmácia;
- Opte por encomendar antecipadamente aquilo de que precisa, de forma a espaçar as visitas;
- Quando tiver de ir, limite a sua permanência ao mínimo indispensável e mantenha uma distância de segurança em relação às restantes pessoas;
- Se tiver mais de 65 anos ou outras doenças, peça a um familiar ou amigo para ir à farmácia por si ou solicite entrega ao domicílio.